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Quando era pequeno e queria um brinquedo caro, minha mãe me dizia:

– Não temos um pé de dinheiro no quintal de casa!

Essa ideia é preciosa. Ilustra não só dilemas em relação ao orçamento familiar. Fala também sobre as finanças do governo. Há, no entanto, uma diferença fundamental entre nossas famílias e o governo: ele, ao contrário de nós, tem, sim, uma árvore de dinheiro em seu quintal.

Se meus pais me dessem um autorama (custava uma fortuna na década de 1980!), precisariam apertar nosso orçamento. Ou meus pais teriam de trabalhar mais ou precisariam tirar algum da poupança. Ou, caso a grana da poupança estivesse rala, teriam de pegar um empréstimo. E, no futuro, precisariam arrumar mais dinheiro para pagar esse empréstimo.

Em maior escala, o governo vive dilema parecido. Para financiar seus gastos, cobra impostos da população. Mas gasta mais do que arrecada e se endivida. Nessas condições, no futuro, terá de cobrar mais impostos e/ou reduzir seus gastos.

Só que o governo, ao contrário das famílias brasileiras, tem, sim, outra fonte de receitas: ele pode muito bem imprimir dinheiro para pagar por todos os seus numerosos gastos. Parece uma ideia genial, não é? Resolve-se o problema da falta de recursos sem que a população pague mais impostos.

“Genial”? Não, não. É aí que mora o perigo.

O ato de imprimir moeda não faz com que a capacidade produtiva seja aumentada. Essa escolha não mexe na capacidade produtiva da economia; não cria novas estradas e pontes; não aumenta a quantidade de máquinas; e mantém inalterada a qualidade educacional da população. Além disso, a quantidade de bens e serviços que a economia poderia produzir também não cresce.

Bom, com mais grana impressa pelo governo, as pessoas teriam, obviamente, mais dinheiro para gastar. E, assim, poderiam comprar mais coisas. Em outras palavras, a quantidade de bens que a economia produz (oferta) não mudaria, mas a demanda por esses bens cresceria.

Mas quando temos a demanda maior que a oferta... O que acontece mesmo? É isso aí: os preços sobem.

Acelerar o ritmo de impressão de moeda nova é o mesmo que acelerar o ritmo de alta dos preços. Esse movimento de crescimento de preços é a famosa e temida taxa de inflação.

Então quer dizer que se o governo imprimir mais moeda a taxa de inflação sobe? Sim. E o Brasil está perigosamente se aproximando dessa encruzilhada ingrata.

O governo gasta bem mais do que arrecada. Nossa dívida pública está crescendo a passos largos. Uma dívida elevada é custosa, por causa dos juros que o governo precisa pagar. E quão maior ela seja, maior será a tentação do governo de não pagar seus credores. Logo, a dívida pública se torna um investimento arriscado pelo ponto de vista de seus credores.

Esse processo cria dificuldades para o governo se financiar. E esse risco mais alto afugenta alguns investidores. Outros ainda passam a exigir taxas de juros mais altas para continuar financiando nosso governo.

A cada dia, as opções para o financiamento do governo brasileiro se tornam mais limitadas. Para piorar, está difícil de sair o ajuste fiscal. Se continuar assim, pode chegar o dia em que não restará outra escolha senão imprimir mais dinheiro – o que trará a conta salgada de uma inflação ainda mais alta.

Por isso o ajuste fiscal é tão importante. Garante que o governo não precise recorrer ao seu pé de dinheiro para financiar seus gastos. E, de quebra, ainda espanta de vez o risco de inflação nas alturas.

Por que imprimir dinheiro custa caro?

Quando era pequeno e queria um brinquedo caro, minha mãe me dizia: – Não temos um pé de dinheiro no quintal de casa! Essa ideia é preciosa. Ilustra não só dilemas em relação ao orçamento familiar. Fala também sobre as finanças do governo. Há, no entanto, uma diferença fundamental entre nossas famílias e o governo: ele, ao contrário de nós, tem, sim, uma árvore de dinheiro em seu quintal. Se meus pais me dessem um autorama (custava uma fortuna na década de 1980!), precisariam apertar nosso orçamento. Ou meus pais teriam de trabalhar mais ou precisariam tirar algum da poupança. Ou, caso a grana da poupança estivesse rala, teriam de pegar um empréstimo. E, no futuro, precisariam arrumar mais dinheiro para pagar esse empréstimo. Em maior escala, o governo vive dilema parecido. Para financiar seus gastos, cobra impostos da população. Mas gasta mais do que arrecada e se endivida. Nessas condições, no futuro, terá de cobrar mais impostos e/ou reduzir seus gastos. Só que o governo, ao contrário das famílias brasileiras, tem, sim, outra fonte de receitas: ele pode muito bem imprimir dinheiro para pagar por todos os seus numerosos gastos. Parece uma ideia genial, não é? Resolve-se o problema da falta de recursos sem que a população pague mais impostos. “Genial”? Não, não. É aí que mora o perigo. O ato de imprimir moeda não faz com que a capacidade produtiva seja aumentada. Essa escolha não mexe na capacidade produtiva da economia; não cria novas estradas e pontes; não aumenta a quantidade de máquinas; e mantém inalterada a qualidade educacional da população. Além disso, a quantidade de bens e serviços que a economia poderia produzir também não cresce. Bom, com mais grana impressa pelo governo, as pessoas teriam, obviamente, mais dinheiro para gastar. E, assim, poderiam comprar mais coisas. Em outras palavras, a quantidade de bens que a economia produz (oferta) não mudaria, mas a demanda por esses bens cresceria. Mas quando temos a demanda maior que a oferta... O que acontece mesmo? É isso aí: os preços sobem. Acelerar o ritmo de impressão de moeda nova é o mesmo que acelerar o ritmo de alta dos preços. Esse movimento de crescimento de preços é a famosa e temida taxa de inflação. Então quer dizer que se o governo imprimir mais moeda a taxa de inflação sobe? Sim. E o Brasil está perigosamente se aproximando dessa encruzilhada ingrata. O governo gasta bem mais do que arrecada. Nossa dívida pública está crescendo a passos largos. Uma dívida elevada é custosa, por causa dos juros que o governo precisa pagar. E quão maior ela seja, maior será a tentação do governo de não pagar seus credores. Logo, a dívida pública se torna um investimento arriscado pelo ponto de vista de seus credores. Esse processo cria dificuldades para o governo se financiar. E esse risco mais alto afugenta alguns investidores. Outros ainda passam a exigir taxas de juros mais altas para continuar financiando nosso governo. A cada dia, as opções para o financiamento do governo brasileiro se tornam mais limitadas. Para piorar, está difícil de sair o ajuste fiscal. Se continuar assim, pode chegar o dia em que não restará outra escolha senão imprimir mais dinheiro – o que trará a conta salgada de uma inflação ainda mais alta. Por isso o ajuste fiscal é tão importante. Garante que o governo não precise recorrer ao seu pé de dinheiro para financiar seus gastos. E, de quebra, ainda espanta de vez o risco de inflação nas alturas.
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