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Há 25 anos, o Plano Real finalmente colocava fim à hiperinflação no Brasil. Falaremos mais sobre o assunto ao longo da semana. O propósito deste texto é simplesmente mostrar alguns dados para fornecer a dimensão do problema. O gráfico a seguir mostra a taxa de inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador de mudança média nos preços brasileiros, que inclusive baliza as ações de política monetária do Banco Central. Note que os dados são mensais.



O Plano Real entrou em ação no dia 1º de julho de 1994. No mês anterior, a inflação batera os 47,43%. Isso é um número muito elevado, haja vista que os dados estão em frequência mensal. Recentemente falamos do problema sério da inflação na Argentina, que está com valores nessa magnitude – porém anuais! E esse não é nem o máximo da nossa série, que alcançou mais de 80% no finalzinho do governo Sarney, em 1990.

Veja que, no mês seguinte à entrada em ação do Plano Real, a inflação despenca e fica em patamares civilizados até hoje. No gráfico dá para ver também a ação de outros planos de estabilização, que temporariamente derrubaram a inflação, mas não resolveram o problema – ela logo voltava e com força. Destaco o Plano Cruzado, do início de 1986, que tentou controlar a inflação com base em congelamento de preços. E o Plano Collor, de março de 1990, que utilizou o malfadado confisco de ativos.

Na verdade, o problema da inflação alta vinha de longa data. No início da década de 1980, ela já ficava consistentemente em torno dos 5% mensais, ultrapassando de vez em quando a marca dos dois dígitos. A partir de 1983, fica acima dos 10% em quase todos os meses, antes de sair do controle na segunda metade da década.

Se voltarmos ainda mais no tempo, vemos novamente como o período pós-1994 difere do nosso histórico. Dispomos de outros índices de inflação no Brasil, em frequência mensal, com séries bem mais longas. Confira no gráfico abaixo a inflação medida pelo IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas, a partir de 1959. Desde aquela época a inflação era mais alta que atualmente. E a tendência de subida na taxa, que culmina na hiperinflação dos anos 1980 e 1990, já aparece em meados dos anos 1970.



Para finalizar, e enfatizar como a economia brasileira mudou depois do Plano Real, mostramos o mesmo gráfico do IPCA, mas apenas a partir de 1995. O pico de inflação mensal é de 3,02%, observado em novembro de 2002. Nesse período, que antecipou a chegada do presidente Lula ao poder, havia a expectativa de que ele pudesse implantar políticas que levassem à expropriação de investimentos e calote na dívida pública (algo que havia prometido no passado). Nada disso ocorreu, mas a mera expectativa gerou um baita estresse no mercado financeiro, com o dólar disparando, o que acabou repercutindo na inflação.

Mas esses valores não são nada se comparados aos dados de inflação no período pré-1994.

 



Para ter uma ideia: entre janeiro de 1980 e junho de 1994, os preços cresceram em média 112.535.717.046 vezes! Já entre julho de 1994 e maio de 2019, eles aumentaram 5,69 vezes.

Fonte dos dados: Ipeadata

http://www.ipeadata.gov.br/Default.aspx

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O Plano Real e o fim da hiperinflação

Há 25 anos, o Plano Real finalmente colocava fim à hiperinflação no Brasil. Falaremos mais sobre o assunto ao longo da semana. O propósito deste texto é simplesmente mostrar alguns dados para fornecer a dimensão do problema. O gráfico a seguir mostra a taxa de inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador de mudança média nos preços brasileiros, que inclusive baliza as ações de política monetária do Banco Central. Note que os dados são mensais. O Plano Real entrou em ação no dia 1º de julho de 1994. No mês anterior, a inflação batera os 47,43%. Isso é um número muito elevado, haja vista que os dados estão em frequência mensal. Recentemente falamos do problema sério da inflação na Argentina, que está com valores nessa magnitude – porém anuais! E esse não é nem o máximo da nossa série, que alcançou mais de 80% no finalzinho do governo Sarney, em 1990. Veja que, no mês seguinte à entrada em ação do Plano Real, a inflação despenca e fica em patamares civilizados até hoje. No gráfico dá para ver também a ação de outros planos de estabilização, que temporariamente derrubaram a inflação, mas não resolveram o problema – ela logo voltava e com força. Destaco o Plano Cruzado, do início de 1986, que tentou controlar a inflação com base em congelamento de preços. E o Plano Collor, de março de 1990, que utilizou o malfadado confisco de ativos. Na verdade, o problema da inflação alta vinha de longa data. No início da década de 1980, ela já ficava consistentemente em torno dos 5% mensais, ultrapassando de vez em quando a marca dos dois dígitos. A partir de 1983, fica acima dos 10% em quase todos os meses, antes de sair do controle na segunda metade da década. Se voltarmos ainda mais no tempo, vemos novamente como o período pós-1994 difere do nosso histórico. Dispomos de outros índices de inflação no Brasil, em frequência mensal, com séries bem mais longas. Confira no gráfico abaixo a inflação medida pelo IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas, a partir de 1959. Desde aquela época a inflação era mais alta que atualmente. E a tendência de subida na taxa, que culmina na hiperinflação dos anos 1980 e 1990, já aparece em meados dos anos 1970. Para finalizar, e enfatizar como a economia brasileira mudou depois do Plano Real, mostramos o mesmo gráfico do IPCA, mas apenas a partir de 1995. O pico de inflação mensal é de 3,02%, observado em novembro de 2002. Nesse período, que antecipou a chegada do presidente Lula ao poder, havia a expectativa de que ele pudesse implantar políticas que levassem à expropriação de investimentos e calote na dívida pública (algo que havia prometido no passado). Nada disso ocorreu, mas a mera expectativa gerou um baita estresse no mercado financeiro, com o dólar disparando, o que acabou repercutindo na inflação. Mas esses valores não são nada se comparados aos dados de inflação no período pré-1994.   Para ter uma ideia: entre janeiro de 1980 e junho de 1994, os preços cresceram em média 112.535.717.046 vezes! Já entre julho de 1994 e maio de 2019, eles aumentaram 5,69 vezes. Fonte dos dados: Ipeadata http://www.ipeadata.gov.br/Default.aspx Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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