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Preços incorporam informação. Suponha que você tenha uma fábrica de computadores, que depende de peças produzidas do outro lado do mundo. Se um desastre natural, por exemplo, dificulta a produção dos seus fornecedores, é bem provável que o custo das peças aumente já hoje, mesmo que demore semanas para que elas cheguem aqui.

Por quê? Antecipando que vão faltar peças no mercado, as empresas correm para garantir seu suprimento. Isso torna mais aguda a escassez no mercado, empurrando preços para cima.

Note que a notícia de que seus fornecedores estão com problemas já é suficiente para mexer com o mercado. São os preços incorporando a informação.

Um novo artigo acadêmico da economista Claudia Steinwender ilustra esse resultado com dados históricos, usando o famoso comércio de algodão entre Estados Unidos e Reino Unido no século 19.

Os Estados Unidos produziam algodão, que abastecia as fábricas têxteis do outro lado do Atlântico. Só que, até 1866, a informação fluía de maneira muito lenta entre os dois países. Chegava por navio, e demorava dias. Se, por exemplo, o clima pouco favorável fazia com que a produção fosse mais baixa nos Estados Unidos, isso provocaria aumento nos preços do algodão naquele país, o que não era incorporado imediatamente no preço inglês. Resultado: as diferenças de preços entre países eram grandes e muito voláteis.

No século 19, a informação finalmente começou a fluir mais facilmente entre os dois lados do oceano. Hoje, o telégrafo é uma peça de museu, e conseguimos nos comunicar com qualquer pessoa no mundo usando internet e celular. Mas naquela época ele foi uma verdadeira revolução nas comunicações. No ano de 1866 os dois continentes se conectaram, com o estabelecimento do cabo submarino de telégrafo.

O artigo de Claudia Steinwender mostra que as diferenças de preço de algodão entre países tornaram bem menores e mais estáveis como consequência. O gráfico abaixo, extraído deste texto da autora, ilustra esse efeito.



Ele mostra a evolução da diferença entre o preço em Liverpool e o preço em Nova York. A linha vertical marca a data em que os continentes foram conectados pelo cabo submarino de telégrafo. Note como a razão de preços se torna bem mais estável depois que a tecnologia permitiu uma comunicação mais fluida.

O artigo completo pode ser lido aqui. Uma versão mais curta e acessível pode ser lida aqui.

 

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Comunicação mais fluida, preços mais estáveis: o caso do telégrafo

Preços incorporam informação. Suponha que você tenha uma fábrica de computadores, que depende de peças produzidas do outro lado do mundo. Se um desastre natural, por exemplo, dificulta a produção dos seus fornecedores, é bem provável que o custo das peças aumente já hoje, mesmo que demore semanas para que elas cheguem aqui. Por quê? Antecipando que vão faltar peças no mercado, as empresas correm para garantir seu suprimento. Isso torna mais aguda a escassez no mercado, empurrando preços para cima. Note que a notícia de que seus fornecedores estão com problemas já é suficiente para mexer com o mercado. São os preços incorporando a informação. Um novo artigo acadêmico da economista Claudia Steinwender ilustra esse resultado com dados históricos, usando o famoso comércio de algodão entre Estados Unidos e Reino Unido no século 19. Os Estados Unidos produziam algodão, que abastecia as fábricas têxteis do outro lado do Atlântico. Só que, até 1866, a informação fluía de maneira muito lenta entre os dois países. Chegava por navio, e demorava dias. Se, por exemplo, o clima pouco favorável fazia com que a produção fosse mais baixa nos Estados Unidos, isso provocaria aumento nos preços do algodão naquele país, o que não era incorporado imediatamente no preço inglês. Resultado: as diferenças de preços entre países eram grandes e muito voláteis. No século 19, a informação finalmente começou a fluir mais facilmente entre os dois lados do oceano. Hoje, o telégrafo é uma peça de museu, e conseguimos nos comunicar com qualquer pessoa no mundo usando internet e celular. Mas naquela época ele foi uma verdadeira revolução nas comunicações. No ano de 1866 os dois continentes se conectaram, com o estabelecimento do cabo submarino de telégrafo. O artigo de Claudia Steinwender mostra que as diferenças de preço de algodão entre países tornaram bem menores e mais estáveis como consequência. O gráfico abaixo, extraído deste texto da autora, ilustra esse efeito. Ele mostra a evolução da diferença entre o preço em Liverpool e o preço em Nova York. A linha vertical marca a data em que os continentes foram conectados pelo cabo submarino de telégrafo. Note como a razão de preços se torna bem mais estável depois que a tecnologia permitiu uma comunicação mais fluida. O artigo completo pode ser lido aqui. Uma versão mais curta e acessível pode ser lida aqui.   Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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