Uma plataforma que vai te ajudar a entender um pouco mais de economia.

A presidente Dilma disse ao Globo que “talvez” tenha errado ao medir o tamanho da crise. Reconheceu que “talvez” as correções deveriam ter começado já em 2014. Finalmente, é uma admissão sobre erros da política econômica de seu primeiro mandato – ainda que, "talvez", tenha feito isso timidamente.

O problema é: não sabemos o que se passa de fato na cabeça da presidente. Muito menos qual o seu projeto para o país. Mas temos duas possibilidades, amigas e amigos:

Dilma A: Ela se convenceu de que a tal "nova matriz econômica" que pautou seu primeiro governo foi um grande tiro n‘água. Depois de tomar jeito, resolveu tomar também as medidas de ajuste que acredita serem corretas.

Dilma B: Ela ainda acredita na "nova matriz". Para a presidente, o ajuste é algo inevitável no curto prazo por causa do cenário internacional e da questão das contas públicas brasileiras. Mas, assim que houver uma folga, retomará a política fiscal irresponsável, o descuido com a inflação, o represamento dos preços administrados e por aí vai...

dilma A e B

No cenário “Dilma A”, o ajuste é menos custoso, minha gente.

Por quê?

Diante das características da "Dilma A", consumidores e produtores entendem que o governo está comprometido com a inflação baixa e começam a diminuir suas expectativas de inflação futura. Ou seja, no cenário "Dilma A", todos esperamos, para breve, um ritmo mais baixo de aumento dos preços. E, como consequência, os reajustes passarão a ser menores! Se for assim mesmo, aleluia: o Banco Central não vai precisar mais subir tanto os juros (e sufocar a já ofegante atividade econômica) para empurrar a inflação para baixo.

Além disso, “Dilma A” significa garantia do grau de investimento, senhoras e senhores. Sim, favorece reformas geradoras de maior produtividade, como a redução da burocracia. Em outras palavras, o futuro próximo parece ser promissor para quem quer investir e colher frutos lá na frente. Trata-se de um empurrão quase imediato no investimento, o que reduz os custos do ajuste fiscal em curso.

Mas e no cenário “Dilma B”?

Bem, nesse caso, as expectativas de inflação continuam altas. Baixar o ritmo médio dos preços depende de juros mais altos. O futuro incerto desestimula investimentos. E os anos de ajuste, portanto, serão penosos.

Qual o problema de tudo isso?

Não sabemos ao certo qual das duas Dilmas é a verdadeira, se a "A" ou a "B". Nos resta, somente, colocarmos alguma probabilidade em cada um desses cenários.

A presidente não vem a público e assume de uma vez o ajuste como iniciativa sua (e não reconhece que a política econômica passada foi uma coleção de equívocos). Logo, a "Dilma B" continua bastante viva na cabeça das pessoas.

Dessa forma, o prognóstico de futuro turbulento tende a ser confirmado: as expectativas de inflação não devem melhorar rapidamente e os juros ficam lá no alto. E o investimento? Não voltará tão cedo. E aí? E aí que a atividade patina, amigas e amigos, e a economia demora mais tempo para se recuperar.

Presidente Dilma, caríssima, por favor, caso esteja lendo estas mal traçadas linhas, preste bastante atenção: Vossa Excelência faria grande serviço ao país se viesse a público reconhecer, de maneira clara, o fracasso de suas antigas políticas. Essa história de colocar culpa na economia internacional não cola mais. Na verdade, nunca colou.

A presidente precisa assumir o ajuste como política dela. Do modo como distribui as cartas na mesa, todo o ajuste parece ter saído da cachola do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Mas, ora, pois, não foi ela quem escolheu o menino Levy? Eu que não fui...

E mais: se a “Dilma A” falasse mais alto que a "B", seus índices de aprovação poderiam até melhorar – sinceramente, não tem muita margem para piorar, né? Ela vestiria as sandálias da humildade e assinaria atestado de quem aprende com os erros. Deixaria de lado, de uma vez por todas, essa imagem de figura ideológica que prefere morrer abraçada a um projeto fracassado.

O posicionamento firme de "Dilma A" ajudaria, de quebra, a aliviar a pressão por sua saída. Enquanto ela não largar mão do “talvez”, as coisas não vão melhorar. Ou, “talvez”, ela seja de fato a “Dilma B” mesmo... Ou não?

O ponto é: do jeito que está, as pessoas parecem ver em Dilma a versão "B", não a "A". Sem transparência e firmeza em suas palavras, fica difícil saber quem é a presidente.

Mas oremos, moças e rapazes, seja ela "A" ou "B". Oremos por todos nós.

Por que Dilma (talvez) admitiu seus erros?

A presidente Dilma disse ao Globo que “talvez” tenha errado ao medir o tamanho da crise. Reconheceu que “talvez” as correções deveriam ter começado já em 2014. Finalmente, é uma admissão sobre erros da política econômica de seu primeiro mandato – ainda que, "talvez", tenha feito isso timidamente. O problema é: não sabemos o que se passa de fato na cabeça da presidente. Muito menos qual o seu projeto para o país. Mas temos duas possibilidades, amigas e amigos: Dilma A: Ela se convenceu de que a tal "nova matriz econômica" que pautou seu primeiro governo foi um grande tiro n‘água. Depois de tomar jeito, resolveu tomar também as medidas de ajuste que acredita serem corretas. Dilma B: Ela ainda acredita na "nova matriz". Para a presidente, o ajuste é algo inevitável no curto prazo por causa do cenário internacional e da questão das contas públicas brasileiras. Mas, assim que houver uma folga, retomará a política fiscal irresponsável, o descuido com a inflação, o represamento dos preços administrados e por aí vai... dilma A e B No cenário “Dilma A”, o ajuste é menos custoso, minha gente. Por quê? Diante das características da "Dilma A", consumidores e produtores entendem que o governo está comprometido com a inflação baixa e começam a diminuir suas expectativas de inflação futura. Ou seja, no cenário "Dilma A", todos esperamos, para breve, um ritmo mais baixo de aumento dos preços. E, como consequência, os reajustes passarão a ser menores! Se for assim mesmo, aleluia: o Banco Central não vai precisar mais subir tanto os juros (e sufocar a já ofegante atividade econômica) para empurrar a inflação para baixo. Além disso, “Dilma A” significa garantia do grau de investimento, senhoras e senhores. Sim, favorece reformas geradoras de maior produtividade, como a redução da burocracia. Em outras palavras, o futuro próximo parece ser promissor para quem quer investir e colher frutos lá na frente. Trata-se de um empurrão quase imediato no investimento, o que reduz os custos do ajuste fiscal em curso. Mas e no cenário “Dilma B”? Bem, nesse caso, as expectativas de inflação continuam altas. Baixar o ritmo médio dos preços depende de juros mais altos. O futuro incerto desestimula investimentos. E os anos de ajuste, portanto, serão penosos. Qual o problema de tudo isso? Não sabemos ao certo qual das duas Dilmas é a verdadeira, se a "A" ou a "B". Nos resta, somente, colocarmos alguma probabilidade em cada um desses cenários. A presidente não vem a público e assume de uma vez o ajuste como iniciativa sua (e não reconhece que a política econômica passada foi uma coleção de equívocos). Logo, a "Dilma B" continua bastante viva na cabeça das pessoas. Dessa forma, o prognóstico de futuro turbulento tende a ser confirmado: as expectativas de inflação não devem melhorar rapidamente e os juros ficam lá no alto. E o investimento? Não voltará tão cedo. E aí? E aí que a atividade patina, amigas e amigos, e a economia demora mais tempo para se recuperar. Presidente Dilma, caríssima, por favor, caso esteja lendo estas mal traçadas linhas, preste bastante atenção: Vossa Excelência faria grande serviço ao país se viesse a público reconhecer, de maneira clara, o fracasso de suas antigas políticas. Essa história de colocar culpa na economia internacional não cola mais. Na verdade, nunca colou. A presidente precisa assumir o ajuste como política dela. Do modo como distribui as cartas na mesa, todo o ajuste parece ter saído da cachola do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Mas, ora, pois, não foi ela quem escolheu o menino Levy? Eu que não fui... E mais: se a “Dilma A” falasse mais alto que a "B", seus índices de aprovação poderiam até melhorar – sinceramente, não tem muita margem para piorar, né? Ela vestiria as sandálias da humildade e assinaria atestado de quem aprende com os erros. Deixaria de lado, de uma vez por todas, essa imagem de figura ideológica que prefere morrer abraçada a um projeto fracassado. O posicionamento firme de "Dilma A" ajudaria, de quebra, a aliviar a pressão por sua saída. Enquanto ela não largar mão do “talvez”, as coisas não vão melhorar. Ou, “talvez”, ela seja de fato a “Dilma B” mesmo... Ou não? O ponto é: do jeito que está, as pessoas parecem ver em Dilma a versão "B", não a "A". Sem transparência e firmeza em suas palavras, fica difícil saber quem é a presidente. Mas oremos, moças e rapazes, seja ela "A" ou "B". Oremos por todos nós.
Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?clique aqui e assine a nossa Newsletter.

Siga a gente no Facebook e Twitter!
Inscreva-se no nosso canal no YouTube!
Curta as nossas fotos no Instagram!

O que você achou desse texto?

*Não é necessário cadastro.

Avaliação de quem leu:

Tags do post:

Política Econômica
Avalie esse texto Não é necessário cadastro

A plataforma Por Quê?Economês em bom português nasceu em 2015, com o objetivo de explicar conceitos básicos de economia e tornar o noticiário econômico acessível ao público não especializado. Acreditamos que o raciocínio econômico é essencial para a compreensão da realidade que nos cerca.

Iniciativa

Bei editora
Usamos cookies por vários motivos, como manter o site do PQ? confiável ​​e seguro, personalizar conteúdo e anúncios,
fornecer recursos de mídia social e analisar como o site é usado. Para maiores informações veja nossa Política de Privacidade.