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O ano de 2020 foi de recessão e doença. Em 2021, quem chamou a atenção foi a inflação. Uns 10%, coisa que não víamos fazia tempo. E em 2022? Qual será o destaque desse ano que se inicia? Bola de cristal não temos, mas palpitar (com algum fundamento) não faz mal, pois cremos que 2022 vai ser o ano do crescimento baixo e da tensão eleitoral.

E a ômicron? Nesse tema a incógnita é tão enorme que qualquer opinião envolve 88% de chute. De todo modo, no nosso cenário-base, ela atrapalha, mas não derruba como sua bisavó, a covid de 2020. Temos a vacina, sabemos melhor como lidar com a doença, nos adaptamos na medida do possível ao mundo virtual etc. Mas, de novo, aqui o terreno é pantanoso demais. Nosso cenário tem uma boa dose de torcida.

A inflação foi o bicho-papão de 2021. No mundo inteiro, ou quase, ela dobrou de patamar (ou mais!). No Brasil, foi de 4,5% para 10%. O motivo principal foi o tremendo choque adverso de oferta que empurrou os preços dos insumos para a Lua e gerou uma paralisia sem precedentes nas cadeias de produção. Esse choque, ao que parece, já começa a se desfazer, mas seus impactos tendem a ser persistentes. A inflação certamente vai declinar em 2022, mas quanto deve variar muito de país para país. O Brasil reverteu a expansão fiscal e a monetária – talvez tenha subido o juro até demais. Fomos o país que mais apertou a política monetária em 2021 e, em que pese a confusão sobre o teto, ajustamos bem nossas contas públicas. Por isso cremos que a inflação decline bastante em 2022. Já nos Estados Unidos, por exemplo, a política monetária está bastante atrasada ou atrás da curva, como dizem os economistas. O índice cheio beira 7% e o juro do banco central segue chapado lá no zero!

Que fique claro, não vemos muito problema com inflação alta por um ano ou dois. Ainda mais em tempos bicudos como os atuais. Nossa crítica é quanto à inércia do banco central dos Estados Unidos diante do fenômeno. E em termos globais, seria muito melhor subir juro gradualmente do que dar um cavalo de pau, com uma repentina acelerada do aperto monetário, no meio do ano. Os dados históricos dão uma mensagem clara: quando o juro norte-americano sobe rápido, abaixo do Rio Grande o bicho pega.

Em Terra Papagalis, a inflação foi um fator importante para o ajuste fiscal. Ajudou a reduzir o salário real do funcionalismo público, que contabiliza aproximadamente 5% do PIB. Mas ela deve – e vai – cair. O único problema é que a contrapartida, quase inevitável, da alta de juros que vimos em 2021 (e seguiremos vendo em 2022, ao que tudo indica) é uma expressiva desaceleração cíclica da economia. Hoje, a maioria das previsões de crescimento para o PIB brasileiro gira em torno de 1% ou menos. É muito pouco e vai gerar tensão e pressões, como sói ocorrer, por medidas de cunho populista (ainda mais num ano eleitoral). Mais ainda: a combinação de juro em alta e crescimento em baixa piora muito a dinâmica da dívida pública, que já é uma das mais altas entre os emergentes. Concluindo, ainda que a ômicron não seja devastadora para a economia mundial, por aqui o ano que se inicia não parece nada auspicioso.

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Feliz Ano Velho

O ano de 2020 foi de recessão e doença. Em 2021, quem chamou a atenção foi a inflação. Uns 10%, coisa que não víamos fazia tempo. E em 2022? Qual será o destaque desse ano que se inicia? Bola de cristal não temos, mas palpitar (com algum fundamento) não faz mal, pois cremos que 2022 vai ser o ano do crescimento baixo e da tensão eleitoral.

E a ômicron? Nesse tema a incógnita é tão enorme que qualquer opinião envolve 88% de chute. De todo modo, no nosso cenário-base, ela atrapalha, mas não derruba como sua bisavó, a covid de 2020. Temos a vacina, sabemos melhor como lidar com a doença, nos adaptamos na medida do possível ao mundo virtual etc. Mas, de novo, aqui o terreno é pantanoso demais. Nosso cenário tem uma boa dose de torcida.

A inflação foi o bicho-papão de 2021. No mundo inteiro, ou quase, ela dobrou de patamar (ou mais!). No Brasil, foi de 4,5% para 10%. O motivo principal foi o tremendo choque adverso de oferta que empurrou os preços dos insumos para a Lua e gerou uma paralisia sem precedentes nas cadeias de produção. Esse choque, ao que parece, já começa a se desfazer, mas seus impactos tendem a ser persistentes. A inflação certamente vai declinar em 2022, mas quanto deve variar muito de país para país. O Brasil reverteu a expansão fiscal e a monetária – talvez tenha subido o juro até demais. Fomos o país que mais apertou a política monetária em 2021 e, em que pese a confusão sobre o teto, ajustamos bem nossas contas públicas. Por isso cremos que a inflação decline bastante em 2022. Já nos Estados Unidos, por exemplo, a política monetária está bastante atrasada ou atrás da curva, como dizem os economistas. O índice cheio beira 7% e o juro do banco central segue chapado lá no zero!

Que fique claro, não vemos muito problema com inflação alta por um ano ou dois. Ainda mais em tempos bicudos como os atuais. Nossa crítica é quanto à inércia do banco central dos Estados Unidos diante do fenômeno. E em termos globais, seria muito melhor subir juro gradualmente do que dar um cavalo de pau, com uma repentina acelerada do aperto monetário, no meio do ano. Os dados históricos dão uma mensagem clara: quando o juro norte-americano sobe rápido, abaixo do Rio Grande o bicho pega.

Em Terra Papagalis, a inflação foi um fator importante para o ajuste fiscal. Ajudou a reduzir o salário real do funcionalismo público, que contabiliza aproximadamente 5% do PIB. Mas ela deve – e vai – cair. O único problema é que a contrapartida, quase inevitável, da alta de juros que vimos em 2021 (e seguiremos vendo em 2022, ao que tudo indica) é uma expressiva desaceleração cíclica da economia. Hoje, a maioria das previsões de crescimento para o PIB brasileiro gira em torno de 1% ou menos. É muito pouco e vai gerar tensão e pressões, como sói ocorrer, por medidas de cunho populista (ainda mais num ano eleitoral). Mais ainda: a combinação de juro em alta e crescimento em baixa piora muito a dinâmica da dívida pública, que já é uma das mais altas entre os emergentes. Concluindo, ainda que a ômicron não seja devastadora para a economia mundial, por aqui o ano que se inicia não parece nada auspicioso.

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