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Donald Trump — acredite ou não, presidente dos Estados Unidos (ainda custamos a acreditar) — assinou o decreto que institui tarifa de 25% sobre as importações de aço de outros países. Se pudermos discernir uma ideia por trás de seu discurso errático e seus tuítes, o objetivo dessa medida é proteger empregos no setor siderúrgico, que estariam desaparecendo devido à competição internacional.

Existem vários problemas com essa medida.

Em primeiro lugar, não é apenas por causa do comércio internacional que os empregos no setor siderúrgico estariam desaparecendo, mas sim, em grande parte, devido a ganhos de produtividade. Quando um setor da economia obtém ganhos de produtividade, pode produzir mais com menos pessoas. Em uma economia pequena e aberta, ganhos de produtividade muitas vezes se traduzem em maior produção e exportação e não necessariamente em reduções de emprego. Mas em uma economia grande como a americana, a tendência é que ganhos de produtividade causem transferência da mão de obra para outros setores. Então o encolhimento do emprego no setor siderúrgico pode ser um sintoma de força e não de fraqueza da economia.

Em segundo lugar, as tarifas sobre o aço importado funcionam como uma proteção que permite às empresas produtoras de aço nos Estados Unidos cobrar mais sobre seus produtos. Assim, aumentam-se os lucros de seus acionistas e a demanda por trabalhadores siderúrgicos. É bem provável que haja uma elevação no emprego nessa indústria; porém, ao mesmo tempo, o aço mais caro vai elevar o preço dos automóveis e de todos os outros produtos americanos que dependem do material. E o aço é insumo de várias indústrias, da aeronáutica até a construção civil. Muitas dessas indústrias exportam ou competem com empresas estrangeiras, portanto devem perder competitividade e gerar menos empregos do que aqueles ganhos pela indústria siderúrgica.

Esse problema pode ser ainda pior se o resto do mundo responder à altura. É a chamada “guerra comercial”. Se tarifas aumentarem no resto do mundo, outros setores da economia americana podem sofrer.

Mas o que temos com isso?

Temos muito a perder. O Brasil é o segundo mais importante exportador de aço para os Estados Unidos (o primeiro é o Canadá). Um pouco menos que metade de nossas exportações de aço destinam-se ao mercado americano. Com as tarifas, espera-se que exportemos menos e a um preço menor.

O que podemos fazer?

Podemos litigar nos fóruns internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), e usar medidas pontuais punitivas. E torcer para que o Congresso Americano tenha mais bom senso que o homem de cabelo laranja e derrube as medidas protecionistas. Resta, ainda, negociar com o governo de Trump para que o Brasil escape da nova tributação. Por ora, apenas México e Canadá terão tratamento diferenciado.

 

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Como as tarifas à importação de Trump afetam o Brasil?

73736576 - trump illustration in american flag Donald Trump — acredite ou não, presidente dos Estados Unidos (ainda custamos a acreditar) — assinou o decreto que institui tarifa de 25% sobre as importações de aço de outros países. Se pudermos discernir uma ideia por trás de seu discurso errático e seus tuítes, o objetivo dessa medida é proteger empregos no setor siderúrgico, que estariam desaparecendo devido à competição internacional. Existem vários problemas com essa medida. Em primeiro lugar, não é apenas por causa do comércio internacional que os empregos no setor siderúrgico estariam desaparecendo, mas sim, em grande parte, devido a ganhos de produtividade. Quando um setor da economia obtém ganhos de produtividade, pode produzir mais com menos pessoas. Em uma economia pequena e aberta, ganhos de produtividade muitas vezes se traduzem em maior produção e exportação e não necessariamente em reduções de emprego. Mas em uma economia grande como a americana, a tendência é que ganhos de produtividade causem transferência da mão de obra para outros setores. Então o encolhimento do emprego no setor siderúrgico pode ser um sintoma de força e não de fraqueza da economia. Em segundo lugar, as tarifas sobre o aço importado funcionam como uma proteção que permite às empresas produtoras de aço nos Estados Unidos cobrar mais sobre seus produtos. Assim, aumentam-se os lucros de seus acionistas e a demanda por trabalhadores siderúrgicos. É bem provável que haja uma elevação no emprego nessa indústria; porém, ao mesmo tempo, o aço mais caro vai elevar o preço dos automóveis e de todos os outros produtos americanos que dependem do material. E o aço é insumo de várias indústrias, da aeronáutica até a construção civil. Muitas dessas indústrias exportam ou competem com empresas estrangeiras, portanto devem perder competitividade e gerar menos empregos do que aqueles ganhos pela indústria siderúrgica. Esse problema pode ser ainda pior se o resto do mundo responder à altura. É a chamada “guerra comercial”. Se tarifas aumentarem no resto do mundo, outros setores da economia americana podem sofrer. Mas o que temos com isso? Temos muito a perder. O Brasil é o segundo mais importante exportador de aço para os Estados Unidos (o primeiro é o Canadá). Um pouco menos que metade de nossas exportações de aço destinam-se ao mercado americano. Com as tarifas, espera-se que exportemos menos e a um preço menor. O que podemos fazer? Podemos litigar nos fóruns internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), e usar medidas pontuais punitivas. E torcer para que o Congresso Americano tenha mais bom senso que o homem de cabelo laranja e derrube as medidas protecionistas. Resta, ainda, negociar com o governo de Trump para que o Brasil escape da nova tributação. Por ora, apenas México e Canadá terão tratamento diferenciado.   Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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