Uma plataforma que vai te ajudar a entender um pouco mais de economia.

A empresa Yellow trouxe uma ideia sensacional a São Paulo: você localiza uma bicicleta por GPS, destrava usando um código QR pelo próprio celular, e sai pedalando; quando terminar, volta a travar a bike e a deixa em qualquer lugar – para que outra pessoa interessada em pedalar a use. E você paga apenas pelo tempo que a usou – R$1 a cada 15 minutos.

A primeira coisa que me veio à cabeça quando aprendi sobre a Yellow foi: não vai dar certo. Pode funcionar em países desenvolvidos, mas, por aqui, com nosso nível de criminalidade, a incidência de roubos tornaria a operação inviável.



De fato, o Buzzfeed fez uma matéria mostrando fotos com bikes da Yellow (como a imagem reproduzida acima) danificadas e até "depenadas", sugerindo que o Brasil ainda não está preparado para essa inovação - veja aqui. Isso confirmou minha primeira impressão. Mas ela está errada. E um pouco de teoria econômica nos ajuda a entender por quê.

Pense nos custos e benefícios envolvidos na decisão de roubar uma bike. O benefício: o valor auferido pelo ladrão ao vender das peças. Os custos envolvem a eventual punição caso a pessoa seja pega roubando, ponderada pela probabilidade que isso ocorra. Quanto maior o benefício comparado ao custo (por exemplo, porque a probabilidade de punição é baixa), maior será o retorno de roubar bikes, e menor a lucratividade para a empresa. Dependendo do caso, o negócio se torna inviável.

Mas há um aspecto nas bikes da Yellow que pode mudar esse quadro: as peças são específicas para elas. Não servem em outras bicicletas. Isso indica que não haveria muita gente disposta a comprar peças roubadas. O benefício do crime é, então, baixo, o que desestimularia os roubos.

Talvez seja otimismo demais da minha parte. Temos que esperar para ver. Minha esperança é que imagens como as da matéria da Buzzfeed se tornem cada vez mais raras, à medida que os ladrões percebam que as peças roubadas não servem para muita coisa.

Em que a Yellow precisa melhorar?

Há ainda um problema, relatado por vários usuários da Yellow. Algumas pessoas guardam as bikes em locais privados. Por exemplo, um indivíduo vai ao trabalho e deixa a bicicleta em lugar inacessível para voltar com ela para casa posteriormente. Com isso, paga apenas pelo uso nos trajetos, porém impede que outras pessoas utilizem a bicicleta enquanto não está pedalando. Parece-me que abrir a possibilidade que os indivíduos façam denúncias resolveria o problema. Afinal, a ofensa é plenamente verificável: o GPS mostra a bike em determinado local, mas quem quer pegá-la não consegue. Após um determinado número de denúncias, a empresa poderia banir o indivíduo, o que coibiria esse tipo de comportamento.  

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Bikes da Yellow vão dar certo no Brasil?

A empresa Yellow trouxe uma ideia sensacional a São Paulo: você localiza uma bicicleta por GPS, destrava usando um código QR pelo próprio celular, e sai pedalando; quando terminar, volta a travar a bike e a deixa em qualquer lugar – para que outra pessoa interessada em pedalar a use. E você paga apenas pelo tempo que a usou – R$1 a cada 15 minutos. A primeira coisa que me veio à cabeça quando aprendi sobre a Yellow foi: não vai dar certo. Pode funcionar em países desenvolvidos, mas, por aqui, com nosso nível de criminalidade, a incidência de roubos tornaria a operação inviável. De fato, o Buzzfeed fez uma matéria mostrando fotos com bikes da Yellow (como a imagem reproduzida acima) danificadas e até "depenadas", sugerindo que o Brasil ainda não está preparado para essa inovação - veja aqui. Isso confirmou minha primeira impressão. Mas ela está errada. E um pouco de teoria econômica nos ajuda a entender por quê. Pense nos custos e benefícios envolvidos na decisão de roubar uma bike. O benefício: o valor auferido pelo ladrão ao vender das peças. Os custos envolvem a eventual punição caso a pessoa seja pega roubando, ponderada pela probabilidade que isso ocorra. Quanto maior o benefício comparado ao custo (por exemplo, porque a probabilidade de punição é baixa), maior será o retorno de roubar bikes, e menor a lucratividade para a empresa. Dependendo do caso, o negócio se torna inviável. Mas há um aspecto nas bikes da Yellow que pode mudar esse quadro: as peças são específicas para elas. Não servem em outras bicicletas. Isso indica que não haveria muita gente disposta a comprar peças roubadas. O benefício do crime é, então, baixo, o que desestimularia os roubos. Talvez seja otimismo demais da minha parte. Temos que esperar para ver. Minha esperança é que imagens como as da matéria da Buzzfeed se tornem cada vez mais raras, à medida que os ladrões percebam que as peças roubadas não servem para muita coisa. Em que a Yellow precisa melhorar? Há ainda um problema, relatado por vários usuários da Yellow. Algumas pessoas guardam as bikes em locais privados. Por exemplo, um indivíduo vai ao trabalho e deixa a bicicleta em lugar inacessível para voltar com ela para casa posteriormente. Com isso, paga apenas pelo uso nos trajetos, porém impede que outras pessoas utilizem a bicicleta enquanto não está pedalando. Parece-me que abrir a possibilidade que os indivíduos façam denúncias resolveria o problema. Afinal, a ofensa é plenamente verificável: o GPS mostra a bike em determinado local, mas quem quer pegá-la não consegue. Após um determinado número de denúncias, a empresa poderia banir o indivíduo, o que coibiria esse tipo de comportamento.   Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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