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Juros funcionam contra inflação? Veja o que dizem os dados

Qualquer análise empírica séria envolve, inevitavelmente, métodos estatísticos sofisticados. Com técnicas mais simples, no entanto, é possível mostrar para uma quantidade mais abrangente de leitores, em linhas gerais, por onde a água corre.

Aqui usaremos apenas a correlação entre duas variáveis – os estatísticos sisudos que nos desculpem. As variáveis são a inflação dos preços livres e a taxa de juros no Brasil (a taxa Selic, aquela do BC). Os dados são trimestrais e podem ser obtidos no site do Banco Central.

Não sabemos se vocês foram convidados, mas rola um debate sobre o funcionamento da política monetária no Brasil. Ou seja, se apertos de juros derrubam a inflação e se afrouxamentos indevidos de juros elevam a inflação. Em outras palavras, se quando sobe um, desce o outro. Mas “sobe um, desce o outro” é equivalente a correlação negativa.

O que complica a historinha aqui é que o BC sobe o juro justamente quando a inflação está alta, para que ela caia. Mas se ele reage assim, na base do “inflação alta, juro tem que subir”, os dados vão tender a mostrar uma correlação positiva – e não negativa.

E agora, José?

Um jeito simples – talvez demais, sejamos francos – de descomplicar é fazer o seguinte: em vez de olhar para a correlação contemporânea, você olha para a defasada. "Juro mais alto neste trimestre significa inflação mais baixa nos trimestres à frente?” Bingo!

E para ver se o BC está fazendo a coisa certa, ou seja, se está fazendo cair juro quando a inflação vem se mostrando fraca, e elevando-o quando ela vem se mostrando forte, a gente inverte a lógica e testa a correlação da inflação hoje com o juro mais à frente (dois trimestres, neste exemplo a seguir).

O gráfico traz dados desde 2004. Vemos claramente que a alta de juro hoje está associada com a inflação mais baixa no futuro! A correlação negativa é bastante forte!

Também é possível ver que, ao menos por certo período de tempo, o BC andou pisando na bola: a correlação entre inflação hoje e juro mais adiante é negativa e perto de zero.

graf inflação 1

 

Agora vamos fazer o mesmo exercício, mas excluindo o período em que a maioria dos economistas concordaria que o BC pisou no tomate, ou deixou a peteca cair, ou fez vista grossa para a inflação pujante – você escolhe as palavras.

Veja só o que acontece (está abaixo). Primeiro, parece que a política monetária continua funcionando; a correlação entre juro Selic hoje e inflação depois de amanhã segue negativa. Segundo, o BC reage do modo convencional: sobe o juro se a inflação vem incomodando e baixa o juro quando ela dá trégua (correlação positiva).

graf inflação 2

Fizemos ainda uns testes econométricos mais “complicados” para ver se isso tudo segue sendo verdade. A resposta é que sim, a política monetária não está de ponta-cabeça no Brasil. E que os juros seguem seguem indicados quando o diagnóstico é inflação.

 

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Juros funcionam contra a inflação? Veja o que dizem os dados

Juros funcionam contra inflação? Veja o que dizem os dados Qualquer análise empírica séria envolve, inevitavelmente, métodos estatísticos sofisticados. Com técnicas mais simples, no entanto, é possível mostrar para uma quantidade mais abrangente de leitores, em linhas gerais, por onde a água corre. Aqui usaremos apenas a correlação entre duas variáveis – os estatísticos sisudos que nos desculpem. As variáveis são a inflação dos preços livres e a taxa de juros no Brasil (a taxa Selic, aquela do BC). Os dados são trimestrais e podem ser obtidos no site do Banco Central. Não sabemos se vocês foram convidados, mas rola um debate sobre o funcionamento da política monetária no Brasil. Ou seja, se apertos de juros derrubam a inflação e se afrouxamentos indevidos de juros elevam a inflação. Em outras palavras, se quando sobe um, desce o outro. Mas “sobe um, desce o outro” é equivalente a correlação negativa. O que complica a historinha aqui é que o BC sobe o juro justamente quando a inflação está alta, para que ela caia. Mas se ele reage assim, na base do “inflação alta, juro tem que subir”, os dados vão tender a mostrar uma correlação positiva – e não negativa. E agora, José? Um jeito simples – talvez demais, sejamos francos – de descomplicar é fazer o seguinte: em vez de olhar para a correlação contemporânea, você olha para a defasada. "Juro mais alto neste trimestre significa inflação mais baixa nos trimestres à frente?” Bingo! E para ver se o BC está fazendo a coisa certa, ou seja, se está fazendo cair juro quando a inflação vem se mostrando fraca, e elevando-o quando ela vem se mostrando forte, a gente inverte a lógica e testa a correlação da inflação hoje com o juro mais à frente (dois trimestres, neste exemplo a seguir). O gráfico traz dados desde 2004. Vemos claramente que a alta de juro hoje está associada com a inflação mais baixa no futuro! A correlação negativa é bastante forte! Também é possível ver que, ao menos por certo período de tempo, o BC andou pisando na bola: a correlação entre inflação hoje e juro mais adiante é negativa e perto de zero. graf inflação 1   Agora vamos fazer o mesmo exercício, mas excluindo o período em que a maioria dos economistas concordaria que o BC pisou no tomate, ou deixou a peteca cair, ou fez vista grossa para a inflação pujante – você escolhe as palavras. Veja só o que acontece (está abaixo). Primeiro, parece que a política monetária continua funcionando; a correlação entre juro Selic hoje e inflação depois de amanhã segue negativa. Segundo, o BC reage do modo convencional: sobe o juro se a inflação vem incomodando e baixa o juro quando ela dá trégua (correlação positiva). graf inflação 2 Fizemos ainda uns testes econométricos mais “complicados” para ver se isso tudo segue sendo verdade. A resposta é que sim, a política monetária não está de ponta-cabeça no Brasil. E que os juros seguem seguem indicados quando o diagnóstico é inflação.   Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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