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Estamos em recessão, pelo menos desde a metade do ano passado. O diagnóstico foi confirmado na divulgação do resultado do PIB do Brasil do segundo trimestre. A queda da atividade econômica foi de 1,9% com relação ao trimestre anterior (menor resultado desde 2009); e de 2,6% com relação ao segundo trimestre de 2014.



A queda foi generalizada. Na comparação com o trimestre anterior, a agropecuária caiu 2,7%, a indústria afundou 4,3% e os serviços caíram 0,7%. Pela ótica da demanda, o consumo das famílias caiu 2,1% e o investimento caiu 8,1%. O consumo do governo cresceu 0,7%.

Vários fatores se aliam para jogar nossa economia para baixo:

Primeiro, estamos sofrendo com o recuo no preço das commodities, que reduz a lucratividade de nossas exportações.

Segundo, as investigações de corrupção envolvendo empresas controladas pelo governo têm freado o investimento. Diretamente, por nocautear algumas das maiores construtoras do país. Indiretamente, por colocar em xeque o sistema corrupto de alocação de contratos governamentais.

Terceiro, tomamos um choque de tarifas histórico. Por um lado, isso aconteceu por causa do aumento de custos na geração de energia elétrica relacionado à falta de chuvas. Por outro, devido à recomposição de tarifas que estavam artificialmente congeladas.

Quarto, estamos no início de um processo de reestruturação de nossa capacidade produtiva. As commodities – ou o pré-sal, que, com o petróleo a 40 dólares, deve gerar uma margem de lucro ínfima – não vão ser o motor do crescimento. Mas a indústria ainda não se beneficiou da elevação do poder de competitividade causado pela alta do dólar.

Quinto, as famílias, já desde 2014, têm identificado dificuldades em se obter emprego. Endividadas depois de um boom de crédito, têm sido forçadas a serem mais cautelosas, por medo de perder renda e para repagar suas dívidas.

Sexto, a herança de inflação acima da meta – devido a uma política de aumentos do salário mínimo acima da produtividade, tarifaço e descontrole fiscal – requer que a política monetária seja restritiva. Afinal, não queremos inflação de dois dígitos.

E, finalmente, o sétimo motivo: apanhamos devido à incerteza fiscal. Vários anos de irresponsabilidade geraram uma explosão da dívida que, eventualmente, terá de ser contida com mais impostos (vide a discussão sobre a volta da CPMF), corte nos gastos públicos ou inflação.

Enquanto não temos uma visão clara dos rumos do país – sim, ainda não temos rumo, por ora – fica difícil criar coragem para investir.

Por que o PIB do Brasil está encolhendo?

Estamos em recessão, pelo menos desde a metade do ano passado. O diagnóstico foi confirmado na divulgação do resultado do PIB do Brasil do segundo trimestre. A queda da atividade econômica foi de 1,9% com relação ao trimestre anterior (menor resultado desde 2009); e de 2,6% com relação ao segundo trimestre de 2014. A queda foi generalizada. Na comparação com o trimestre anterior, a agropecuária caiu 2,7%, a indústria afundou 4,3% e os serviços caíram 0,7%. Pela ótica da demanda, o consumo das famílias caiu 2,1% e o investimento caiu 8,1%. O consumo do governo cresceu 0,7%. Vários fatores se aliam para jogar nossa economia para baixo: Primeiro, estamos sofrendo com o recuo no preço das commodities, que reduz a lucratividade de nossas exportações. Segundo, as investigações de corrupção envolvendo empresas controladas pelo governo têm freado o investimento. Diretamente, por nocautear algumas das maiores construtoras do país. Indiretamente, por colocar em xeque o sistema corrupto de alocação de contratos governamentais. Terceiro, tomamos um choque de tarifas histórico. Por um lado, isso aconteceu por causa do aumento de custos na geração de energia elétrica relacionado à falta de chuvas. Por outro, devido à recomposição de tarifas que estavam artificialmente congeladas. Quarto, estamos no início de um processo de reestruturação de nossa capacidade produtiva. As commodities – ou o pré-sal, que, com o petróleo a 40 dólares, deve gerar uma margem de lucro ínfima – não vão ser o motor do crescimento. Mas a indústria ainda não se beneficiou da elevação do poder de competitividade causado pela alta do dólar. Quinto, as famílias, já desde 2014, têm identificado dificuldades em se obter emprego. Endividadas depois de um boom de crédito, têm sido forçadas a serem mais cautelosas, por medo de perder renda e para repagar suas dívidas. Sexto, a herança de inflação acima da meta – devido a uma política de aumentos do salário mínimo acima da produtividade, tarifaço e descontrole fiscal – requer que a política monetária seja restritiva. Afinal, não queremos inflação de dois dígitos. E, finalmente, o sétimo motivo: apanhamos devido à incerteza fiscal. Vários anos de irresponsabilidade geraram uma explosão da dívida que, eventualmente, terá de ser contida com mais impostos (vide a discussão sobre a volta da CPMF), corte nos gastos públicos ou inflação. Enquanto não temos uma visão clara dos rumos do país – sim, ainda não temos rumo, por ora – fica difícil criar coragem para investir.
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