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A crise do coronavírus fez a aversão ao risco das pessoas aumentar. Ouvimos muito isso nos últimos tempos. Mas o que significa exatamente essa aversão ao risco? Ela cai e aumenta? Vamos explicar.

Você tem um dinheiro que precisa ser investido. Um ativo A, livre de risco, tem rendimento certo de 20% após um ano. Um ativo B, arriscado, pode render 0% ou 50% após o mesmo período, com 50% de chance para cada lado. Você tem de escolher um dos dois ativos. Qual escolherá?

Você está parado no farol, de vidro aberto. Um rapaz chega com a mão dentro de um saco escuro e, dizendo que tem uma arma, pede a sua carteira. Ela está recheada. Você a entrega ou acelera o carro?

Decisões sob incerteza, como essas duas, são frequentes na vida de qualquer pessoa. Todos os dias tomamos decisões assim. Enquanto algumas pessoas topam correr mais riscos, outras preferem a segurança. Em geral, no entanto, a grande maioria das pessoas é um pouco avessa ao risco. Quase todo mundo prefere receber 50 mil reais com certeza do que entrar em uma loteria que paga 100 mil ou nada, com 50% de chance para cada lado.

Mas, além de variar entre pessoas, a aversão ao risco também varia no tempo, aumentando em períodos de crise. E isso pode de fato amplificar as crises. Quando a aversão ao risco aumenta, as pessoas se livram de investimentos arriscados, colocando seus recursos em ativos mais seguros, o que derruba o preço dos ativos arriscados (aumentando, assim, o retorno futuro esperado desses) e aumenta o preço dos ativos livre de risco (diminuindo, assim, o retorno futuro desses). Em momentos de maior aversão ao risco, por exemplo, o valor da Bolsa cai e o valor dos títulos públicos sobe. 

Dessa forma, em momentos de crise, geralmente há dois movimentos distintos jogando o preço dos ativos arriscados para baixo: tanto o risco quanto a aversão ao risco aumentam. E, logicamente, o oposto ocorre em momentos de boas perspectivas. Ai, que saudade desses últimos!

COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE SÃO PAULO



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Crises e aversão ao risco

A crise do coronavírus fez a aversão ao risco das pessoas aumentar. Ouvimos muito isso nos últimos tempos. Mas o que significa exatamente essa aversão ao risco? Ela cai e aumenta? Vamos explicar.

Você tem um dinheiro que precisa ser investido. Um ativo A, livre de risco, tem rendimento certo de 20% após um ano. Um ativo B, arriscado, pode render 0% ou 50% após o mesmo período, com 50% de chance para cada lado. Você tem de escolher um dos dois ativos. Qual escolherá?

Você está parado no farol, de vidro aberto. Um rapaz chega com a mão dentro de um saco escuro e, dizendo que tem uma arma, pede a sua carteira. Ela está recheada. Você a entrega ou acelera o carro?

Decisões sob incerteza, como essas duas, são frequentes na vida de qualquer pessoa. Todos os dias tomamos decisões assim. Enquanto algumas pessoas topam correr mais riscos, outras preferem a segurança. Em geral, no entanto, a grande maioria das pessoas é um pouco avessa ao risco. Quase todo mundo prefere receber 50 mil reais com certeza do que entrar em uma loteria que paga 100 mil ou nada, com 50% de chance para cada lado.

Mas, além de variar entre pessoas, a aversão ao risco também varia no tempo, aumentando em períodos de crise. E isso pode de fato amplificar as crises. Quando a aversão ao risco aumenta, as pessoas se livram de investimentos arriscados, colocando seus recursos em ativos mais seguros, o que derruba o preço dos ativos arriscados (aumentando, assim, o retorno futuro esperado desses) e aumenta o preço dos ativos livre de risco (diminuindo, assim, o retorno futuro desses). Em momentos de maior aversão ao risco, por exemplo, o valor da Bolsa cai e o valor dos títulos públicos sobe. 

Dessa forma, em momentos de crise, geralmente há dois movimentos distintos jogando o preço dos ativos arriscados para baixo: tanto o risco quanto a aversão ao risco aumentam. E, logicamente, o oposto ocorre em momentos de boas perspectivas. Ai, que saudade desses últimos!

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