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Analistas de mercado, instituições internacionais e econometristas estão em plena estação de revisão de crescimento para o ano de 2021. Uns rodam seus sisudos modelos estatístico-matemáticos, outros conversam com mil e um empresários para assim medirem o pulso e a temperatura da economia; alguns fazem um pouco dos dois, outros olham de modo mais informal para indicadores mensais de atividade e expectativas. Por fim, há aqueles que recorrem a métodos mais esotéricos, dos quais temos pouco entendimento para dissertar. O que a grande maioria prevê para este ano, no entanto, é um crescimento porreta da economia norte-americana, na casa dos 5,5%, e uma expansão bem mais moderada da economia brasileira, de 3%. Por que será?
Primeiro, lembremos que o esperado sob condições razoavelmente normais de temperatura e pressão é que economias menos desenvolvidas cresçam mais aceleradamente que as mais ricas. No jargão do economista, enquanto estas precisam empurrar a fronteira tecnológica se quiserem crescer, para aquelas basta (verdade, não é tão simples na prática) encaminhar-se para a tal fronteira, por meio da melhora na alocação dos insumos de capital e trabalho, da adoção de técnicas de gerenciamento consagradas e do maior nível educacional da força de trabalho. 
Mas essa linha de raciocínio vale mais para pensar longos períodos de crescimento, não o ciclo econômico de curto prazo, sempre afetado por diversos tabefes externos e internos que balançam a economia para um lado e para o outro. Um deles foi a pandemia de 2020, que irrompeu fervendo em 2021 e finalmente começa a perder gás na maior parte do mundo (não aqui, entretanto). A crise de saúde global derrubou o PIB mundial em 2020 mais que a crise financeira de 2008/2009. No Brasil, a contração não foi das maiores, mas tampouco foi marola: queda de 4%. Nos Estados Unidos, mais severamente atingidos em 2020 por mortes e número de casos, a queda foi similar: 3,5%. Se a queda foi parecida, por que o crescimento esperado para este ano no grande irmão do norte é aproximadamente o dobro do esperado para Vera Cruz?
Há dois motivos, em nosso entendimento. O primeiro é que nos Estados Unidos o ano de 2021 vai sentir o empurrão de um tsunami fiscal de quase 2 trilhões de dólares, no bojo do chamado Plano Biden. Quando a taxa de juros é muito baixinha, como lá, gastos públicos maiores funcionam como uma tremenda alavanca de curto prazo. A nosso ver, o pacote é grande demais e pode inclusive vir a perturbar o equilíbrio macroeconômico num futuro próximo, mas que ajuda em 2021, isso ajuda. Já no Brasil, não há de fato espaço para tal. A expansão fiscal de 2020 foi tremenda, nossa dívida é muito alta para uma economia em desenvolvimento e a inflação está pondo sua carinha feiosa de fora. O segundo fator, mais crucial, é que os Estados Unidos estão muito à nossa frente na tarefa de retirar do meio do caminho o óbice primário ao crescimento, a razão fundamental por trás de todo nosso sofrimento socioeconômico recente: a pandemia! Estima-se que até fim de maio, toda a população adulta que assim o deseje (sim, há bastante maluco antivax por lá também) terá sido vacinada. Logo, logo o vírus vai circular bem devagar. E mais: ainda que siga circulando, não levará a hospitalizações em massa como no passado recente ou no Brasil de hoje (onde muitas cidades trabalham com mais de 90% da capacidade das UTIs).
Não se ganha a guerra contra a recessão no berro. O isolamento social na sua forma mais extrema, o lockdown, não é a causa do problema como parece pensar o poder Executivo e seus defensores. O lockdown é consequência, ou será mesmo que o presidente e seus três porquinhos pensam que prefeitos e governadores se beneficiam politicamente quando obrigam as pessoas a ficar em casa? A economia só vai acelerar e o desemprego cair com firmeza quando o grosso da população adulta estiver vacinada, como a evidência nos Estados Unidos nos mostra. Já perdemos tempo demais com ideias estapafúrdias e conselhos estúpidos. Use máscara, mantenha distância e pressione os governos de todos os níveis para que a vacina chegue logo no seu braço.  Faça isso para o bem da sua saúde e da economia nacional. 

COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE SÃO PAULO

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As projeções de crescimento

Analistas de mercado, instituições internacionais e econometristas estão em plena estação de revisão de crescimento para o ano de 2021. Uns rodam seus sisudos modelos estatístico-matemáticos, outros conversam com mil e um empresários para assim medirem o pulso e a temperatura da economia; alguns fazem um pouco dos dois, outros olham de modo mais informal para indicadores mensais de atividade e expectativas. Por fim, há aqueles que recorrem a métodos mais esotéricos, dos quais temos pouco entendimento para dissertar. O que a grande maioria prevê para este ano, no entanto, é um crescimento porreta da economia norte-americana, na casa dos 5,5%, e uma expansão bem mais moderada da economia brasileira, de 3%. Por que será?
Primeiro, lembremos que o esperado sob condições razoavelmente normais de temperatura e pressão é que economias menos desenvolvidas cresçam mais aceleradamente que as mais ricas. No jargão do economista, enquanto estas precisam empurrar a fronteira tecnológica se quiserem crescer, para aquelas basta (verdade, não é tão simples na prática) encaminhar-se para a tal fronteira, por meio da melhora na alocação dos insumos de capital e trabalho, da adoção de técnicas de gerenciamento consagradas e do maior nível educacional da força de trabalho. 
Mas essa linha de raciocínio vale mais para pensar longos períodos de crescimento, não o ciclo econômico de curto prazo, sempre afetado por diversos tabefes externos e internos que balançam a economia para um lado e para o outro. Um deles foi a pandemia de 2020, que irrompeu fervendo em 2021 e finalmente começa a perder gás na maior parte do mundo (não aqui, entretanto). A crise de saúde global derrubou o PIB mundial em 2020 mais que a crise financeira de 2008/2009. No Brasil, a contração não foi das maiores, mas tampouco foi marola: queda de 4%. Nos Estados Unidos, mais severamente atingidos em 2020 por mortes e número de casos, a queda foi similar: 3,5%. Se a queda foi parecida, por que o crescimento esperado para este ano no grande irmão do norte é aproximadamente o dobro do esperado para Vera Cruz?
Há dois motivos, em nosso entendimento. O primeiro é que nos Estados Unidos o ano de 2021 vai sentir o empurrão de um tsunami fiscal de quase 2 trilhões de dólares, no bojo do chamado Plano Biden. Quando a taxa de juros é muito baixinha, como lá, gastos públicos maiores funcionam como uma tremenda alavanca de curto prazo. A nosso ver, o pacote é grande demais e pode inclusive vir a perturbar o equilíbrio macroeconômico num futuro próximo, mas que ajuda em 2021, isso ajuda. Já no Brasil, não há de fato espaço para tal. A expansão fiscal de 2020 foi tremenda, nossa dívida é muito alta para uma economia em desenvolvimento e a inflação está pondo sua carinha feiosa de fora. O segundo fator, mais crucial, é que os Estados Unidos estão muito à nossa frente na tarefa de retirar do meio do caminho o óbice primário ao crescimento, a razão fundamental por trás de todo nosso sofrimento socioeconômico recente: a pandemia! Estima-se que até fim de maio, toda a população adulta que assim o deseje (sim, há bastante maluco antivax por lá também) terá sido vacinada. Logo, logo o vírus vai circular bem devagar. E mais: ainda que siga circulando, não levará a hospitalizações em massa como no passado recente ou no Brasil de hoje (onde muitas cidades trabalham com mais de 90% da capacidade das UTIs).
Não se ganha a guerra contra a recessão no berro. O isolamento social na sua forma mais extrema, o lockdown, não é a causa do problema como parece pensar o poder Executivo e seus defensores. O lockdown é consequência, ou será mesmo que o presidente e seus três porquinhos pensam que prefeitos e governadores se beneficiam politicamente quando obrigam as pessoas a ficar em casa? A economia só vai acelerar e o desemprego cair com firmeza quando o grosso da população adulta estiver vacinada, como a evidência nos Estados Unidos nos mostra. Já perdemos tempo demais com ideias estapafúrdias e conselhos estúpidos. Use máscara, mantenha distância e pressione os governos de todos os níveis para que a vacina chegue logo no seu braço.  Faça isso para o bem da sua saúde e da economia nacional. 

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