Uma plataforma que vai te ajudar a entender um pouco mais de economia.

 

Na semana passada, o Deutsche Bank – o maior banco da Alemanha – deu um baita susto nos mercados ao redor do mundo. Tudo porque o Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou o desejo de multar o banco em astronômicos US$ 14 bilhões. Resultado: as ações do banco despencaram para a mínima histórica, arrastando para baixo as principais bolsas de valores do mundo.

http://porque.com.br/por-que-os-bancos-sao-importantes/?utm_source=Facebook&utm_medium=Social&utm_campaign=Bancos

Para entendermos, temos de voltar a 2008, ano em que o mundo foi abalado por grave crise financeira.

Assim como outros bancos, o Deutsche é acusado de vender gato por lebre. O banco teria empurrado investimentos como superseguros, quando, na verdade, nada seria tão seguro assim – incluíam, por exemplo, financiamentos de casa própria de indivíduos que não tinham dinheiro para arcar com isso (o tal do subprime).

Quando a crise mundial estourou, em 2008, esses indivíduos começaram a dar calote em suas dívidas – o que comprometeu a rentabilidade dos investimentos vendidos pelos bancos.

Por causa disso, Justiça americana quer multar o Deutsche Bank. Para ter ideia do tamanho da bolada, é coisa maior que os PIBs de Mongólia, Nicarágua e Zimbábue.

Essa foi uma notícia negativa e bombástica para o banco? Tanto foi que suas ações entraram em queda livre.

Ok, mas, fora isso, há motivos para maiores preocupações? Sim.

Para entender as possíveis consequências, precisamos descrever brevemente como um banco funciona:

O banco é uma empresa que recebe dinheiro de quem tem recursos em excesso (os poupadores) e empresta para quem está precisando (os devedores).

Entre os poupadores temos pessoas com contas bancárias individuais, como eu e você. Há também grandes investidores de fundos de pensão e outros tipos de aplicação.

Os devedores envolvem tanto consumidores que gastam além do que ganham regularmente (por exemplo, porque estão comprando uma casa ou um automóvel) como empresas que estão realizando investimentos.

Quando você faz um depósito no banco, essa grana não fica parada lá, ao contrário do que se possa pensar.

Sim, o banco deixa parte desse dinheiro em caixa para permitir retiradas ou porque as autoridades o forçam a segurar parte desse dinheiro. Mas uma parte importante é emprestada para pessoas ou empresas em busca de dinheiro para quitar dívidas ou investir.

O que acontece, portanto, se todos os correntistas do banco forem ao mesmo tempo sacar seus depósitos?

Bingo: o banco não conseguirá pagar todo mundo! E é aí que mora o perigo.

Se ninguém acredita que o banco consegue pagar todo mundo, as pessoas correm para chegar antes e retirar a grana. É o que se chama de corrida bancária. Na cabeça dos clientes, quem chegar primeiro tem mais chances de fazer a retirada; quem chegar por último, provavelmente, ficará de mãos abanando. E isso faz com que o banco quebre.

Se as pessoas acreditam que o banco não tem grana para aguentar o ímpeto desesperado de seus correntistas, esse banco pode quebrar mesmo que esteja com as finanças em ordem.

A chance de isso ocorrer no caso do Deutsche assustou meio mundo. Com a notícia de que as finanças do banco estariam ameaçadas pelo processo na Justiça dos Estados Unidos, alguns investidores começaram a tirar a grana. Felizmente, um movimento mais ávido por parte dos investidores não se materializou. E o banco sobreviveu.

Mas o principal problema é: uma potencial quebra do banco poderia se alastrar pelo sistema financeiro, como acontecem após a quebra de outras instituições financeiras em 2008.

Por quê? Porque os bancos estão interligados, fazem e tomam empréstimos entre si. Isso também pode significar menos recursos para empresas que precisam de capital de giro e investir. Ou seja, há potenciais efeitos no setor real, com menor geração de renda e emprego.

Já vimos tudo isso na crise de 2008.  Desde então, a regulação no setor financeiro apertou. As normas vigentes exigem maiores volumes de dinheiro parado nos bancos para evitar situações desse tipo. Vejamos se as regras são suficientes para evitar uma nova crise financeira.

Por ora, vai funcionando. Mas há ainda bastante incerteza e turbulência no mercado. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

 

O fantasma da crise de 2008 mora na Alemanha. Por quê?

  Na semana passada, o Deutsche Bank – o maior banco da Alemanha – deu um baita susto nos mercados ao redor do mundo. Tudo porque o Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou o desejo de multar o banco em astronômicos US$ 14 bilhões. Resultado: as ações do banco despencaram para a mínima histórica, arrastando para baixo as principais bolsas de valores do mundo. http://porque.com.br/por-que-os-bancos-sao-importantes/?utm_source=Facebook&utm_medium=Social&utm_campaign=Bancos Para entendermos, temos de voltar a 2008, ano em que o mundo foi abalado por grave crise financeira. Assim como outros bancos, o Deutsche é acusado de vender gato por lebre. O banco teria empurrado investimentos como superseguros, quando, na verdade, nada seria tão seguro assim – incluíam, por exemplo, financiamentos de casa própria de indivíduos que não tinham dinheiro para arcar com isso (o tal do subprime). Quando a crise mundial estourou, em 2008, esses indivíduos começaram a dar calote em suas dívidas – o que comprometeu a rentabilidade dos investimentos vendidos pelos bancos. Por causa disso, Justiça americana quer multar o Deutsche Bank. Para ter ideia do tamanho da bolada, é coisa maior que os PIBs de Mongólia, Nicarágua e Zimbábue. Essa foi uma notícia negativa e bombástica para o banco? Tanto foi que suas ações entraram em queda livre. Ok, mas, fora isso, há motivos para maiores preocupações? Sim. Para entender as possíveis consequências, precisamos descrever brevemente como um banco funciona: O banco é uma empresa que recebe dinheiro de quem tem recursos em excesso (os poupadores) e empresta para quem está precisando (os devedores). Entre os poupadores temos pessoas com contas bancárias individuais, como eu e você. Há também grandes investidores de fundos de pensão e outros tipos de aplicação. Os devedores envolvem tanto consumidores que gastam além do que ganham regularmente (por exemplo, porque estão comprando uma casa ou um automóvel) como empresas que estão realizando investimentos. Quando você faz um depósito no banco, essa grana não fica parada lá, ao contrário do que se possa pensar. Sim, o banco deixa parte desse dinheiro em caixa para permitir retiradas ou porque as autoridades o forçam a segurar parte desse dinheiro. Mas uma parte importante é emprestada para pessoas ou empresas em busca de dinheiro para quitar dívidas ou investir. O que acontece, portanto, se todos os correntistas do banco forem ao mesmo tempo sacar seus depósitos? Bingo: o banco não conseguirá pagar todo mundo! E é aí que mora o perigo. Se ninguém acredita que o banco consegue pagar todo mundo, as pessoas correm para chegar antes e retirar a grana. É o que se chama de corrida bancária. Na cabeça dos clientes, quem chegar primeiro tem mais chances de fazer a retirada; quem chegar por último, provavelmente, ficará de mãos abanando. E isso faz com que o banco quebre. Se as pessoas acreditam que o banco não tem grana para aguentar o ímpeto desesperado de seus correntistas, esse banco pode quebrar mesmo que esteja com as finanças em ordem. A chance de isso ocorrer no caso do Deutsche assustou meio mundo. Com a notícia de que as finanças do banco estariam ameaçadas pelo processo na Justiça dos Estados Unidos, alguns investidores começaram a tirar a grana. Felizmente, um movimento mais ávido por parte dos investidores não se materializou. E o banco sobreviveu. Mas o principal problema é: uma potencial quebra do banco poderia se alastrar pelo sistema financeiro, como acontecem após a quebra de outras instituições financeiras em 2008. Por quê? Porque os bancos estão interligados, fazem e tomam empréstimos entre si. Isso também pode significar menos recursos para empresas que precisam de capital de giro e investir. Ou seja, há potenciais efeitos no setor real, com menor geração de renda e emprego. Já vimos tudo isso na crise de 2008.  Desde então, a regulação no setor financeiro apertou. As normas vigentes exigem maiores volumes de dinheiro parado nos bancos para evitar situações desse tipo. Vejamos se as regras são suficientes para evitar uma nova crise financeira. Por ora, vai funcionando. Mas há ainda bastante incerteza e turbulência no mercado. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.  
Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?clique aqui e assine a nossa Newsletter.

Siga a gente no Facebook e Twitter!
Inscreva-se no nosso canal no YouTube!
Curta as nossas fotos no Instagram!

O que você achou desse texto?

*Não é necessário cadastro.

Avaliação de quem leu:

Avalie esse texto Não é necessário cadastro

A plataforma Por Quê?Economês em bom português nasceu em 2015, com o objetivo de explicar conceitos básicos de economia e tornar o noticiário econômico acessível ao público não especializado. Acreditamos que o raciocínio econômico é essencial para a compreensão da realidade que nos cerca.

Iniciativa

Bei editora
Usamos cookies por vários motivos, como manter o site do PQ? confiável ​​e seguro, personalizar conteúdo e anúncios,
fornecer recursos de mídia social e analisar como o site é usado. Para maiores informações veja nossa Política de Privacidade.