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							Em mais um capítulo da série “Por que não aprendemos nada com os erros do passado?”, o governo brasileiro vem nas últimas semanas anunciando a determinação de retomar a construção de navios em solo nacional. É difícil entender por que um governo que venceu as eleições com a promessa de ajudar os mais pobres insista em políticas públicas que fazem justamente o oposto.

Para deixar claro desde o início, nada temos contra a produção de navios! Ou de meias, armários, fogões, computadores, canetas, tratores, feijão, livros, ou quase qualquer coisa em território nacional. Somos contra apenas que o governo se envolva em produzir ele mesmo, sob o tosco argumento de que tal e tal setor são estratégicos. Se o setor privado for eficiente para produzir navios sem que nossos impostos precisem ser elevados para financiar a empreitada (se o governo dá um subsídio, ele está elevando seus gastos e para isso precisará taxar mais), ou sem que o governo precise impor a compra de navios produzidos domesticamente a ninguém, ótimo. Que venham os navios.

Em 2016/2017, uma Petrobras inchada e endividada de excessos do passado entrou em crise e reduziu a compra de navios, afetando adversamente a demanda por embarcações fabricadas no país. Muitos dizem que isso levou ao colapso o pujante parque naval brasileiro. Pergunta aos navegantes: dado que o mundo não estava atravessando um período recessivo em 2016, por que os produtores domésticos de um bem que é essencialmente comercializável ficaram à mingua quando a Petrobras cortou investimentos? Porque eles vendiam essencialmente para a Petrobras. Ou, para deixar mais claro: por que apenas a Petrobras comprava esses navios? Acho desnecessário responder o que vocês já intuíram.

O Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), em um artigo publicado em 2022, afirmou: “No Brasil, a opção governamental foi abrir a cabotagem nacional aos operadores estrangeiros e permitir a importação ou o afretamento sem impostos dos navios necessários, que poderiam ser encomendados no país”. Dessa forma, o sindicato ataca uma medida que melhora a vida de toda a sociedade brasileira, barateando o transporte de mercadorias. O contribuinte, já tendo que enfrentar várias batalhas diárias, ainda precisa se defender desse e de outros lobbies. Caberia ao governo protegê-lo. Mas no caso em questão, o governo (não apenas este, outros também) se alia ao lobby, amparado por alguma convicção ou ideologia irracional. Imagine o Por Quê? defendendo a produção local de conteúdo de economia para incentivar os professores brasileiros, como nós. Seria estranho, não? Por que com navios é diferente? Não é.

Por fim, volta-se à conversa sobre geração de empregos. Sempre ela. E os empregos perdidos que ninguém vê? Aqueles que resultam dos impostos mais altos em outros cantos, da perda de eficiência em outros setores? Sem falar que essas políticas facilitam, e muito, a corrupção.

A ver navios é como vamos ficar com essa cegueira toda.

COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE S. PAULO  

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A ver navios…

Em mais um capítulo da série “Por que não aprendemos nada com os erros do passado?”, o governo brasileiro vem nas últimas semanas anunciando a determinação de retomar a construção de navios em solo nacional. É difícil entender por que um governo que venceu as eleições com a promessa de ajudar os mais pobres insista em políticas públicas que fazem justamente o oposto.

Para deixar claro desde o início, nada temos contra a produção de navios! Ou de meias, armários, fogões, computadores, canetas, tratores, feijão, livros, ou quase qualquer coisa em território nacional. Somos contra apenas que o governo se envolva em produzir ele mesmo, sob o tosco argumento de que tal e tal setor são estratégicos. Se o setor privado for eficiente para produzir navios sem que nossos impostos precisem ser elevados para financiar a empreitada (se o governo dá um subsídio, ele está elevando seus gastos e para isso precisará taxar mais), ou sem que o governo precise impor a compra de navios produzidos domesticamente a ninguém, ótimo. Que venham os navios.

Em 2016/2017, uma Petrobras inchada e endividada de excessos do passado entrou em crise e reduziu a compra de navios, afetando adversamente a demanda por embarcações fabricadas no país. Muitos dizem que isso levou ao colapso o pujante parque naval brasileiro. Pergunta aos navegantes: dado que o mundo não estava atravessando um período recessivo em 2016, por que os produtores domésticos de um bem que é essencialmente comercializável ficaram à mingua quando a Petrobras cortou investimentos? Porque eles vendiam essencialmente para a Petrobras. Ou, para deixar mais claro: por que apenas a Petrobras comprava esses navios? Acho desnecessário responder o que vocês já intuíram.

O Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), em um artigo publicado em 2022, afirmou: “No Brasil, a opção governamental foi abrir a cabotagem nacional aos operadores estrangeiros e permitir a importação ou o afretamento sem impostos dos navios necessários, que poderiam ser encomendados no país”. Dessa forma, o sindicato ataca uma medida que melhora a vida de toda a sociedade brasileira, barateando o transporte de mercadorias. O contribuinte, já tendo que enfrentar várias batalhas diárias, ainda precisa se defender desse e de outros lobbies. Caberia ao governo protegê-lo. Mas no caso em questão, o governo (não apenas este, outros também) se alia ao lobby, amparado por alguma convicção ou ideologia irracional. Imagine o Por Quê? defendendo a produção local de conteúdo de economia para incentivar os professores brasileiros, como nós. Seria estranho, não? Por que com navios é diferente? Não é.

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