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Aqui no PQ?  somos claramente mais alinhados com ideias de natureza liberal. Até mesmo por isso, investimos em textos, vídeos, palestras e outras linguagens que tratam de situações em que os mercados não funcionam bem. Assim, alertamos nossos seguidores que um liberal moderno não pode ser ingênuo e ignorar toda uma linha de pesquisa, hoje mais relevante do que no passado, que se dedica a entender as falhas de mercado. Poluição, trânsito, desigualdade de oportunidades, poder de mercado e rendas extraordinárias – tudo isso é muito relevante. Mas que não restem dúvidas: há múltiplas e enormes falhas de governo. Hoje voltamos nossa atenção a uma delas, particularmente danosa ainda que muitas vezes bem-intencionada:  o controle de preços, fenômeno que confirma o velho adágio segundo o qual o inferno está cheio de boas intenções. 

Preços em economia cumprem um papel fundamental. Eles agregam informações impossíveis de serem coletadas numa planilha, tanto do lado dos consumidores como do dos produtores. Custos de produção e preferências diversas de milhões de agentes econômicos espalhados por aí. O preço de mercado é um repositório dessas informações, é o mensageiro que nos diz por onde anda a escassez relativa das coisas. Se acontece uma seca, o preço do milho sobe para indicar o seguinte à sociedade: “moçada, tem que comer menos milho”. Sem esse indicador, não tem como a sociedade funcionar a contento, de modo minimamente eficaz.     

Dizem os entendidos que um prato de arroz com feijão constitui uma bela refeição-base (claro que uma saladinha e ovo cozido ajudam bem). Tendo como hipótese a preocupação com a qualidade da alimentação da camada mais desfavorecida da sociedade, chegamos à conclusão de que arroz e feijão a preços mais acessíveis fariam parte de um pacote de políticas públicas ideais. Mas o diabo está nos detalhes.

Política 1: o preço do arroz e do feijão será fixado em valores baixos e imutáveis, para que mesmo os pobres possam consumi-los.  

Política 2: arroz e feijão serão isentos de impostos.

Tanto a política 1 como a 2 pressupõem ação governamental. E ambas têm um objetivo nobre. Mas a política 1 é um desastre completo, justamente por ignorar como os mercados funcionam. A segunda faz o contrário: utiliza os mercados a seu favor!

Ao fixar o preço do arroz, duas são as possibilidades:  eu fixo o preço acima do que seria o preço de mercado ou fixo preço abaixo do que seria o preço do mercado. O primeiro caso, obviamente, não faz sentido. Afinal, queremos estimular o consumo do combo “arroz com feijão”.

No segundo caso certamente ocorre um estimulo à demanda pelo combo, mas para ter arroz e feijão na mesa, não basta querer; alguém tem de produzir os produtos no campo e transportá-los para as cidades. Com preço fixo em patamares baixos (com intuito de incentivar o consumo), a produção desses gêneros vai cair. Ou esquecemos que tem alguém na outra ponta dessa história, o tal do produtor? A queda não será imediata, pois o que está plantado já está lá plantado, é verdade. Mas o produtor não vai querer ter prejuízo seguidamente, e reagirá diminuindo sua produção. Vai, talvez, plantar bananas. Ou construir um circo no local onde antes se plantava arroz. Sabe-se lá. O que é certo: vai ter menos arroz nos supermercados e necessariamente – repetimos: necessariamente – as pessoas vão consumir menos arroz. E quem vai conseguir comer arroz vai ser o sujeito que acordou às 5 da manhã para ficar na fila do arroz (não é mais confortável ficar em casa dormindo até as seis e meia?), ou se aventurou no mercado negro de arroz (ou subornou o dono do supermercado, mas nesse caso ele não está pagando menos como o governo queria, não é mesmo?).

Fixar o preço do arroz não gera mais arroz.

Mas cortar imposto que incide sobre o arroz (ou feijão), aí sim mais arroz vai pipocar nos mercados. Ao reduzir os impostos, o governo reduz os custos do produtor de arroz. Como este reage? Produzindo mais arroz. Também funciona dar um vale-arroz para as pessoas pobres. Tipo uma grana carimbada que só pode ser usada para adquirir arroz. O problema aqui, no entanto, é: será que não é melhor dar somente o dinheiro e deixar o cara decidir se compra remédio ou arroz? A resposta, vejam vocês, não é óbvia, pois talvez o sujeito use a grana para comprar cigarro ou cachaça.  

Enfim, se você quer que os mais pobres consumam mais desse combo, não meta o bedelho nos preços.  

 


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Falhas de governo: o caso dos preços fixos

Aqui no PQ?  somos claramente mais alinhados com ideias de natureza liberal. Até mesmo por isso, investimos em textos, vídeos, palestras e outras linguagens que tratam de situações em que os mercados não funcionam bem. Assim, alertamos nossos seguidores que um liberal moderno não pode ser ingênuo e ignorar toda uma linha de pesquisa, hoje mais relevante do que no passado, que se dedica a entender as falhas de mercado. Poluição, trânsito, desigualdade de oportunidades, poder de mercado e rendas extraordinárias – tudo isso é muito relevante. Mas que não restem dúvidas: há múltiplas e enormes falhas de governo. Hoje voltamos nossa atenção a uma delas, particularmente danosa ainda que muitas vezes bem-intencionada:  o controle de preços, fenômeno que confirma o velho adágio segundo o qual o inferno está cheio de boas intenções. 

Preços em economia cumprem um papel fundamental. Eles agregam informações impossíveis de serem coletadas numa planilha, tanto do lado dos consumidores como do dos produtores. Custos de produção e preferências diversas de milhões de agentes econômicos espalhados por aí. O preço de mercado é um repositório dessas informações, é o mensageiro que nos diz por onde anda a escassez relativa das coisas. Se acontece uma seca, o preço do milho sobe para indicar o seguinte à sociedade: “moçada, tem que comer menos milho”. Sem esse indicador, não tem como a sociedade funcionar a contento, de modo minimamente eficaz.     

Dizem os entendidos que um prato de arroz com feijão constitui uma bela refeição-base (claro que uma saladinha e ovo cozido ajudam bem). Tendo como hipótese a preocupação com a qualidade da alimentação da camada mais desfavorecida da sociedade, chegamos à conclusão de que arroz e feijão a preços mais acessíveis fariam parte de um pacote de políticas públicas ideais. Mas o diabo está nos detalhes.

Política 1: o preço do arroz e do feijão será fixado em valores baixos e imutáveis, para que mesmo os pobres possam consumi-los.  

Política 2: arroz e feijão serão isentos de impostos.

Tanto a política 1 como a 2 pressupõem ação governamental. E ambas têm um objetivo nobre. Mas a política 1 é um desastre completo, justamente por ignorar como os mercados funcionam. A segunda faz o contrário: utiliza os mercados a seu favor!

Ao fixar o preço do arroz, duas são as possibilidades:  eu fixo o preço acima do que seria o preço de mercado ou fixo preço abaixo do que seria o preço do mercado. O primeiro caso, obviamente, não faz sentido. Afinal, queremos estimular o consumo do combo “arroz com feijão”.

No segundo caso certamente ocorre um estimulo à demanda pelo combo, mas para ter arroz e feijão na mesa, não basta querer; alguém tem de produzir os produtos no campo e transportá-los para as cidades. Com preço fixo em patamares baixos (com intuito de incentivar o consumo), a produção desses gêneros vai cair. Ou esquecemos que tem alguém na outra ponta dessa história, o tal do produtor? A queda não será imediata, pois o que está plantado já está lá plantado, é verdade. Mas o produtor não vai querer ter prejuízo seguidamente, e reagirá diminuindo sua produção. Vai, talvez, plantar bananas. Ou construir um circo no local onde antes se plantava arroz. Sabe-se lá. O que é certo: vai ter menos arroz nos supermercados e necessariamente – repetimos: necessariamente – as pessoas vão consumir menos arroz. E quem vai conseguir comer arroz vai ser o sujeito que acordou às 5 da manhã para ficar na fila do arroz (não é mais confortável ficar em casa dormindo até as seis e meia?), ou se aventurou no mercado negro de arroz (ou subornou o dono do supermercado, mas nesse caso ele não está pagando menos como o governo queria, não é mesmo?).

Fixar o preço do arroz não gera mais arroz.

Mas cortar imposto que incide sobre o arroz (ou feijão), aí sim mais arroz vai pipocar nos mercados. Ao reduzir os impostos, o governo reduz os custos do produtor de arroz. Como este reage? Produzindo mais arroz. Também funciona dar um vale-arroz para as pessoas pobres. Tipo uma grana carimbada que só pode ser usada para adquirir arroz. O problema aqui, no entanto, é: será que não é melhor dar somente o dinheiro e deixar o cara decidir se compra remédio ou arroz? A resposta, vejam vocês, não é óbvia, pois talvez o sujeito use a grana para comprar cigarro ou cachaça.  

Enfim, se você quer que os mais pobres consumam mais desse combo, não meta o bedelho nos preços.  

 


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