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Enquanto todos os olhares se voltavam para a Grécia, quem descia ladeira abaixo era a bolsa chinesa.

Bolhachinesa

Movimentos abruptos nas bolsas de valores não são eventos raros e estouros das chamadas “bolhas” podem, ou não, machucar a economia real. Por exemplo, quando a Nasdaq, uma das bolsas americanas, perdeu 70% de seu valor em 2001, os impactos sobre a economia dos Estados Unidos foram modestíssimos. Já no caso da última bolha nos preços dos imóveis, não. O resultado foi a imensa crise mundial de 2008 e 2009.

A China construiu muita infraestrutura entre 2009 e 2013, incluindo moradias. De fato, boa parte do pacote anticrise consistiu em expansão desenfreada do endividamento e do crédito – o que não é bom para a saúde da economia no médio prazo.

Claro, é difícil saber quanto desses investimentos apresentam taxa de retorno inadequadamente baixa. Mas, muito dificilmente, essa montanha de investimento foi toda direcionada apenas para projetos produtivos. Dado que a ordem do dia era largar pau no gasto, alguns elefantinhos brancos e cidades fantasmas, seguramente, estão circulando por lá.

E quando você se endivida muito, alguma hora tem que repagar, correto? É o momento de “desalavancagem”. Nesses períodos, você investe menos e consome menos. E usa mais do seu caixa livre para abater a dívida. Obviamente, esse consumo mais baixo e esses investimentos menores freiam a economia. A correção dos excessos é sempre algo amarga.

Resumindo, é provável que a China cresça por uns anos bem abaixo de sua média recente. As bolsas seguramente estão precificando esse risco.

E por que isso importa?

A China não é como a pequenina Grécia. Sua economia é do tamanho da do Japão (apesar da renda per capita ser baixa). Por essa razão, quando ela desacelera, muita gente vem atrás, principalmente os parceiros comerciais mais relevantes – como Brasil, Austrália (commodities) e Alemanha (máquinas).

Ademais, perdas na China levam a uma aversão maior ao risco dos investidores em relação aos outros emergentes – como nós. Uma versão light do que se chama contágio certamente existe por aí. E quanto mais frágeis os fundamentos econômicos de um país, mais propenso ele estará a se contagiar!

Imagino que você já saiba o que vou dizer: os fundamentos da economia brasileira estão para lá de Bagdá. Para uma economia que anda na corda bamba, qualquer sopro é perigoso. Mais ainda se vem de um Dragão.

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Por que a bolha da China ameaça o Brasil?

Enquanto todos os olhares se voltavam para a Grécia, quem descia ladeira abaixo era a bolsa chinesa. Bolhachinesa Movimentos abruptos nas bolsas de valores não são eventos raros e estouros das chamadas “bolhas” podem, ou não, machucar a economia real. Por exemplo, quando a Nasdaq, uma das bolsas americanas, perdeu 70% de seu valor em 2001, os impactos sobre a economia dos Estados Unidos foram modestíssimos. Já no caso da última bolha nos preços dos imóveis, não. O resultado foi a imensa crise mundial de 2008 e 2009. A China construiu muita infraestrutura entre 2009 e 2013, incluindo moradias. De fato, boa parte do pacote anticrise consistiu em expansão desenfreada do endividamento e do crédito – o que não é bom para a saúde da economia no médio prazo. Claro, é difícil saber quanto desses investimentos apresentam taxa de retorno inadequadamente baixa. Mas, muito dificilmente, essa montanha de investimento foi toda direcionada apenas para projetos produtivos. Dado que a ordem do dia era largar pau no gasto, alguns elefantinhos brancos e cidades fantasmas, seguramente, estão circulando por lá. E quando você se endivida muito, alguma hora tem que repagar, correto? É o momento de “desalavancagem”. Nesses períodos, você investe menos e consome menos. E usa mais do seu caixa livre para abater a dívida. Obviamente, esse consumo mais baixo e esses investimentos menores freiam a economia. A correção dos excessos é sempre algo amarga. Resumindo, é provável que a China cresça por uns anos bem abaixo de sua média recente. As bolsas seguramente estão precificando esse risco. E por que isso importa? A China não é como a pequenina Grécia. Sua economia é do tamanho da do Japão (apesar da renda per capita ser baixa). Por essa razão, quando ela desacelera, muita gente vem atrás, principalmente os parceiros comerciais mais relevantes – como Brasil, Austrália (commodities) e Alemanha (máquinas). Ademais, perdas na China levam a uma aversão maior ao risco dos investidores em relação aos outros emergentes – como nós. Uma versão light do que se chama contágio certamente existe por aí. E quanto mais frágeis os fundamentos econômicos de um país, mais propenso ele estará a se contagiar! Imagino que você já saiba o que vou dizer: os fundamentos da economia brasileira estão para lá de Bagdá. Para uma economia que anda na corda bamba, qualquer sopro é perigoso. Mais ainda se vem de um Dragão. + LEIA MAIS TEXTOS DESTE AUTOR  
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