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A cidade de Nova York recentemente aprovou a proposta de cobrar motoristas que decidam circular na área de Manhattan, adotando aquilo que no Brasil se convencionou chamar de “pedágio urbano”. Essa política já é aplicada em outras metrópoles do mundo desenvolvido, como Londres, Estocolmo e Singapura.

Trata-se de uma forma relativamente eficiente de combater congestionamentos. Além de desestimular o uso do carro (o que também é bom para o meio ambiente), ainda garante arrecadação para o governo.

A medida faz sentido em termos econômicos. Afinal, o espaço na via congestionada é um recurso escasso. Se um carro está lá, ele impede que outro carro ocupe aquele lugar. A lógica é parecida com a da maioria dos bens e serviços que temos por aí. Pense, por exemplo, em uma maçã: se uma pessoa decide comê-la, ela impede que outra pessoa a consuma. É o que chamamos de bem rival.

Para controlar a escassez nesses mercados, entra em ação o sistema de preços. Voltando ao exemplo: não há no mundo maçãs suficientes para que todos possam consumir o quanto quiserem. Se todos pudessem comer maçãs à vontade, teríamos que devotar muitos recursos (terra, trabalho etc.) para produzi-las, sacrificando a produção de outros bens e serviços que são valorizados pela sociedade.

Como o preço da maçã é positivo, ele acaba impedindo algumas pessoas de consumirem a fruta, e faz com que não se queira comer quantidades absurdamente grandes dela.

Mas com as ruas normalmente não é assim. Não se paga para percorrê-las. Isso incentiva o uso excessivo, o que acaba resultando em congestionamentos – particularmente problemáticos em grandes cidades.

O pedágio urbano segue a mesma lógica descrita acima, ao colocar um preço no recurso escasso e limitar seu uso. De quebra, provê para o governo receita que pode ser usada para outras coisas – educação, saúde, segurança, cultura etc. Ou pode até permitir que se reduzam impostos em outras margens.

https://youtu.be/Ns03861pPZA

Mas Nova York apontou uma destinação específica para a arrecadação: custear a melhora de sua infraestrutura de transportes públicos, que anda bem combalida. Esse aspecto pode ajudar a “vender” a política, porém não é tão importante assim.

Para entender esse ponto, suponha que se pretenda gastar X dólares com obras de metrô. Sem a grana do pedágio urbano, os governantes destinam X dólares do orçamento público para essa rubrica.

Se dissermos que há um dinheiro Y carimbado para tal despesa, os governantes podem simplesmente diminuir o valor do orçamento que destinariam para essas obras (e usar esses recursos para financiar outras coisas). Então, se você diz que há Y dólares a mais para gastar com metrô, isso não necessariamente significa que os recursos destinados a tal irão aumentar em Y.

***

Várias grandes cidades da América Latina optam por uma maneira alternativa de controlar a escassez de espaço nas ruas: impedindo que determinados veículos trafeguem durante um horário específico. Em São Paulo, isso é conhecido como rodízio municipal. Carros com certo final de placa não podem circular durante horários de pico (7h às 10h e das 17h às 20h), na área do chamado centro expandido. Assim, veículos com placas terminadas em 1 ou 2 não rodam às segundas-feiras; terminados em 3 ou 4 não rodam às terças-feiras e assim por diante.

Para quem violar a lei, multa e pontos na carteira. Câmeras espalhadas na cidade verificam o cumprimento do rodízio.

Ou seja, em vez de utilizar os preços para fazer a restrição, tenta-se controlar diretamente a quantidade de veículos em circulação.

Esse sistema é ineficiente por dois motivos. Primeiro, ao contrário do pedágio urbano, o governo deixa de arrecadar recursos (exceto com multas) que poderiam ser utilizados para financiar suas despesas e o provimento de serviços públicos.

Segundo, há maneiras de evitar a cobrança. Por exemplo, a pessoa pode pegar um táxi ou Uber nos dias em que seu carro está sujeito ao rodízio. Ou usar o carro de outra pessoa da família. Isso faz com que o número de veículos circulando não caia tanto assim, limitando o impacto da restrição.

No caso do pedágio urbano, essas alternativas não estão disponíveis. Afinal, todo veículo circulando em determinada área tem que pagar, seja o seu carro particular, o carro que você pegou emprestado, ou o táxi/Uber que você está utilizando. É bem mais difícil escapar da cobrança.

Precisamos definitivamente falar de pedágio urbano por aqui. Está mais do que na hora.

 

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Pedágio urbano: o que é e como funciona?

A cidade de Nova York recentemente aprovou a proposta de cobrar motoristas que decidam circular na área de Manhattan, adotando aquilo que no Brasil se convencionou chamar de “pedágio urbano”. Essa política já é aplicada em outras metrópoles do mundo desenvolvido, como Londres, Estocolmo e Singapura. Trata-se de uma forma relativamente eficiente de combater congestionamentos. Além de desestimular o uso do carro (o que também é bom para o meio ambiente), ainda garante arrecadação para o governo. A medida faz sentido em termos econômicos. Afinal, o espaço na via congestionada é um recurso escasso. Se um carro está lá, ele impede que outro carro ocupe aquele lugar. A lógica é parecida com a da maioria dos bens e serviços que temos por aí. Pense, por exemplo, em uma maçã: se uma pessoa decide comê-la, ela impede que outra pessoa a consuma. É o que chamamos de bem rival. Para controlar a escassez nesses mercados, entra em ação o sistema de preços. Voltando ao exemplo: não há no mundo maçãs suficientes para que todos possam consumir o quanto quiserem. Se todos pudessem comer maçãs à vontade, teríamos que devotar muitos recursos (terra, trabalho etc.) para produzi-las, sacrificando a produção de outros bens e serviços que são valorizados pela sociedade. Como o preço da maçã é positivo, ele acaba impedindo algumas pessoas de consumirem a fruta, e faz com que não se queira comer quantidades absurdamente grandes dela. Mas com as ruas normalmente não é assim. Não se paga para percorrê-las. Isso incentiva o uso excessivo, o que acaba resultando em congestionamentos – particularmente problemáticos em grandes cidades. O pedágio urbano segue a mesma lógica descrita acima, ao colocar um preço no recurso escasso e limitar seu uso. De quebra, provê para o governo receita que pode ser usada para outras coisas – educação, saúde, segurança, cultura etc. Ou pode até permitir que se reduzam impostos em outras margens. https://youtu.be/Ns03861pPZA Mas Nova York apontou uma destinação específica para a arrecadação: custear a melhora de sua infraestrutura de transportes públicos, que anda bem combalida. Esse aspecto pode ajudar a “vender” a política, porém não é tão importante assim. Para entender esse ponto, suponha que se pretenda gastar X dólares com obras de metrô. Sem a grana do pedágio urbano, os governantes destinam X dólares do orçamento público para essa rubrica. Se dissermos que há um dinheiro Y carimbado para tal despesa, os governantes podem simplesmente diminuir o valor do orçamento que destinariam para essas obras (e usar esses recursos para financiar outras coisas). Então, se você diz que há Y dólares a mais para gastar com metrô, isso não necessariamente significa que os recursos destinados a tal irão aumentar em Y. *** Várias grandes cidades da América Latina optam por uma maneira alternativa de controlar a escassez de espaço nas ruas: impedindo que determinados veículos trafeguem durante um horário específico. Em São Paulo, isso é conhecido como rodízio municipal. Carros com certo final de placa não podem circular durante horários de pico (7h às 10h e das 17h às 20h), na área do chamado centro expandido. Assim, veículos com placas terminadas em 1 ou 2 não rodam às segundas-feiras; terminados em 3 ou 4 não rodam às terças-feiras e assim por diante. Para quem violar a lei, multa e pontos na carteira. Câmeras espalhadas na cidade verificam o cumprimento do rodízio. Ou seja, em vez de utilizar os preços para fazer a restrição, tenta-se controlar diretamente a quantidade de veículos em circulação. Esse sistema é ineficiente por dois motivos. Primeiro, ao contrário do pedágio urbano, o governo deixa de arrecadar recursos (exceto com multas) que poderiam ser utilizados para financiar suas despesas e o provimento de serviços públicos. Segundo, há maneiras de evitar a cobrança. Por exemplo, a pessoa pode pegar um táxi ou Uber nos dias em que seu carro está sujeito ao rodízio. Ou usar o carro de outra pessoa da família. Isso faz com que o número de veículos circulando não caia tanto assim, limitando o impacto da restrição. No caso do pedágio urbano, essas alternativas não estão disponíveis. Afinal, todo veículo circulando em determinada área tem que pagar, seja o seu carro particular, o carro que você pegou emprestado, ou o táxi/Uber que você está utilizando. É bem mais difícil escapar da cobrança. Precisamos definitivamente falar de pedágio urbano por aqui. Está mais do que na hora.   Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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