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Diversas empresas estatais brasileiras estão em situação difícil. E os Correios são a nova vítima em evidência.

Você pode estar pensando:

– É por causa da corrupção isso aí!

Esse ponto parece ser bem importante – haja vista a roubalheira na Petrobras.  Mas não podemos deixar que a revolta com esses episódios fechem nossos olhos para outras barbeiragens, até mais relevantes na prática. Problemas ligados à política econômica do governo no combate à inflação, principalmente no período 2011/2014, escancaram o caso.

Basicamente foi dado o remédio errado: buscou-se brecar parte da subida da inflação segurando os preços administrados, isto é, aqueles que o governo determina ou afeta significativamente, como gasolina e energia. E isso acabou comprometendo seriamente as finanças das estatais. Vejamos...

Entre 2011 e 2014, a economia brasileira desacelerou. As taxas de crescimento relativamente elevadas que tivemos nas décadas anteriores minguaram.

E o que o que governo fez? Dobrou a aposta.

Resolveu ampliar seus estímulos de demanda para reaquecer a economia, ou seja, manteve as políticas fiscal e monetária frouxas. O Banco Central baixou taxas de juros na marra. Gastos públicos se ampliaram e impostos foram reduzidos para reacender o investimento privado: desonerações e subsídios foram concedidos a setores específicos; e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi turbinado com recursos públicos a serem emprestados a taxas subsidiadas.

Só que o crescimento não veio. Por quê? Porque a economia brasileira não tinha mais espaço para crescer com base na demanda.

A taxa de desemprego já estava em níveis historicamente bem baixos. E os gargalos relacionados à oferta começaram a aparecer: baixa qualificação da mão de obra (resultado da má qualidade de nosso sistema educacional); infraestrutura deficiente; e um ambiente de negócios que desestimula a atividade econômica, com destaque para o labirinto de procedimentos burocráticos que empreendedores são obrigados a percorrer para abrir e fechar empresas, pagar impostos e outros 500 mais.

Que empreendedor investiria no Brasil com esses gargalos, mesmo com todo o estímulo dado pelo governo?

Assim, a atividade econômica não levantou voo nesse período. E o que acontece quando temos a demanda aquecida, para uma oferta que não reage? Os preços sobem. Então a inflação começou a mostrar suas garras.

No Brasil, o Banco Central está sob o regime de metas de inflação. Ele se compromete a ajustar sua política monetária de modo que a taxa de inflação fique dentro de determinado intervalo (hoje, entre 2,5% e 6,5% em 12 meses). No papel, o objetivo é ficar o mais próximo possível do centro da meta (4,5%). Mas às vezes não é possível cumprir exatamente a meta, por causa de choques que estão fora do controle do Banco Central. Por isso se considera o intervalo de variação acima citado.

Só que com a inflação avançando no período 2011/2014, estava difícil cumprir a meta. O governo tentou desesperadamente manter a inflação ao menos no intervalo. E parte dessa tentativa passou por segurar os preços administrados.

(Uma ressalva: no caso específico da energia, o governo baixou o preço, mas não para combater a inflação. Isso fazia parte do pacote de estímulos à economia na época.)

Por que isso prejudicou as estatais? A inflação em alta jogou os custos dessas empresas para cima. Mas elas não repassavam isso para os preços finais aos consumidores, por decisão do governo. Resultado? Sua lucratividade recuou, inclusive com prejuízos gigantescos aparecendo – caso dos Correios.

Na verdade, a estratégia do governo era manter a aparência de responsabilidade nas políticas fiscal e monetária. No lado da inflação, isso foi feito via controle dos preços administrados. No lado fiscal, veio a famosa pedalada. E agora estamos vendo as consequências nefastas dessa política.

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