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																					“Água!”, bradou Cristiano Ronaldo no início da coletiva de imprensa da equipe portuguesa na semana passada, antes do jogo contra a Hungria pela Eurocopa. E retirou garrafas de Coca-Cola (patrocinador do evento) de sua frente. O gesto ecoa preocupações de parte da sociedade com o consumo excessivo de bebidas açucaradas, que podem causar obesidade, diabetes e doenças do coração. Diversos governos já estão respondendo a isso, inclusive colocando impostos mais altos sobre esses produtos.

Na teoria econômica, há argumentos sólidos em favor de restrições ao consumo de bebidas açucaradas.  Afinal, o custo das ações de um indivíduo acaba sendo compartilhado com o resto da sociedade, ao onerar sistemas de saúde privados e públicos. Um imposto ajuda a desestimular esse tipo de comportamento. Além disso, as pessoas podem ter problemas de autocontrole, e não ponderam as consequências das ações correntes sobre si mesmas no futuro. A restrição pode trazer custos de curto prazo (via menor consumo no presente), porém benefícios futuros na forma de saúde e qualidade de vida.

Campanhas de informação e conscientização também podem ser úteis para mudar comportamentos, complementando políticas de restrição como impostos. Nesse sentido, o gesto de CR7 foi bastante significativo. Ainda que não seja a primeira pessoa no futebol a falar do assunto, ele é certamente o mais famoso e influente.

Qual o impacto disso? Ainda não dá para saber. Entretanto, preços de ações em bolsas de valores nos dão uma primeira indicação. A imprensa especializada chegou a noticiar uma queda de quase 2% nos papéis da Coca-Cola, na esteira da coletiva de imprensa do dia 14. A empresa teria perdido 4 bilhões de dólares de valor de mercado. 

O raciocínio faz sentido: o preço da ação de uma empresa reflete a expectativa futura de seus lucros. Se algo reduz essa perspectiva, a ação da empresa fica menos atrativa para investidores, e seu preço cai. No caso, o mercado poderia ter interpretado que a mensagem de CR7 faria com que as pessoas quisessem consumir menos Coca-Cola no futuro, empurrando a lucratividade futura da empresa para baixo.

Mas muito cuidado nessa hora!

Ao olharmos para os dados, percebemos que diversos outros fatores podem mexer com essas expectativas sobre o futuro da empresa e os preços de suas ações. Além disso, a queda mencionada não é tão grande assim, comparada ao comportamento da ação ao longo do tempo. E, apesar de notarmos uma queda forte e rápida na ação da Coca-Cola no dia 14 de junho, ela ocorre logo na abertura do pregão. O preço, assim, pode estar incorporando informações que apareceram no final de semana – e não necessariamente o impacto da coletiva de imprensa de Portugal.

Em suma, não dá para afirmar muita coisa olhando para o preço da ação da empresa naquele momento.    

COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE SÃO PAULO

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O gesto de CR7

“Água!”, bradou Cristiano Ronaldo no início da coletiva de imprensa da equipe portuguesa na semana passada, antes do jogo contra a Hungria pela Eurocopa. E retirou garrafas de Coca-Cola (patrocinador do evento) de sua frente. O gesto ecoa preocupações de parte da sociedade com o consumo excessivo de bebidas açucaradas, que podem causar obesidade, diabetes e doenças do coração. Diversos governos já estão respondendo a isso, inclusive colocando impostos mais altos sobre esses produtos.

Na teoria econômica, há argumentos sólidos em favor de restrições ao consumo de bebidas açucaradas.  Afinal, o custo das ações de um indivíduo acaba sendo compartilhado com o resto da sociedade, ao onerar sistemas de saúde privados e públicos. Um imposto ajuda a desestimular esse tipo de comportamento. Além disso, as pessoas podem ter problemas de autocontrole, e não ponderam as consequências das ações correntes sobre si mesmas no futuro. A restrição pode trazer custos de curto prazo (via menor consumo no presente), porém benefícios futuros na forma de saúde e qualidade de vida.

Campanhas de informação e conscientização também podem ser úteis para mudar comportamentos, complementando políticas de restrição como impostos. Nesse sentido, o gesto de CR7 foi bastante significativo. Ainda que não seja a primeira pessoa no futebol a falar do assunto, ele é certamente o mais famoso e influente.

Qual o impacto disso? Ainda não dá para saber. Entretanto, preços de ações em bolsas de valores nos dão uma primeira indicação. A imprensa especializada chegou a noticiar uma queda de quase 2% nos papéis da Coca-Cola, na esteira da coletiva de imprensa do dia 14. A empresa teria perdido 4 bilhões de dólares de valor de mercado. 

O raciocínio faz sentido: o preço da ação de uma empresa reflete a expectativa futura de seus lucros. Se algo reduz essa perspectiva, a ação da empresa fica menos atrativa para investidores, e seu preço cai. No caso, o mercado poderia ter interpretado que a mensagem de CR7 faria com que as pessoas quisessem consumir menos Coca-Cola no futuro, empurrando a lucratividade futura da empresa para baixo.

Mas muito cuidado nessa hora!

Ao olharmos para os dados, percebemos que diversos outros fatores podem mexer com essas expectativas sobre o futuro da empresa e os preços de suas ações. Além disso, a queda mencionada não é tão grande assim, comparada ao comportamento da ação ao longo do tempo. E, apesar de notarmos uma queda forte e rápida na ação da Coca-Cola no dia 14 de junho, ela ocorre logo na abertura do pregão. O preço, assim, pode estar incorporando informações que apareceram no final de semana – e não necessariamente o impacto da coletiva de imprensa de Portugal.

Em suma, não dá para afirmar muita coisa olhando para o preço da ação da empresa naquele momento.    

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