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Hoje me dei com uma notícia que parece requentada. Direto de 2012. Nós – isto é, eu, você e a tia Noca – vamos pagar para que a indústria automobilística e algumas outras não demitam.

Isso mesmo, amigas e amigos. Como funciona? Tanto o Banco do Brasil quanto a Caixa – bancos em que a União é de fato controladora e fiadora – embarcaram num programa de crédito direcionado à cadeia da indústria automobilística. Quem não demitir tem mais facilidades para tomar empréstimos.

Por que é uma má ideia?

Ora, ora, vamos lá... Primeiro, gera desigualdade de tratamento. Por que o trabalhador do varejo não vai ter seu emprego protegido, diferentemente dos operários das montadoras? Dos 345 mil empregos formais destruídos em 2014, mais que a metade foi no comércio!

O governo parece sentir menos a dor de um comerciário demitido que de um trabalhador da indústria automobilística...

mantega e levy 2

Segundo, a decisão piora a situação fiscal. Afinal, se fosse bom negócio expandir o crédito para a cadeia automobilística, não seria necessário um programa de governo. A medida tem consequências severas. Por aumentar o risco de perda do grau de investimento, encarece o custo de financiamento do governo e do setor privado. Por forçar a necessidade de aumentos de impostos, reduz a lucratividade de novos investimentos, que deixarão de ser feitos. E, por criar riscos adicionais de aprofundamento da crise, torna bancos e empresários mais avessos ao risco.

Em terceiro lugar, meu povo, tais atitudes não devem conseguir salvar empregos no agregado. Isto é, esse programa aí reduz a perda de empregos em setores específicos, mas, ao mesmo tempo, sufoca ganhos de emprego nos setores não eleitos. Ao direcionar o crédito para determinado segmento, o Banco do Brasil e a Caixa deverão diminuir sua exposição a outros mercados.

Quarta razão para essa ideia do governo ser de jerico: preservar empregos evita que a economia se transforme, incentivando o emprego nas atividades mais produtivas. A indústria automobilística certamente não é uma delas. Ou é? Ora, gente, sem demanda interna e fazendo carros que ou ninguém quer ou que quem tem reclama, essa indústria, naturalmente, deveria estar encolhendo.

Mas, finalmente, ufa!, a consequência desse plano: o gosto de nova matriz econômica.

Tio Joaquim acordou hoje mais parecido com tio Guido. E, bem, se o governo não consegue ver a ruindade dessas medidas, é sinal que não aprendeu muito com seus erros.

Por que devemos acreditar que daqui para diante vamos ter uma política econômica diferente daquela de Mantega?

 

Por que acreditar que a "era Mantega" acabou?

Hoje me dei com uma notícia que parece requentada. Direto de 2012. Nós – isto é, eu, você e a tia Noca – vamos pagar para que a indústria automobilística e algumas outras não demitam. Isso mesmo, amigas e amigos. Como funciona? Tanto o Banco do Brasil quanto a Caixa – bancos em que a União é de fato controladora e fiadora – embarcaram num programa de crédito direcionado à cadeia da indústria automobilística. Quem não demitir tem mais facilidades para tomar empréstimos. Por que é uma má ideia? Ora, ora, vamos lá... Primeiro, gera desigualdade de tratamento. Por que o trabalhador do varejo não vai ter seu emprego protegido, diferentemente dos operários das montadoras? Dos 345 mil empregos formais destruídos em 2014, mais que a metade foi no comércio! O governo parece sentir menos a dor de um comerciário demitido que de um trabalhador da indústria automobilística... mantega e levy 2 Segundo, a decisão piora a situação fiscal. Afinal, se fosse bom negócio expandir o crédito para a cadeia automobilística, não seria necessário um programa de governo. A medida tem consequências severas. Por aumentar o risco de perda do grau de investimento, encarece o custo de financiamento do governo e do setor privado. Por forçar a necessidade de aumentos de impostos, reduz a lucratividade de novos investimentos, que deixarão de ser feitos. E, por criar riscos adicionais de aprofundamento da crise, torna bancos e empresários mais avessos ao risco. Em terceiro lugar, meu povo, tais atitudes não devem conseguir salvar empregos no agregado. Isto é, esse programa aí reduz a perda de empregos em setores específicos, mas, ao mesmo tempo, sufoca ganhos de emprego nos setores não eleitos. Ao direcionar o crédito para determinado segmento, o Banco do Brasil e a Caixa deverão diminuir sua exposição a outros mercados. Quarta razão para essa ideia do governo ser de jerico: preservar empregos evita que a economia se transforme, incentivando o emprego nas atividades mais produtivas. A indústria automobilística certamente não é uma delas. Ou é? Ora, gente, sem demanda interna e fazendo carros que ou ninguém quer ou que quem tem reclama, essa indústria, naturalmente, deveria estar encolhendo. Mas, finalmente, ufa!, a consequência desse plano: o gosto de nova matriz econômica. Tio Joaquim acordou hoje mais parecido com tio Guido. E, bem, se o governo não consegue ver a ruindade dessas medidas, é sinal que não aprendeu muito com seus erros. Por que devemos acreditar que daqui para diante vamos ter uma política econômica diferente daquela de Mantega?  
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