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														A inflação corrói a remuneração de aplicações financeiras prefixadas, isto é, aquelas cuja taxa de juros é determinada no momento da contratação e não sofre ajustes depois. Isso porque, com a passagem do tempo, os preços também tendem a subir e o custo de vida a aumentar, fazendo com que o poder de compra do dinheiro encolha.

Taxas de juros são expressas em porcentagem. Elas indicam quanto o dinheiro crescerá ao longo do tempo. Suponha que você coloque R$ 1.000 em um investimento que promete pagar 10% depois de um ano. Ao fim desse período, você terá R$ 1.100, isto é, seu dinheiro crescerá exatamente 10%.

O problema é que o poder de compra do dinheiro está diminuindo ao longo do tempo por causa da inflação. Como consequência, a quantidade de coisas que seus recursos conseguem comprar se reduz, de modo que o retorno real do investimento é menor que 10%.

A taxa que mencionamos acima (os 10% no exemplo) é a chamada de taxa de juros nominal, e compara valores monetários ao longo do tempo. Já a taxa de juros real indica como o poder de compra do dinheiro evolui no tempo. Ela, assim, expurga o efeito da inflação.

Em termos aproximados, a taxa de juros real é igual à taxa de juros nominal menos a taxa de inflação. Note que, se a inflação for maior do que a taxa de juros nominal, a taxa real será negativa. Isto é, o retorno do seu investimento não será suficiente para compensar a inflação. Após um ano, seu dinheiro comprará menos coisas do que inicialmente.

É justamente o que notamos recentemente no Brasil (e em diversas partes do mundo) com a disparada na inflação. Suponha que, no início de março de 2021, você comprou um título do governo brasileiro com remuneração igual à taxa Selic – que naquela época era de 2,75% ao ano. Nos 12 meses seguintes, a inflação foi de 12,13%, isto é, o rendimento real do investimento foi igual a incríveis –9,38%.

Obviamente, muito desse movimento na inflação foi inesperado. Caso contrário, os investidores não aceitariam uma Selic tão baixa, e o Banco Central seria incapaz de sustentar este patamar. Gargalos no comércio mundial, guerra na Ucrânia, instabilidade política interna, enfraquecimento do arcabouço fiscal e consequente desvalorização do real – muito disso não estava no radar.

Isso nos traz a uma importante distinção. A taxa de juros real que mencionamos é a taxa ex-post, e mede a variação efetiva do poder de compra ao longo do tempo. Para calculá-la utilizamos a taxa de inflação observada no período. O problema é que, quando a aplicação é contratada, o investidor não sabe qual será a inflação no futuro.

Já a taxa de juros real ex-ante leva em conta esse fato, pois baseia-se em medidas de expectativa de inflação. Ela é a taxa de juros nominal menos a taxa de inflação esperada. No gráfico abaixo, mostramos dados dessas duas taxas de juros reais para a economia brasileira entre janeiro de 2019 e abril de 2022. A taxa de juros nominal é a Selic no primeiro dia útil de cada mês; a inflação é a variação do IPCA 12 meses à frente; a inflação esperada vem do relatório Focus do Banco Central, e reflete opiniões de agentes do mercado financeiro e consultorias econômicas para a inflação nos próximos 12 meses.


Note que a série taxa de juros real ex-post não vai além de maio de 2021. Este é o último mês para o qual temos dados de inflação 12 meses à frente.

No gráfico, fica clara a queda nas taxas de juros reais em meados de 2020, com a reação do Banco Central à pandemia. Mas a redução na taxa de juros real ex-post é muito maior – o que indica que a inflação do período foi muito maior do que a inicialmente esperada.

E, recentemente, notamos uma subida nas taxas de juros reais. A inflação acumulada continua subindo e as expectativas acompanhando, mas isso vem sendo mais que compensado pelo aumento agressivo na Selic por parte do Banco Central.


Fonte dos dados

Inflação

Ipeadata. Índice de Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), % ao mês. 

Expectativas de Inflação

Banco Central do Brasil. Sistema Expectativas de Mercado: IPCA para os próximos 12 meses (%), mediana das projeções, primeiro dia útil de cada mês

Taxa de juros nominal

Banco Central do Brasil. Meta para a taxa Selic (% ao ano), primeiro dia útil de cada mês
 

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Como a inflação mexe com o rendimento de investimentos? | Gráfico da Semana

A inflação corrói a remuneração de aplicações financeiras prefixadas, isto é, aquelas cuja taxa de juros é determinada no momento da contratação e não sofre ajustes depois. Isso porque, com a passagem do tempo, os preços também tendem a subir e o custo de vida a aumentar, fazendo com que o poder de compra do dinheiro encolha.

Taxas de juros são expressas em porcentagem. Elas indicam quanto o dinheiro crescerá ao longo do tempo. Suponha que você coloque R$ 1.000 em um investimento que promete pagar 10% depois de um ano. Ao fim desse período, você terá R$ 1.100, isto é, seu dinheiro crescerá exatamente 10%.

O problema é que o poder de compra do dinheiro está diminuindo ao longo do tempo por causa da inflação. Como consequência, a quantidade de coisas que seus recursos conseguem comprar se reduz, de modo que o retorno real do investimento é menor que 10%.

A taxa que mencionamos acima (os 10% no exemplo) é a chamada de taxa de juros nominal, e compara valores monetários ao longo do tempo. Já a taxa de juros real indica como o poder de compra do dinheiro evolui no tempo. Ela, assim, expurga o efeito da inflação.

Em termos aproximados, a taxa de juros real é igual à taxa de juros nominal menos a taxa de inflação. Note que, se a inflação for maior do que a taxa de juros nominal, a taxa real será negativa. Isto é, o retorno do seu investimento não será suficiente para compensar a inflação. Após um ano, seu dinheiro comprará menos coisas do que inicialmente.

É justamente o que notamos recentemente no Brasil (e em diversas partes do mundo) com a disparada na inflação. Suponha que, no início de março de 2021, você comprou um título do governo brasileiro com remuneração igual à taxa Selic – que naquela época era de 2,75% ao ano. Nos 12 meses seguintes, a inflação foi de 12,13%, isto é, o rendimento real do investimento foi igual a incríveis –9,38%.

Obviamente, muito desse movimento na inflação foi inesperado. Caso contrário, os investidores não aceitariam uma Selic tão baixa, e o Banco Central seria incapaz de sustentar este patamar. Gargalos no comércio mundial, guerra na Ucrânia, instabilidade política interna, enfraquecimento do arcabouço fiscal e consequente desvalorização do real – muito disso não estava no radar.

Isso nos traz a uma importante distinção. A taxa de juros real que mencionamos é a taxa ex-post, e mede a variação efetiva do poder de compra ao longo do tempo. Para calculá-la utilizamos a taxa de inflação observada no período. O problema é que, quando a aplicação é contratada, o investidor não sabe qual será a inflação no futuro.

Já a taxa de juros real ex-ante leva em conta esse fato, pois baseia-se em medidas de expectativa de inflação. Ela é a taxa de juros nominal menos a taxa de inflação esperada. No gráfico abaixo, mostramos dados dessas duas taxas de juros reais para a economia brasileira entre janeiro de 2019 e abril de 2022. A taxa de juros nominal é a Selic no primeiro dia útil de cada mês; a inflação é a variação do IPCA 12 meses à frente; a inflação esperada vem do relatório Focus do Banco Central, e reflete opiniões de agentes do mercado financeiro e consultorias econômicas para a inflação nos próximos 12 meses.


Note que a série taxa de juros real ex-post não vai além de maio de 2021. Este é o último mês para o qual temos dados de inflação 12 meses à frente.

No gráfico, fica clara a queda nas taxas de juros reais em meados de 2020, com a reação do Banco Central à pandemia. Mas a redução na taxa de juros real ex-post é muito maior – o que indica que a inflação do período foi muito maior do que a inicialmente esperada.

E, recentemente, notamos uma subida nas taxas de juros reais. A inflação acumulada continua subindo e as expectativas acompanhando, mas isso vem sendo mais que compensado pelo aumento agressivo na Selic por parte do Banco Central.


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Inflação

Ipeadata. Índice de Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), % ao mês. 

Expectativas de Inflação

Banco Central do Brasil. Sistema Expectativas de Mercado: IPCA para os próximos 12 meses (%), mediana das projeções, primeiro dia útil de cada mês

Taxa de juros nominal

Banco Central do Brasil. Meta para a taxa Selic (% ao ano), primeiro dia útil de cada mês
 

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