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O Brasil voltou a crescer –agora vai? O PIB brasileiro cresceu 1% em 2017. Tiramos, por assim dizer, o pé da lama. Um pé apenas, é verdade, mas já é um começo. Principalmente quando comparado com 3,5% negativos...

Claro, quem vive de passado é museu, e o que você, leitor, quer saber é se agora vai! Infelizmente, não sabemos. Mas podemos continuar nossa conversa mesmo assim? Obrigado!

Pois bem, em tese as chances de melhora não são ruins. Primeiro, pelo motivo sem graça de que quase tudo o que cai muito tem que subir, e o nível do PIB ainda está lá embaixo.

Segundo, porque as ineficiências plantadas na época da Nova Matriz estão sendo gradualmente desmontadas, e já podemos começar a contar com uma melhor governança das empresas estatais.

Terceiro, porque com a inflação baixinha, os juros podem ficar baixinhos por um bom tempo. Quarto, porque o mundo vai indo bem, se recuperando –e ainda fazemos parte do mundo.

O problema é que há um “porém” gigantesco no meio do caminho. No meio do caminho havia um PORÉM. Que é o seguinte: o que vai acontecer com a política econômica a partir de 2019? Dúvida crudelíssima. "Non lo sappiamo". O que vemos é muito pré-candidato falando barbaridades na arena da economia, e isso é motivo para preocupação.

Retórica apenas, diriam alguns. Não importa. Ganhar uma eleição com discurso populista e depois tentar reverter para uma política econômica ortodoxa não dá certo. E é estelionato.

Em resumo, a incerteza vem daí. E não temos bola de cristal. O crescimento para os próximos quatro anos pode muito bem ser de uns 3% em média. E pode muito bem ser zero, ou menos até, como nos últimos anos.

GRÁFICO 01 - FOLHA 06.03

O quanto ficamos para trás por brincar com fogo, por achar que o equilíbrio nas contas públicas não importa, por meter o bedelho em tudo quanto é coisa microeconômica, por ter a ilusão de que juros podem ser baixos com inflação ainda alta?

A continha que fazemos é a seguinte: a gente pega o PIB ali no fim de 2013 e traça um PIB que não existiu para frente com base numa outra sequência de crescimento. Qual sequência? A taxa de crescimento média das outras economias não ricas para o mesmo período parece uma boa aproximação. Excluímos da amostra os cinco países que mais cresceram no período e os cinco que menos cresceram. Fazendo isso, a média dá 3%. Onde estaria o Brasil se tivesse crescido isso? Ou ao menos metade disso?

GRÁFICO 02 - FOLHA 06.03

No cenário mais benevolente, estamos 12% abaixo de onde deveríamos estar. É muita coisa. Para se ter uma ideia melhor, vamos olhar para frente, com olhos superotimistas, e tentar adivinhar quando o Brasil, se fizer tudo e mais um pouco certo, vai fechar essa boca de jacaré que se abriu aí no PIB. O exercício é o seguinte: o Brasil agora cresce a frenéticos 3% ao ano, e a linha vermelha segue no mesmo ritmo, entediante, de 1,5%. Quando empatamos?

GRÁFICO 03 - FOLHA 06.03

Nesse cenário maravilhoso, com reforma da Previdência aprovada, governo racional, Banco Central independente, finanças públicas melhorando gradualmente, melhor clima de negócios, gestão de excelência nas estatais, etc e tal, em 2026, voltaremos ao ponto do qual não deveríamos ter nos afastado.

 

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O Brasil voltou a crescer: agora vai?

O Brasil voltou a crescer –agora vai? O PIB brasileiro cresceu 1% em 2017. Tiramos, por assim dizer, o pé da lama. Um pé apenas, é verdade, mas já é um começo. Principalmente quando comparado com 3,5% negativos... Claro, quem vive de passado é museu, e o que você, leitor, quer saber é se agora vai! Infelizmente, não sabemos. Mas podemos continuar nossa conversa mesmo assim? Obrigado! Pois bem, em tese as chances de melhora não são ruins. Primeiro, pelo motivo sem graça de que quase tudo o que cai muito tem que subir, e o nível do PIB ainda está lá embaixo. Segundo, porque as ineficiências plantadas na época da Nova Matriz estão sendo gradualmente desmontadas, e já podemos começar a contar com uma melhor governança das empresas estatais. Terceiro, porque com a inflação baixinha, os juros podem ficar baixinhos por um bom tempo. Quarto, porque o mundo vai indo bem, se recuperando –e ainda fazemos parte do mundo. O problema é que há um “porém” gigantesco no meio do caminho. No meio do caminho havia um PORÉM. Que é o seguinte: o que vai acontecer com a política econômica a partir de 2019? Dúvida crudelíssima. "Non lo sappiamo". O que vemos é muito pré-candidato falando barbaridades na arena da economia, e isso é motivo para preocupação. Retórica apenas, diriam alguns. Não importa. Ganhar uma eleição com discurso populista e depois tentar reverter para uma política econômica ortodoxa não dá certo. E é estelionato. Em resumo, a incerteza vem daí. E não temos bola de cristal. O crescimento para os próximos quatro anos pode muito bem ser de uns 3% em média. E pode muito bem ser zero, ou menos até, como nos últimos anos. GRÁFICO 01 - FOLHA 06.03 O quanto ficamos para trás por brincar com fogo, por achar que o equilíbrio nas contas públicas não importa, por meter o bedelho em tudo quanto é coisa microeconômica, por ter a ilusão de que juros podem ser baixos com inflação ainda alta? A continha que fazemos é a seguinte: a gente pega o PIB ali no fim de 2013 e traça um PIB que não existiu para frente com base numa outra sequência de crescimento. Qual sequência? A taxa de crescimento média das outras economias não ricas para o mesmo período parece uma boa aproximação. Excluímos da amostra os cinco países que mais cresceram no período e os cinco que menos cresceram. Fazendo isso, a média dá 3%. Onde estaria o Brasil se tivesse crescido isso? Ou ao menos metade disso? GRÁFICO 02 - FOLHA 06.03 No cenário mais benevolente, estamos 12% abaixo de onde deveríamos estar. É muita coisa. Para se ter uma ideia melhor, vamos olhar para frente, com olhos superotimistas, e tentar adivinhar quando o Brasil, se fizer tudo e mais um pouco certo, vai fechar essa boca de jacaré que se abriu aí no PIB. O exercício é o seguinte: o Brasil agora cresce a frenéticos 3% ao ano, e a linha vermelha segue no mesmo ritmo, entediante, de 1,5%. Quando empatamos? GRÁFICO 03 - FOLHA 06.03 Nesse cenário maravilhoso, com reforma da Previdência aprovada, governo racional, Banco Central independente, finanças públicas melhorando gradualmente, melhor clima de negócios, gestão de excelência nas estatais, etc e tal, em 2026, voltaremos ao ponto do qual não deveríamos ter nos afastado.   Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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