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A economia mundial está em desaceleração. Não que estivesse crescendo muito nos últimos anos – com exceção dos EUA – mas agora o quadro vai ficando preocupante. A Europa lidera um processo de crescimento mixuruca, mas nem os ditos emergentes mostram o mesmo fôlego de antanho. Sempre que a economia desacelera mais do que o normal, ou no linguajar do economista, cai abaixo do seu "potencial", a primeira linha de defesa é esta: reduzir a taxa de juros! Juros menores aumentam a atratividade de se investir em máquinas, comprar uma casa, uma geladeira, trocar de carro etc. Em suma, ajuda a tirar a economia do buraco. Porém...

E se os juros já se encontram em patamares baixíssimos em vista, digamos, de uma recessão ocorrida não muito tempo atrás? Sendo mais preciso: e se as taxas de juros praticadas pelo Banco Central já estiverem em zero, ou seja, na lona total. Dá para cair abaixo do nível do chão? Muito dificilmente... Imagine que os juros passem, na Europa, de 0% para -2%. Para que eu vou colocar meu dinheiro num banco? Deixando-o em casa, eu recebo zero. No banco, eu perco 2% ao ano!

Tudo bem que em casa você pode ser roubado mais facilmente, e por isso os juros nominais podem até ser negativos, tipo uns -0,25%, mas há um piso. Não dá para descer a -3%, por exemplo. Nesse sentido, a política monetária é assimétrica. Para reduzir a inflação, pode subir o quanto for, mas para lutar contra a deflação, há uma barreira inferior.

Quando o juro vai a zero, a política monetária perde eficácia. Mas não totalmente. É preciso enveredar por caminhos menos tradicionais, como aliás fizeram e seguem fazendo diversas economias com alto risco de deflação. O governo pode, por exemplo, emitir moeda para comprar dívida de empresas, ou sua própria, injetando liquidez na economia. Tem efeitos positivos esse tal de relaxamento quantitativo, mas você faz uma vez e ajuda, duas vezes e já ajuda menos, três vezes e já pouca coisa acontece...

Ainda assim nem tudo está perdido. Acabou o gás da política monetária, use a fiscal em se tratando de uma recessão severa! Incremente gastos sem aumentar impostos, ou melhor, reduza alguns impostos por um período de, digamos seis meses, para dar um incentivo maior para as empresas investirem imediatamente.

Verdade que, de todo modo, sem juro para cortar fica mais difícil de enxotar a deflação. Não à toa, as pessoas e os mercados estão preocupados com a Europa, o Japão e os Estados Unidos. E com o Brasil? Apesar de estarmos um tanto quanto estupefatos com juros nominais na casa dos 5%, ainda estamos bastante longe do zero. O problema não está aí.  




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O que é o zero bound e por que ele é um problema?

A economia mundial está em desaceleração. Não que estivesse crescendo muito nos últimos anos – com exceção dos EUA – mas agora o quadro vai ficando preocupante. A Europa lidera um processo de crescimento mixuruca, mas nem os ditos emergentes mostram o mesmo fôlego de antanho. Sempre que a economia desacelera mais do que o normal, ou no linguajar do economista, cai abaixo do seu "potencial", a primeira linha de defesa é esta: reduzir a taxa de juros! Juros menores aumentam a atratividade de se investir em máquinas, comprar uma casa, uma geladeira, trocar de carro etc. Em suma, ajuda a tirar a economia do buraco. Porém...

E se os juros já se encontram em patamares baixíssimos em vista, digamos, de uma recessão ocorrida não muito tempo atrás? Sendo mais preciso: e se as taxas de juros praticadas pelo Banco Central já estiverem em zero, ou seja, na lona total. Dá para cair abaixo do nível do chão? Muito dificilmente... Imagine que os juros passem, na Europa, de 0% para -2%. Para que eu vou colocar meu dinheiro num banco? Deixando-o em casa, eu recebo zero. No banco, eu perco 2% ao ano!

Tudo bem que em casa você pode ser roubado mais facilmente, e por isso os juros nominais podem até ser negativos, tipo uns -0,25%, mas há um piso. Não dá para descer a -3%, por exemplo. Nesse sentido, a política monetária é assimétrica. Para reduzir a inflação, pode subir o quanto for, mas para lutar contra a deflação, há uma barreira inferior.

Quando o juro vai a zero, a política monetária perde eficácia. Mas não totalmente. É preciso enveredar por caminhos menos tradicionais, como aliás fizeram e seguem fazendo diversas economias com alto risco de deflação. O governo pode, por exemplo, emitir moeda para comprar dívida de empresas, ou sua própria, injetando liquidez na economia. Tem efeitos positivos esse tal de relaxamento quantitativo, mas você faz uma vez e ajuda, duas vezes e já ajuda menos, três vezes e já pouca coisa acontece...

Ainda assim nem tudo está perdido. Acabou o gás da política monetária, use a fiscal em se tratando de uma recessão severa! Incremente gastos sem aumentar impostos, ou melhor, reduza alguns impostos por um período de, digamos seis meses, para dar um incentivo maior para as empresas investirem imediatamente.

Verdade que, de todo modo, sem juro para cortar fica mais difícil de enxotar a deflação. Não à toa, as pessoas e os mercados estão preocupados com a Europa, o Japão e os Estados Unidos. E com o Brasil? Apesar de estarmos um tanto quanto estupefatos com juros nominais na casa dos 5%, ainda estamos bastante longe do zero. O problema não está aí.  






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