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revolta da vacina

Já discutimos, por diversas vezes, o conceito de externalidade negativa. Ocorre quando, ao tomar determinada decisão, uma pessoa ou empresa não se defronta com todos os custos de sua ação. O exemplo típico é a poluição. Ao adotar uma tecnologia suja, uma companhia não leva em conta o impacto sobre o meio ambiente. Esse custo acaba compartilhado com outras pessoas, que respiram um ar poluído ou consomem água contaminada.

Raciocínio análogo pode ser estendido à decisão de andar de carro, fumar ou até ouvir música em som alto. Outras pessoas que não têm nada a ver com essas escolhas acabam sendo afetadas de maneira adversa.

O resultado é que essas ações são “baratas” para quem as toma, pois o indivíduo ou empresa não se depara com todos os custos sociais engendrados. E, por causa disso, sua produção e seu consumo são excessivos da perspectiva da sociedade como um todo.

Tem-se, aqui, motivação para a ação do governo, por meio de políticas como impostos e multas sobre atividades associadas a externalidades negativas. A ideia é tornar essas atividades mais caras do ponto de vista privado, desestimulando a produção e o consumo. Esses instrumentos fariam com que o indivíduo passasse a internalizar, ao menos em parte, custos que recaem sobre outras pessoas.

Mas nem toda externalidade é negativa. Há também bens e serviços que envolvem externalidades positivas. Quando alguém decide produzi-los ou consumi-los, outras pessoas são afetadas de forma favorável.

A vacinação é um exemplo emblemático. Se eu tomar vacina da gripe, por exemplo, não afeto apenas minhas chances de ficar doente. Reduzo também a probabilidade de que eu transmita a doença para outras pessoas.

Essas pessoas acabam, assim, beneficiando-se da minha escolha.

Quem se vacina, no entanto, não lida com todos os benefícios dessa escolha. Ou seja, o retorno privado de tomar uma vacina (que leva em conta o impacto apenas sobre a pessoa) é menor que o retorno social (que leva em conta também o impacto sobre outras pessoas). Assim, o incentivo à vacinação é relativamente baixo, resultando numa taxa de vacinação abaixo do socialmente desejável.

A prescrição de política econômica é então o inverso daquela associada a externalidades negativas: o governo deve incentivar as pessoas a se vacinarem. Por exemplo, concedendo subsídios à produção e ao consumo. Ou até provendo vacinas gratuitamente para boa parte da população.

Preocupa o surgimento de grupos de famílias contrários à vacinação, que decidem não imunizar a si próprios e a seus filhos baseadas em crenças infundadas – como o papo furado de que vacina causa autismo. Como nem de graça eles estão dispostos a tomarem vacinas, fica difícil convencê-los com incentivos estritamente econômicos. De acordo com levantamento do Ministério da Saúde, em 2016, a tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, teve adesão de apenas 76,7% do público-alvo.

A arma mais importante e eficiente, nesse caso, é a informação. São fundamentais campanhas para convencer os indivíduos que essas histórias não foram construídas com base em evidência sólida. Para combater epidemias, é preciso evitar que as pessoas sejam “contaminadas” também por mentiras e teorias conspiratórias. Minimizaria o número de pessoas não imunizadas, reduzindo a ocorrência de doenças na população.

Campanhas desse tipo são usualmente realizadas por governos. O momento, entretanto, não é favorável. Governantes estão desacreditados em diversas partes do mundo. O terreno para teorias infundadas é propício para potencializar muitos problemas, incluindo crises na saúde pública por falta de vacinação.

Como combater campanhas contra a vacinação?

revolta da vacina Já discutimos, por diversas vezes, o conceito de externalidade negativa. Ocorre quando, ao tomar determinada decisão, uma pessoa ou empresa não se defronta com todos os custos de sua ação. O exemplo típico é a poluição. Ao adotar uma tecnologia suja, uma companhia não leva em conta o impacto sobre o meio ambiente. Esse custo acaba compartilhado com outras pessoas, que respiram um ar poluído ou consomem água contaminada. Raciocínio análogo pode ser estendido à decisão de andar de carro, fumar ou até ouvir música em som alto. Outras pessoas que não têm nada a ver com essas escolhas acabam sendo afetadas de maneira adversa. O resultado é que essas ações são “baratas” para quem as toma, pois o indivíduo ou empresa não se depara com todos os custos sociais engendrados. E, por causa disso, sua produção e seu consumo são excessivos da perspectiva da sociedade como um todo. Tem-se, aqui, motivação para a ação do governo, por meio de políticas como impostos e multas sobre atividades associadas a externalidades negativas. A ideia é tornar essas atividades mais caras do ponto de vista privado, desestimulando a produção e o consumo. Esses instrumentos fariam com que o indivíduo passasse a internalizar, ao menos em parte, custos que recaem sobre outras pessoas. Mas nem toda externalidade é negativa. Há também bens e serviços que envolvem externalidades positivas. Quando alguém decide produzi-los ou consumi-los, outras pessoas são afetadas de forma favorável. A vacinação é um exemplo emblemático. Se eu tomar vacina da gripe, por exemplo, não afeto apenas minhas chances de ficar doente. Reduzo também a probabilidade de que eu transmita a doença para outras pessoas. Essas pessoas acabam, assim, beneficiando-se da minha escolha. Quem se vacina, no entanto, não lida com todos os benefícios dessa escolha. Ou seja, o retorno privado de tomar uma vacina (que leva em conta o impacto apenas sobre a pessoa) é menor que o retorno social (que leva em conta também o impacto sobre outras pessoas). Assim, o incentivo à vacinação é relativamente baixo, resultando numa taxa de vacinação abaixo do socialmente desejável. A prescrição de política econômica é então o inverso daquela associada a externalidades negativas: o governo deve incentivar as pessoas a se vacinarem. Por exemplo, concedendo subsídios à produção e ao consumo. Ou até provendo vacinas gratuitamente para boa parte da população. Preocupa o surgimento de grupos de famílias contrários à vacinação, que decidem não imunizar a si próprios e a seus filhos baseadas em crenças infundadas – como o papo furado de que vacina causa autismo. Como nem de graça eles estão dispostos a tomarem vacinas, fica difícil convencê-los com incentivos estritamente econômicos. De acordo com levantamento do Ministério da Saúde, em 2016, a tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, teve adesão de apenas 76,7% do público-alvo. A arma mais importante e eficiente, nesse caso, é a informação. São fundamentais campanhas para convencer os indivíduos que essas histórias não foram construídas com base em evidência sólida. Para combater epidemias, é preciso evitar que as pessoas sejam “contaminadas” também por mentiras e teorias conspiratórias. Minimizaria o número de pessoas não imunizadas, reduzindo a ocorrência de doenças na população. Campanhas desse tipo são usualmente realizadas por governos. O momento, entretanto, não é favorável. Governantes estão desacreditados em diversas partes do mundo. O terreno para teorias infundadas é propício para potencializar muitos problemas, incluindo crises na saúde pública por falta de vacinação.
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