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														Como se sabe, quase no mundo todo a inflação deu uma tremenda acelerada depois dos piores meses da pandemia. Foi para casa dos 10% mesmo nos países desenvolvidos, acostumados com patamares bem mais modestos, perto dos 2%. Agora ela se situa um pouco acima de 3% nos Estados Unidos e um pouco abaixo disso na Europa. Muitos se perguntam: voltará a 2%?

Os motivos são mais ou menos consensuais, ainda que diferentes economistas atribuam pesos diferentes a cada um de seus fatores, que foram: (i) recuperação muito rápida da economia após os lockdowns; (ii) quebra ou paralisia de muitas cadeias produtivas (choque adverso de oferta); (iii) demora excessiva em perceber a necessidade de dar início ao processo de normalização da política monetária.

Como já discutimos em outras ocasiões, uma inflação de 3% não gera problemas para a sociedade. Mas o fato é que bancos centrais têm mandatos, objetivos que lhes são imputados pela sociedade. Na Europa e nos Estados Unidos, há um comprometimento explícito com a meta de 2%. Os bancos centrais podem escolher empurrar com a barriga? Podem, mas por tempo limitado. Ao menos em tese, ou ao menos que se altere a meta de inflação oficialmente para 3%, como já há algum tempo defendem economistas comprometidos com uma política austera.

Elevar a meta de inflação não é fácil. Pode passar um sinal ruim ("quando a coisa aperta, a gente afrouxa os objetivos") e assim abrir a caixa de Pandora de onde sai o demônio da falta de credibilidade. Pode também gerar incentivos tortos para a autoridade fiscal, do tipo "vamos gastar, pois eles lá no BC depois ajustam a meta para acomodar a farra". E por aí afora, até que um dia chega o verdadeiro descontrole inflacionário. Parece-nos, contudo, que esses riscos são bem menores para o caso de países com instituições mais fortes, com estoque reputacional mais sólido, bancos centrais independentes e anos de inflação sob controle. Uma mudança de meta de 2% para 3% tampouco torna a vida dos bancos centrais automaticamente mais fácil. Porque ao elevarem a meta, vão mexer um pouco com as expectativas. Aliás, essa discussão nem sequer poderia ser colocada nos anos de 2021, 2022 e 2023, quando a inflação estava elevada e qualquer sinal nessa direção seria claramente interpretado como falta de comprometimento com a inflação baixa, "gasolinando" as expectativas dos agentes privados. Em maio de 2024, ela cabe sem traumas e riscos.

E por que seria uma boa?

Porque com a meta de inflação um pouco mais alta, os juros nominais de equilíbrio ficam um pouquinho mais elevados (porque são a soma do juro real com a meta) e aí os bancos centrais têm mais gasolina no tanque para reduzir a taxa de juros e impulsionar a economia quando uma crise bate à porta. Quanto mais o combate a uma desaceleração da economia puder acontecer via política monetária padrão, melhor para a economia. Evitam-se (ou minimizam-se) intervenções menos transparentes, que geram distorções na economia.


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Deveriam os países avançados mudar a meta de inflação?

Como se sabe, quase no mundo todo a inflação deu uma tremenda acelerada depois dos piores meses da pandemia. Foi para casa dos 10% mesmo nos países desenvolvidos, acostumados com patamares bem mais modestos, perto dos 2%. Agora ela se situa um pouco acima de 3% nos Estados Unidos e um pouco abaixo disso na Europa. Muitos se perguntam: voltará a 2%?

Os motivos são mais ou menos consensuais, ainda que diferentes economistas atribuam pesos diferentes a cada um de seus fatores, que foram: (i) recuperação muito rápida da economia após os lockdowns; (ii) quebra ou paralisia de muitas cadeias produtivas (choque adverso de oferta); (iii) demora excessiva em perceber a necessidade de dar início ao processo de normalização da política monetária.

Como já discutimos em outras ocasiões, uma inflação de 3% não gera problemas para a sociedade. Mas o fato é que bancos centrais têm mandatos, objetivos que lhes são imputados pela sociedade. Na Europa e nos Estados Unidos, há um comprometimento explícito com a meta de 2%. Os bancos centrais podem escolher empurrar com a barriga? Podem, mas por tempo limitado. Ao menos em tese, ou ao menos que se altere a meta de inflação oficialmente para 3%, como já há algum tempo defendem economistas comprometidos com uma política austera.

Elevar a meta de inflação não é fácil. Pode passar um sinal ruim ("quando a coisa aperta, a gente afrouxa os objetivos") e assim abrir a caixa de Pandora de onde sai o demônio da falta de credibilidade. Pode também gerar incentivos tortos para a autoridade fiscal, do tipo "vamos gastar, pois eles lá no BC depois ajustam a meta para acomodar a farra". E por aí afora, até que um dia chega o verdadeiro descontrole inflacionário. Parece-nos, contudo, que esses riscos são bem menores para o caso de países com instituições mais fortes, com estoque reputacional mais sólido, bancos centrais independentes e anos de inflação sob controle. Uma mudança de meta de 2% para 3% tampouco torna a vida dos bancos centrais automaticamente mais fácil. Porque ao elevarem a meta, vão mexer um pouco com as expectativas. Aliás, essa discussão nem sequer poderia ser colocada nos anos de 2021, 2022 e 2023, quando a inflação estava elevada e qualquer sinal nessa direção seria claramente interpretado como falta de comprometimento com a inflação baixa, "gasolinando" as expectativas dos agentes privados. Em maio de 2024, ela cabe sem traumas e riscos.

E por que seria uma boa?

Porque com a meta de inflação um pouco mais alta, os juros nominais de equilíbrio ficam um pouquinho mais elevados (porque são a soma do juro real com a meta) e aí os bancos centrais têm mais gasolina no tanque para reduzir a taxa de juros e impulsionar a economia quando uma crise bate à porta. Quanto mais o combate a uma desaceleração da economia puder acontecer via política monetária padrão, melhor para a economia. Evitam-se (ou minimizam-se) intervenções menos transparentes, que geram distorções na economia.


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