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							O novo ano chegou – mais rápido do que usualmente, diriam alguns. O ano de 2023 foi bom para a economia brasileira, com inflação em queda e indicadores econômicos melhores do que o esperado pela maioria dos analistas. Mas e 2024?

 Em termos de reformas estruturais propulsoras de crescimento, o governo propôs uma reforma tributária boa, mas que terminou bastante aguada no Congresso, onde foi minada pelos grupos de interesse de sempre. No lado fiscal, o novo arcabouço não é bom, como já discutimos em outras publicações. Promove gastos num país que já gasta demais e aposta no crescimento contínuo das receitas tributárias num país que já arrecada muito imposto. Mas, por outro lado, não chega a ser uma ordem desenfreada de gastar até os talos. Colocando de outra forma, o governo de esquerda brasileiro não é tão indisciplinado como o argentino.

 A política monetária foi de ótima qualidade, promoveu a ancoragem inflacionária num mundo tempestuoso, driblou os ataques insensatos vindos diretamente da Presidência da República, e no momento correto iniciou o processo de distensão.

 Mas o minimilagre do crescimento em 2023 foi operacionalizado pelo boom na agricultura, que apresentou o melhor resultado dos últimos 25 anos. No primeiro semestre o PIB agrícola cresceu 20% acima da inflação (em relação ao primeiro semestre de 2022). A agricultura brasileira é reconhecidamente eficiente e tecnologicamente avançada, mas números dessa magnitude são eventos estatísticos raríssimos, e certamente não irão se repetir. Assim, será difícil o repeteco de crescimento sólido no ano de 2024.

Ventos fortes e frios já sopram do exterior, e apesar de o Brasil não participar intensamente do comércio internacional, os rumos da economia global nos impactam, para o bem e para o mal. Para exemplificar, os anos dourados de 2003-2008 foram tempos de crescimento dos nossos termos de troca internacionais (não que o governo Lula I não tenha tido seus méritos), e os anos de crescimento catastrófico entre 2014-2016 testemunharam queda nesse indicador (não que os anos Dilma não tenham sido ricos em deméritos). Isso do lado da economia real. Para além desse canal, as condições financeiras globais também impactam o ciclo de negócios doméstico, sendo impossível evitar alguma transmissão daquelas para suas congêneres brasileiras.

Por que o pessimismo com o mundo em relação aos próximos anos? Primeiro porque a política monetária apertada vai inevitavelmente causar danos à atividade., como é natural no processo de desinflação em curso. Esse efeito, contudo, é passageiro, cíclico, e provavelmente não se estenderá para além de 2024 e 2025. Mas os desequilíbrios de fundo não irão embora tão facilmente. As duas maiores economias mundiais, China e Estados Unidos, estão inundadas de dívidas. E não apenas os governos, mas também as firmas. A terceira maior é o Japão, que segue estagnado. O bloco europeu como um todo é fiscalmente mais sólido, em que pesem as Itálias da vida, mas seu potencial de crescimento não se ergue acima do pífio. Por fim, as tensões globais só pioram, o comércio internacional segue contraído e no mundo da política os extremos populistas vão esmagando o centro.

 O desafio para o Brasil é como navegar por esses mares turbulentos sem cair na tentação que arruinou o governo Dilma, qual seja, de pôr a máquina pública em superatividade para combater o ciclo ruim com política monetária irresponsável, política fiscal expansionista, BNDES e similares bombando crédito. Como alguém em perigo no mar revolto, bater pernas e braços com violência só piora a situação. É preciso manter a calma e boiar. Essa é nossa mensagem de começo de ano para o Palácio do Planalto.  

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Perspectivas para 2024

O novo ano chegou – mais rápido do que usualmente, diriam alguns. O ano de 2023 foi bom para a economia brasileira, com inflação em queda e indicadores econômicos melhores do que o esperado pela maioria dos analistas. Mas e 2024?

 Em termos de reformas estruturais propulsoras de crescimento, o governo propôs uma reforma tributária boa, mas que terminou bastante aguada no Congresso, onde foi minada pelos grupos de interesse de sempre. No lado fiscal, o novo arcabouço não é bom, como já discutimos em outras publicações. Promove gastos num país que já gasta demais e aposta no crescimento contínuo das receitas tributárias num país que já arrecada muito imposto. Mas, por outro lado, não chega a ser uma ordem desenfreada de gastar até os talos. Colocando de outra forma, o governo de esquerda brasileiro não é tão indisciplinado como o argentino.

 A política monetária foi de ótima qualidade, promoveu a ancoragem inflacionária num mundo tempestuoso, driblou os ataques insensatos vindos diretamente da Presidência da República, e no momento correto iniciou o processo de distensão.

 Mas o minimilagre do crescimento em 2023 foi operacionalizado pelo boom na agricultura, que apresentou o melhor resultado dos últimos 25 anos. No primeiro semestre o PIB agrícola cresceu 20% acima da inflação (em relação ao primeiro semestre de 2022). A agricultura brasileira é reconhecidamente eficiente e tecnologicamente avançada, mas números dessa magnitude são eventos estatísticos raríssimos, e certamente não irão se repetir. Assim, será difícil o repeteco de crescimento sólido no ano de 2024.

Ventos fortes e frios já sopram do exterior, e apesar de o Brasil não participar intensamente do comércio internacional, os rumos da economia global nos impactam, para o bem e para o mal. Para exemplificar, os anos dourados de 2003-2008 foram tempos de crescimento dos nossos termos de troca internacionais (não que o governo Lula I não tenha tido seus méritos), e os anos de crescimento catastrófico entre 2014-2016 testemunharam queda nesse indicador (não que os anos Dilma não tenham sido ricos em deméritos). Isso do lado da economia real. Para além desse canal, as condições financeiras globais também impactam o ciclo de negócios doméstico, sendo impossível evitar alguma transmissão daquelas para suas congêneres brasileiras.

Por que o pessimismo com o mundo em relação aos próximos anos? Primeiro porque a política monetária apertada vai inevitavelmente causar danos à atividade., como é natural no processo de desinflação em curso. Esse efeito, contudo, é passageiro, cíclico, e provavelmente não se estenderá para além de 2024 e 2025. Mas os desequilíbrios de fundo não irão embora tão facilmente. As duas maiores economias mundiais, China e Estados Unidos, estão inundadas de dívidas. E não apenas os governos, mas também as firmas. A terceira maior é o Japão, que segue estagnado. O bloco europeu como um todo é fiscalmente mais sólido, em que pesem as Itálias da vida, mas seu potencial de crescimento não se ergue acima do pífio. Por fim, as tensões globais só pioram, o comércio internacional segue contraído e no mundo da política os extremos populistas vão esmagando o centro.

 O desafio para o Brasil é como navegar por esses mares turbulentos sem cair na tentação que arruinou o governo Dilma, qual seja, de pôr a máquina pública em superatividade para combater o ciclo ruim com política monetária irresponsável, política fiscal expansionista, BNDES e similares bombando crédito. Como alguém em perigo no mar revolto, bater pernas e braços com violência só piora a situação. É preciso manter a calma e boiar. Essa é nossa mensagem de começo de ano para o Palácio do Planalto.  

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