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																					Os benefícios da tecnologia são muitos. No mundo dos negócios, transformação digital se refere à integração de tecnologias digitais em processos de negociação. A transformação digital oferece oportunidades para integrar produtos e serviços funcionais, organizacionais e geográficos, proporcionando novas ferramentas para lidarmos com desafios gerenciais, inovação, desenvolvimento de relacionamentos e estratégias de negócios.

No quesito produtos digitalizados, a integração dos componentes digitais em produtos físicos oferece recursos e funções mais eficazes aos clientes. Ainda do ponto de vista dos negócios, as plataformas digitais, também conhecidas como ecossistemas, permitem uma melhor coordenação da cadeia de valor e dos stakeholders envolvidos. Finalmente, infraestruturas digitais fornecem ferramentas que permitem coleta e análise de dados, computação em nuvem e inteligência artificial, facilitando o planejamento, a execução e o controle de estratégias de negócios.

Algumas pesquisas, realizadas nos contextos mundial e brasileiro, avaliam os impactos da tecnologia no desenvolvimento sustentável. Recentemente, tive a oportunidade de coorientar uma pesquisa de mestrado sobre como a inteligência artificial pode contribuir para modelos de negócios sustentáveis. Uma das conclusões do estudo é que a inteligência artificial pode melhorar a produtividade das empresas, por meio da automatização de atividades executadas por humanos ou fazendo com que sistemas funcionem e se adaptem a circunstâncias de acordo com as rotinas de utilização ou intervenção de controle humanos.

No entanto, sabemos que nem todas as externalidades da tecnologia no meio ambiente e na sociedade são positivas. Um dos temas que vem sendo debatido entre os grupos de sustentabilidade e ESG de que participo é o da poluição digital, termo que se refere a fontes de poluição ambiental produzidas pela tecnologia. Ela é comumente dividida em duas dimensões: a primeira relacionada com a fabricação de qualquer ferramenta digital, e a segunda com o funcionamento da internet.

Isso significa que nem sempre o digital é mais verde ou sustentável. O avanço do digital pode contribuir para a mudança climática em função da quantidade de energia necessária para manter a tecnologia funcionando, seja ela uma webpage, seja ela uma ferramenta de coleta e armazenamento de dados. Isso depende fundamentalmente do comportamento dos tomadores de decisão e desenvolvedores da tecnologia.

Segundo um editorial recente da CMSWire, 90% dos dados produzidos e armazenados pelas organizações nunca serão usados e uma webpage de 70 kb emite, em média, 90% menos CO2 que uma de 900 kb. Se bem desenhada, com base nas necessidades do usuário, a webpage mais leve pode ter o mesmo conteúdo e as mesmas funcionalidades que a mais pesada e ser mais sustentável do ponto de vista ambiental. Ou seja, menos pode ser mais.

A pergunta que surge é a seguinte: por que continuamos coletando dados inúteis e desenvolvendo webpages pesadas? A resposta não é tão difícil: primeiro porque não fomos educados ou treinados para considerar impactos ambientais na avaliação de projetos e intervenções. E por que não fomos educados para isso? Porque, sob a perspectiva econômica, ainda é “barato”. Afinal, não contabilizamos o custo real e completo (ambiental e social) de nossas escolhas.

Sou otimista: acredito que com o aumento do custo de energia e com a precificação do carbono (com base nas emissões diretas e indiretas) a tendência é que isso mude.

Mas, até lá, vejo dois desafios que envolvem empresas e a academia. Nas empresas, é crucial que os profissionais de TI responsáveis por artefatos, plataformas e estruturas digitais considerem os impactos ambientais de cada solução e, em parceria com as áreas de negócios e de sustentabilidade, ponderem as alternativas com base nos custos e benefícios não só econômicos, mas também socioambientais. Mais um exemplo de que a sustentabilidade deveria ser percebida pelas organizações e lideranças como uma competência transversal de todo colaborador.

Para a academia, é necessário rever a forma como integramos temas de sustentabilidade na formação e desenvolvimento dos alunos de todas as profissões. Desde as formações mais técnicas até as mais acadêmicas, a nível de graduação, pós-graduação e educação para executivos.

Esse será um dos temas importantes em 2023 para as organizações que se comprometem com sustentabilidade e buscam uma boa gestão e performance em ESG.

COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE S.PAULO

 

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Poluição digital na agenda de sustentabilidade e ESG das organizações

Os benefícios da tecnologia são muitos. No mundo dos negócios, transformação digital se refere à integração de tecnologias digitais em processos de negociação. A transformação digital oferece oportunidades para integrar produtos e serviços funcionais, organizacionais e geográficos, proporcionando novas ferramentas para lidarmos com desafios gerenciais, inovação, desenvolvimento de relacionamentos e estratégias de negócios.

No quesito produtos digitalizados, a integração dos componentes digitais em produtos físicos oferece recursos e funções mais eficazes aos clientes. Ainda do ponto de vista dos negócios, as plataformas digitais, também conhecidas como ecossistemas, permitem uma melhor coordenação da cadeia de valor e dos stakeholders envolvidos. Finalmente, infraestruturas digitais fornecem ferramentas que permitem coleta e análise de dados, computação em nuvem e inteligência artificial, facilitando o planejamento, a execução e o controle de estratégias de negócios.

Algumas pesquisas, realizadas nos contextos mundial e brasileiro, avaliam os impactos da tecnologia no desenvolvimento sustentável. Recentemente, tive a oportunidade de coorientar uma pesquisa de mestrado sobre como a inteligência artificial pode contribuir para modelos de negócios sustentáveis. Uma das conclusões do estudo é que a inteligência artificial pode melhorar a produtividade das empresas, por meio da automatização de atividades executadas por humanos ou fazendo com que sistemas funcionem e se adaptem a circunstâncias de acordo com as rotinas de utilização ou intervenção de controle humanos.

No entanto, sabemos que nem todas as externalidades da tecnologia no meio ambiente e na sociedade são positivas. Um dos temas que vem sendo debatido entre os grupos de sustentabilidade e ESG de que participo é o da poluição digital, termo que se refere a fontes de poluição ambiental produzidas pela tecnologia. Ela é comumente dividida em duas dimensões: a primeira relacionada com a fabricação de qualquer ferramenta digital, e a segunda com o funcionamento da internet.

Isso significa que nem sempre o digital é mais verde ou sustentável. O avanço do digital pode contribuir para a mudança climática em função da quantidade de energia necessária para manter a tecnologia funcionando, seja ela uma webpage, seja ela uma ferramenta de coleta e armazenamento de dados. Isso depende fundamentalmente do comportamento dos tomadores de decisão e desenvolvedores da tecnologia.

Segundo um editorial recente da CMSWire, 90% dos dados produzidos e armazenados pelas organizações nunca serão usados e uma webpage de 70 kb emite, em média, 90% menos CO2 que uma de 900 kb. Se bem desenhada, com base nas necessidades do usuário, a webpage mais leve pode ter o mesmo conteúdo e as mesmas funcionalidades que a mais pesada e ser mais sustentável do ponto de vista ambiental. Ou seja, menos pode ser mais.

A pergunta que surge é a seguinte: por que continuamos coletando dados inúteis e desenvolvendo webpages pesadas? A resposta não é tão difícil: primeiro porque não fomos educados ou treinados para considerar impactos ambientais na avaliação de projetos e intervenções. E por que não fomos educados para isso? Porque, sob a perspectiva econômica, ainda é “barato”. Afinal, não contabilizamos o custo real e completo (ambiental e social) de nossas escolhas.

Sou otimista: acredito que com o aumento do custo de energia e com a precificação do carbono (com base nas emissões diretas e indiretas) a tendência é que isso mude.

Mas, até lá, vejo dois desafios que envolvem empresas e a academia. Nas empresas, é crucial que os profissionais de TI responsáveis por artefatos, plataformas e estruturas digitais considerem os impactos ambientais de cada solução e, em parceria com as áreas de negócios e de sustentabilidade, ponderem as alternativas com base nos custos e benefícios não só econômicos, mas também socioambientais. Mais um exemplo de que a sustentabilidade deveria ser percebida pelas organizações e lideranças como uma competência transversal de todo colaborador.

Para a academia, é necessário rever a forma como integramos temas de sustentabilidade na formação e desenvolvimento dos alunos de todas as profissões. Desde as formações mais técnicas até as mais acadêmicas, a nível de graduação, pós-graduação e educação para executivos.

Esse será um dos temas importantes em 2023 para as organizações que se comprometem com sustentabilidade e buscam uma boa gestão e performance em ESG.

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