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																					Ficha técnica

Nome do trabalho

Motherhood Penalty in Labor Market: Evidence from Brazil (original)

 A Penalização da Maternidade no Mercado de Trabalho: Evidência para o Brasil (Tradução)

Autor (nome, universidade)

Maria Oaquim de Medeiros, PUC-Rio e Princeton University 

Orientador

Orientador: Gustavo Gonzaga

Coorientador: Claudio Ferraz

Local de publicação do trabalho

Dissertação (mestrado) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Departamento de Economia, 2022

Link para o original
https://www.econ.puc-rio.br/uploads/adm/trabalhos/files/19_mai_2022_2011884_completo.pdf

Quem é a autora 
Maria Oaquim de Medeiros é aluna do segundo ano do PhD em Economia na Universidade de Princeton. Tem graduação e mestrado em Economia pela PUC-Rio. Suas áreas de pesquisa se concentram em Economia do Trabalho e Desenvolvimento Econômico.
Abaixo, Maria explica seu trabalho e as conclusões.

A que pergunta essa pesquisa responde?

Qual é o impacto da maternidade na vida profissional das mulheres brasileiras? Os aspectos estudados foram emprego, salário, probabilidade de assumir cargos de chefia e de trabalhar em regime parcial, no setor público e com vaga formal no setor privado.

Além disso, a pesquisa também busca responder:
Que mulheres são mais impactadas pela maternidade?
Filhos impactam de maneira diferente homens e mulheres no mercado de trabalho?

Qual a relevância deste tema? Por que é importante que as pessoas saibam mais sobre ele?

O Brasil é um país com forte desigualdade de gênero no mercado de trabalho. Isso quer dizer que as mulheres ganham muito menos que os homens. Contudo, ainda precisamos entender as causas dessa desigualdade.

Estudar este tema permite compreender, por exemplo, que o diferencial de salário e emprego por gênero pode estar relacionado ao fato de que as mulheres precisam conciliar o trabalho remunerado com responsabilidades familiares, conforme apontado pela literatura recente.

Trata-se de um fenômeno relevante porque, no Brasil, as mulheres dedicam mais que o dobro de horas semanais a afazeres domésticos e ao cuidado com membros da família em comparação com os homens.

Essas informações são importantes, entre outras coisas, para que gestores públicos possam formular melhores políticas com base em evidências científicas.

Quais as conclusões do estudo?
Na análise de dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) de 2007 a 2017, constatou-se que, entre as mulheres, a taxa de saída do mercado de trabalho formal após o nascimento de um filho é maior do que a taxa de saída daquelas que não têm filhos. Contudo, há heterogeneidade entre as mulheres: as que têm remuneração condizente com os 10% maiores salários, as formadas no Ensino Superior (ES) e as do setor público sofrem uma queda no emprego bem menor do que aquelas mulheres fora do topo da distribuição de salários, sem ES e trabalhando no setor privado.

Analiso, também, o impacto dos filhos na carreira das mulheres que permaneceram no mercado formal. Encontro que, após o nascimento dos filhos, as mães experimentam menores salários, menor probabilidade de assumirem cargos de chefia e maior probabilidade de trabalhar em regime de tempo parcial – no qual têm, em geral, menor remuneração - e no setor público.

A análise da PNAD-C (Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar Contínua) de 2012 a 2019 demonstra que há queda no emprego e na renda das mães, enquanto os pais não são impactados pelo nascimento dos filhos. Por fim, o trabalho mostra que, ao final do período de estabilidade do emprego (cinco meses após o fim da licença), a probabilidade de trabalhar por conta própria e em regime informal (sem contribuição à Previdência) aumenta para as mulheres. Esse resultado também está associado à maior demanda por flexibilidade, já que o trabalho por conta própria pode propiciar maior independência para balancear a rotina de trabalho.

O que há de novo na sua pesquisa? (Método, conclusão, recorte etc.)
A metodologia segue um artigo dos autores Kleven, Landais e Søgaard, que investigam como a parentalidade impacta homens e mulheres no mercado de trabalho dinamarquês. Os resultados caminham na mesma direção, mas a magnitude do efeito encontrado para o Brasil é maior. Entendo que a maior inovação da minha pesquisa é aplicar essa metodologia para os dados brasileiros.

Qual foi a metodologia empregada e os dados utilizados?
A pesquisa utiliza dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2007 a 2017 e da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar Contínua (PNAD-C) de 2012 a 2019. Com os dados usados na pesquisa, foi implementada uma metodologia de estudo de evento para entender como os filhos impactam a vida profissional dos pais. Em um estudo de evento, a ideia é avaliar se um resultado (ex.: emprego) é alterado quando comparamos o antes e depois do evento, que no nosso caso é o nascimento de um filho. Assim, com a base de dados da RAIS, estima-se o estudo de evento, separadamente, entre mães e mulheres sem filhos. Já com a base de dados da PNAD, a metodologia foi aplicada a mulheres e homens que tiveram filhos.

A base de dados da RAIS abrange os trabalhadores formais do Brasil. Além de informações como salário e emprego, a RAIS informa se a trabalhadora tirou licença-maternidade. Essa variável será usada para identificar o nascimento do filho. Como a RAIS não contém informação de licença-paternidade, foram comparadas somente mulheres que tiveram filhos com mulheres que não tiraram licença no período. Já a PNAD é uma pesquisa realizada com uma amostra de domicílios brasileiros. Nela temos informações sociodemográficas e de mercado de trabalho dos entrevistados por cinco trimestres.

Conte um pouco: Quais foram os principais desafios encontrados? Como você os superou e qual a sensação em relação a esses desafios e à conclusão da sua pesquisa?
O principal desafio foram as limitações das bases de dados. Em um cenário ideal, haveria dados que acompanhassem a mesma pessoa no mercado de trabalho em diferentes períodos, além de informações sobre o nascimento de seus filhos. A PNAD apresenta essa estrutura, porém a pessoa é acompanhada apenas por cinco trimestres, o que impede uma análise de médio ou longo prazo. Por isso, também foi empregada a base de dados da RAIS. Contudo, essa base não contém informação familiar nem dados sobre o mercado informal. Assim, foi usada a estratégia de identificar o nascimento do filho por meio da licença-maternidade.

É importante não desistir da pesquisa pelo fato de que a base de dados é ideal, pois ainda é possível fazer investigações interessantes. Além disso, deve-se procurar outras bases que complementem a análise exatamente no “ponto fraco” da base anterior.

Para quais públicos os resultados deste estudo podem ser mais relevantes?
Este artigo pode ser especialmente relevante para formuladores de políticas públicas interessados na promoção da igualdade de gênero. Os resultados indicam maior necessidade de políticas públicas que apoiem as mães no mercado de trabalho. Uma solução seria envolver mais o pai nos cuidados com o filho, garantindo, por lei, um período maior de licença-paternidade.

Empresas comprometidas com a promoção de igualdade de gênero também podem se interessar pelos resultados. Eles indicam, em particular. que mulheres precisam de maior flexibilidade após o nascimento do filho. Dessa maneira, a possibilidade do trabalho remoto, o horário flexível e maior compartilhamento do trabalho entre diferentes funcionários pode beneficiar as funcionárias.

Quais as palavras-chave do estudo?
Gênero; filhos; trabalho.

Coloque, por favor, as principais referências do trabalho.
BERNIELL, I.; BERNIELL, L.; DE LA MATA, D.; EDO, M.; MARCHIONNI, M. Gender Gaps in Labor Informality: The Motherhood Effect. CEDLAS, Working Papers 0247, CEDLAS, Universidad Nacional de La Plata, June 2019.

KLEVEN, H.; LANDAIS, C.; SØGAARD, J. E. Children and Gender Inequality: Evidence from Denmark. American Economic Journal: Applied Economics, 11(4):181–209, October 2019.

 

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Como a maternidade impacta na carreira das mulheres no Brasil | Percurso Acadêmico

Ficha técnica

Nome do trabalho

Motherhood Penalty in Labor Market: Evidence from Brazil (original)

 A Penalização da Maternidade no Mercado de Trabalho: Evidência para o Brasil (Tradução)

Autor (nome, universidade)

Maria Oaquim de Medeiros, PUC-Rio e Princeton University 

Orientador

Orientador: Gustavo Gonzaga

Coorientador: Claudio Ferraz

Local de publicação do trabalho

Dissertação (mestrado) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Departamento de Economia, 2022

Link para o original
https://www.econ.puc-rio.br/uploads/adm/trabalhos/files/19_mai_2022_2011884_completo.pdf

Quem é a autora 
Maria Oaquim de Medeiros é aluna do segundo ano do PhD em Economia na Universidade de Princeton. Tem graduação e mestrado em Economia pela PUC-Rio. Suas áreas de pesquisa se concentram em Economia do Trabalho e Desenvolvimento Econômico.
Abaixo, Maria explica seu trabalho e as conclusões.

A que pergunta essa pesquisa responde?

Qual é o impacto da maternidade na vida profissional das mulheres brasileiras? Os aspectos estudados foram emprego, salário, probabilidade de assumir cargos de chefia e de trabalhar em regime parcial, no setor público e com vaga formal no setor privado.

Além disso, a pesquisa também busca responder:
Que mulheres são mais impactadas pela maternidade?
Filhos impactam de maneira diferente homens e mulheres no mercado de trabalho?

Qual a relevância deste tema? Por que é importante que as pessoas saibam mais sobre ele?

O Brasil é um país com forte desigualdade de gênero no mercado de trabalho. Isso quer dizer que as mulheres ganham muito menos que os homens. Contudo, ainda precisamos entender as causas dessa desigualdade.

Estudar este tema permite compreender, por exemplo, que o diferencial de salário e emprego por gênero pode estar relacionado ao fato de que as mulheres precisam conciliar o trabalho remunerado com responsabilidades familiares, conforme apontado pela literatura recente.

Trata-se de um fenômeno relevante porque, no Brasil, as mulheres dedicam mais que o dobro de horas semanais a afazeres domésticos e ao cuidado com membros da família em comparação com os homens.

Essas informações são importantes, entre outras coisas, para que gestores públicos possam formular melhores políticas com base em evidências científicas.

Quais as conclusões do estudo?
Na análise de dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) de 2007 a 2017, constatou-se que, entre as mulheres, a taxa de saída do mercado de trabalho formal após o nascimento de um filho é maior do que a taxa de saída daquelas que não têm filhos. Contudo, há heterogeneidade entre as mulheres: as que têm remuneração condizente com os 10% maiores salários, as formadas no Ensino Superior (ES) e as do setor público sofrem uma queda no emprego bem menor do que aquelas mulheres fora do topo da distribuição de salários, sem ES e trabalhando no setor privado.

Analiso, também, o impacto dos filhos na carreira das mulheres que permaneceram no mercado formal. Encontro que, após o nascimento dos filhos, as mães experimentam menores salários, menor probabilidade de assumirem cargos de chefia e maior probabilidade de trabalhar em regime de tempo parcial – no qual têm, em geral, menor remuneração - e no setor público.

A análise da PNAD-C (Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar Contínua) de 2012 a 2019 demonstra que há queda no emprego e na renda das mães, enquanto os pais não são impactados pelo nascimento dos filhos. Por fim, o trabalho mostra que, ao final do período de estabilidade do emprego (cinco meses após o fim da licença), a probabilidade de trabalhar por conta própria e em regime informal (sem contribuição à Previdência) aumenta para as mulheres. Esse resultado também está associado à maior demanda por flexibilidade, já que o trabalho por conta própria pode propiciar maior independência para balancear a rotina de trabalho.

O que há de novo na sua pesquisa? (Método, conclusão, recorte etc.)
A metodologia segue um artigo dos autores Kleven, Landais e Søgaard, que investigam como a parentalidade impacta homens e mulheres no mercado de trabalho dinamarquês. Os resultados caminham na mesma direção, mas a magnitude do efeito encontrado para o Brasil é maior. Entendo que a maior inovação da minha pesquisa é aplicar essa metodologia para os dados brasileiros.

Qual foi a metodologia empregada e os dados utilizados?
A pesquisa utiliza dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2007 a 2017 e da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar Contínua (PNAD-C) de 2012 a 2019. Com os dados usados na pesquisa, foi implementada uma metodologia de estudo de evento para entender como os filhos impactam a vida profissional dos pais. Em um estudo de evento, a ideia é avaliar se um resultado (ex.: emprego) é alterado quando comparamos o antes e depois do evento, que no nosso caso é o nascimento de um filho. Assim, com a base de dados da RAIS, estima-se o estudo de evento, separadamente, entre mães e mulheres sem filhos. Já com a base de dados da PNAD, a metodologia foi aplicada a mulheres e homens que tiveram filhos.

A base de dados da RAIS abrange os trabalhadores formais do Brasil. Além de informações como salário e emprego, a RAIS informa se a trabalhadora tirou licença-maternidade. Essa variável será usada para identificar o nascimento do filho. Como a RAIS não contém informação de licença-paternidade, foram comparadas somente mulheres que tiveram filhos com mulheres que não tiraram licença no período. Já a PNAD é uma pesquisa realizada com uma amostra de domicílios brasileiros. Nela temos informações sociodemográficas e de mercado de trabalho dos entrevistados por cinco trimestres.

Conte um pouco: Quais foram os principais desafios encontrados? Como você os superou e qual a sensação em relação a esses desafios e à conclusão da sua pesquisa?
O principal desafio foram as limitações das bases de dados. Em um cenário ideal, haveria dados que acompanhassem a mesma pessoa no mercado de trabalho em diferentes períodos, além de informações sobre o nascimento de seus filhos. A PNAD apresenta essa estrutura, porém a pessoa é acompanhada apenas por cinco trimestres, o que impede uma análise de médio ou longo prazo. Por isso, também foi empregada a base de dados da RAIS. Contudo, essa base não contém informação familiar nem dados sobre o mercado informal. Assim, foi usada a estratégia de identificar o nascimento do filho por meio da licença-maternidade.

É importante não desistir da pesquisa pelo fato de que a base de dados é ideal, pois ainda é possível fazer investigações interessantes. Além disso, deve-se procurar outras bases que complementem a análise exatamente no “ponto fraco” da base anterior.

Para quais públicos os resultados deste estudo podem ser mais relevantes?
Este artigo pode ser especialmente relevante para formuladores de políticas públicas interessados na promoção da igualdade de gênero. Os resultados indicam maior necessidade de políticas públicas que apoiem as mães no mercado de trabalho. Uma solução seria envolver mais o pai nos cuidados com o filho, garantindo, por lei, um período maior de licença-paternidade.

Empresas comprometidas com a promoção de igualdade de gênero também podem se interessar pelos resultados. Eles indicam, em particular. que mulheres precisam de maior flexibilidade após o nascimento do filho. Dessa maneira, a possibilidade do trabalho remoto, o horário flexível e maior compartilhamento do trabalho entre diferentes funcionários pode beneficiar as funcionárias.

Quais as palavras-chave do estudo?
Gênero; filhos; trabalho.

Coloque, por favor, as principais referências do trabalho.
BERNIELL, I.; BERNIELL, L.; DE LA MATA, D.; EDO, M.; MARCHIONNI, M. Gender Gaps in Labor Informality: The Motherhood Effect. CEDLAS, Working Papers 0247, CEDLAS, Universidad Nacional de La Plata, June 2019.

KLEVEN, H.; LANDAIS, C.; SØGAARD, J. E. Children and Gender Inequality: Evidence from Denmark. American Economic Journal: Applied Economics, 11(4):181–209, October 2019.

 

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