Uma plataforma que vai te ajudar a entender um pouco mais de economia.

Esta é a proposta defendida pelo brilhante macroeconomista Ken Rogoff, de Harvard, no seu último livro, "The curse of cash": extinguir, ao longo das próximas décadas, o papel-moeda.

Distopia? Na sua versão mais radical, diria que sim. Muitos países não teriam hoje capacidade e recursos para ajustar seus sistemas de meio de pagamentos de forma a funcionar 100% na base do dinheiro virtual. Mesmo nos Estados Unidos, cerca de 18% da população não usa serviços bancários!

Mas Rogoff insiste num processo gradual e enfatiza a necessidade de darmos cabo das notas de valor elevado – como as de 50 e 100 dólares, no caso dos Estados Unidos. A ideia é que elas servem basicamente a propósitos pouco abonadores: evasão fiscal, lavagem de dinheiro, facilitar transações criminosas.

Dinheiro não deixa pistas, é anônimo, não precisa circular por dentro do sistema... ideal para uso por parte de corruptos e criminosos de modo geral.

Vejam só vocês: usando métodos estatísticos engenhosos e também pesquisas de rua, os economistas conseguem ter uma ideia de quanto das notas de 100 dólares estão nas mãos de pessoas residentes nos Estados Unidos. É algo na casa dos 8% ! Você leu certo: 92% das notas de 100 dólares emitidas pelo Banco Central têm paradeiro desconhecido!

Onde você acha que essas notas se encontram? Pois é, nas cuecas, calcinhas e cofrinhos de muita gente que não quer depositar esse dinheiro no sistema bancário.

Dinheiro vivo facilita muito o mercado do crime – tráfico de drogas, tráfico humano, peças de arte roubadas, Caixa 2 de campanha eleitoral, roubo do erário em licitações etc.... Isso sem falar na evasão fiscal, que é quase impossível se os fluxos de dinheiro são traçados com base nos dados de movimentação bancária.

Claro que acabar com notas de 100 nos Estados Unidos ou no Brasil não vai exterminar a criminalidade. Mas diminuir a liquidez nesses mercados ilegais seguramente ajuda o combate à corrupção e ao crime organizado. Os custos para a sociedade são mínimos, dado que a imensa maioria de transações de alto valor realizadas por cidadãos de bem não envolve dinheiro vivo.

Andar por aí com 1 milhão de reais em notas de 100 é relativamente fácil, mas carregar esse montante em notas de 10 na cueca ou na calcinha é bem mais complicado. Melhor ainda, como quer Rogoff, seria extinguir até mesmo as notas de 10, substituindo-as por MOEDAS. Sim, e moedas um pouco mais pesadas que as atuais. Pesadas na seguinte medida: carregar 15 moedas de 10 reais na carteira precisa ser algo mais ou menos tranquilo, mas carregar 100 delas -- seja na carteira, seja na cueca –seria bem mais difícil.

E a proposta do professor de Harvard vem com um bônus: menor transmissão de vírus e bactérias por aí. Ponha sua notinha de 50 no microscópio que você vai ver do que estou falando.

E se o dinheiro de papel deixasse de existir?

Esta é a proposta defendida pelo brilhante macroeconomista Ken Rogoff, de Harvard, no seu último livro, "The curse of cash": extinguir, ao longo das próximas décadas, o papel-moeda. Distopia? Na sua versão mais radical, diria que sim. Muitos países não teriam hoje capacidade e recursos para ajustar seus sistemas de meio de pagamentos de forma a funcionar 100% na base do dinheiro virtual. Mesmo nos Estados Unidos, cerca de 18% da população não usa serviços bancários! Mas Rogoff insiste num processo gradual e enfatiza a necessidade de darmos cabo das notas de valor elevado – como as de 50 e 100 dólares, no caso dos Estados Unidos. A ideia é que elas servem basicamente a propósitos pouco abonadores: evasão fiscal, lavagem de dinheiro, facilitar transações criminosas. Dinheiro não deixa pistas, é anônimo, não precisa circular por dentro do sistema... ideal para uso por parte de corruptos e criminosos de modo geral. Vejam só vocês: usando métodos estatísticos engenhosos e também pesquisas de rua, os economistas conseguem ter uma ideia de quanto das notas de 100 dólares estão nas mãos de pessoas residentes nos Estados Unidos. É algo na casa dos 8% ! Você leu certo: 92% das notas de 100 dólares emitidas pelo Banco Central têm paradeiro desconhecido! Onde você acha que essas notas se encontram? Pois é, nas cuecas, calcinhas e cofrinhos de muita gente que não quer depositar esse dinheiro no sistema bancário. Dinheiro vivo facilita muito o mercado do crime – tráfico de drogas, tráfico humano, peças de arte roubadas, Caixa 2 de campanha eleitoral, roubo do erário em licitações etc.... Isso sem falar na evasão fiscal, que é quase impossível se os fluxos de dinheiro são traçados com base nos dados de movimentação bancária. Claro que acabar com notas de 100 nos Estados Unidos ou no Brasil não vai exterminar a criminalidade. Mas diminuir a liquidez nesses mercados ilegais seguramente ajuda o combate à corrupção e ao crime organizado. Os custos para a sociedade são mínimos, dado que a imensa maioria de transações de alto valor realizadas por cidadãos de bem não envolve dinheiro vivo. Andar por aí com 1 milhão de reais em notas de 100 é relativamente fácil, mas carregar esse montante em notas de 10 na cueca ou na calcinha é bem mais complicado. Melhor ainda, como quer Rogoff, seria extinguir até mesmo as notas de 10, substituindo-as por MOEDAS. Sim, e moedas um pouco mais pesadas que as atuais. Pesadas na seguinte medida: carregar 15 moedas de 10 reais na carteira precisa ser algo mais ou menos tranquilo, mas carregar 100 delas -- seja na carteira, seja na cueca –seria bem mais difícil. E a proposta do professor de Harvard vem com um bônus: menor transmissão de vírus e bactérias por aí. Ponha sua notinha de 50 no microscópio que você vai ver do que estou falando.
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