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“Como aconteceu o euro lá atrás, pode acontecer o peso real aqui”.

Essa foi a frase do presidente Jair Bolsonaro na Argentina. Não é brincadeira, apesar de parecer. Aparentemente foram os argentinos, sempre com problemas inflacionários nas costas, que iniciaram essa conversa de maluco.

A ideia é tão esdrúxula que fica difícil até pensar por onde começar a crítica.

Talvez pelo lado dos argentinos? Países com problemas de credibilidade inflacionária amarram suas moedas às de países com bancos centrais de elevada reputação, é verdade. O que resolve um problema, mas causa outro: o engessamento da economia e uma apreciação cambial que afeta o equilíbrio externo do país. A evidência acadêmica no assunto é clara: melhor para todos que cada um tenha sua própria taxa de câmbio flutuante.

Além disso, em que pese a inflação ter recentemente convergido para patamares baixos no Brasil, ela andou bem altinha até pouco tempo, entre 2014 e 2016. Talvez daqui a algumas décadas nos tornemos bastião da estabilidade monetária, mas ainda não o somos.

Notem a encrenca que é ter uma moeda comum: quem vai decidir os rumos da política monetária, se os juros precisam cair ou subir? Um banco central comum, como na Europa. Ok, mas e se a Argentina estiver passando por uma recessão forte e o Brasil –  oxalá – estiver ao mesmo tempo com uma economia aquecida, precisando pisar um pouco no freio? Nesse caso, aceleramos ou freamos o pedal do juro? Como no jogo de futebol, os interesses dos de camisa amarela vão estar na direção oposta ao dos branco-azuis. E a solução intermediária – nem afrouxar nem apertar a política monetária – não agrada a ninguém, é ruim para ambos. A propósito, isso é um problema sério lá na muito mais desenvolvida Zona do Euro.  Apesar de ser muito custoso para qualquer país deixar a Zona do Euro a esta altura do campeonato, não é nada óbvio que eles estão melhor hoje do que estariam sem a moeda comum (mas com integração econômica via mercado de bens e de trabalho). Imagine então o leitor o potencial para conflito nos menos dóceis trópicos!

Ao juntar sua moeda com a de um país de macroeconomia instável, o Brasil só estaria comprando mais encrenca para resolver. Já não bastam os nossos próprios problemas? Quais os ganhos? Talvez um pouco mais de comércio entre ambos, e só. Mas nessa agenda do comércio, a prioridade é abrir a economia e alcançar mercados para além do Mercosur.

Enfim, todos perdem...

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Pesos-Reais

“Como aconteceu o euro lá atrás, pode acontecer o peso real aqui”. Essa foi a frase do presidente Jair Bolsonaro na Argentina. Não é brincadeira, apesar de parecer. Aparentemente foram os argentinos, sempre com problemas inflacionários nas costas, que iniciaram essa conversa de maluco. A ideia é tão esdrúxula que fica difícil até pensar por onde começar a crítica. Talvez pelo lado dos argentinos? Países com problemas de credibilidade inflacionária amarram suas moedas às de países com bancos centrais de elevada reputação, é verdade. O que resolve um problema, mas causa outro: o engessamento da economia e uma apreciação cambial que afeta o equilíbrio externo do país. A evidência acadêmica no assunto é clara: melhor para todos que cada um tenha sua própria taxa de câmbio flutuante. Além disso, em que pese a inflação ter recentemente convergido para patamares baixos no Brasil, ela andou bem altinha até pouco tempo, entre 2014 e 2016. Talvez daqui a algumas décadas nos tornemos bastião da estabilidade monetária, mas ainda não o somos. Notem a encrenca que é ter uma moeda comum: quem vai decidir os rumos da política monetária, se os juros precisam cair ou subir? Um banco central comum, como na Europa. Ok, mas e se a Argentina estiver passando por uma recessão forte e o Brasil –  oxalá – estiver ao mesmo tempo com uma economia aquecida, precisando pisar um pouco no freio? Nesse caso, aceleramos ou freamos o pedal do juro? Como no jogo de futebol, os interesses dos de camisa amarela vão estar na direção oposta ao dos branco-azuis. E a solução intermediária – nem afrouxar nem apertar a política monetária – não agrada a ninguém, é ruim para ambos. A propósito, isso é um problema sério lá na muito mais desenvolvida Zona do Euro.  Apesar de ser muito custoso para qualquer país deixar a Zona do Euro a esta altura do campeonato, não é nada óbvio que eles estão melhor hoje do que estariam sem a moeda comum (mas com integração econômica via mercado de bens e de trabalho). Imagine então o leitor o potencial para conflito nos menos dóceis trópicos! Ao juntar sua moeda com a de um país de macroeconomia instável, o Brasil só estaria comprando mais encrenca para resolver. Já não bastam os nossos próprios problemas? Quais os ganhos? Talvez um pouco mais de comércio entre ambos, e só. Mas nessa agenda do comércio, a prioridade é abrir a economia e alcançar mercados para além do Mercosur. Enfim, todos perdem... Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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