Uma plataforma que vai te ajudar a entender um pouco mais de economia.

							Outro dia me surpreendi ao encontrar um termo de economia – custo de oportunidade – em uma entrevista sobre entretenimento e comportamento. O argumento foi levantando pelo psicanalista Daniel Martins de Barros, em um texto no Estadão, para explicar por que algumas pessoas decidem assistir ao mesmo filme ou à mesma série diversas vezes.

E faz todo o sentido do mundo: se há escolha, há custos e benefícios envolvidos, o que traz à tona o custo de oportunidade. Quando tomamos uma decisão, temos de abrir mão de algo. É fácil entender isso quando há dinheiro em jogo. Como nosso orçamento não é infinito, se decido trocar de carro, provavelmente não poderei fazer uma viagem para o exterior até que as parcelas do financiamento estejam quitadas.

Esse é o custo de oportunidade de adquirir o veículo: as outras coisas de que preciso abrir mão (e que me trariam alguma satisfação). Porém se a pessoa tiver muito dinheiro, esse custo tende a ser pequeno – dá para trocar de carro e fazer viagens ao exterior sem pressionar demais o orçamento.

Há, no entanto, uma restrição a que todos nós (independentemente da renda) estamos submetidos: o tempo. Há 24 horas no dia. Se você escolhe ver TV, sobra menos tempo para fazer outras coisas que poderiam trazer algum benefício. Note que, diretamente, não há dinheiro em jogo – se você escolheu assistir a um filme em vez de um jogo de futebol, você não ficou mais ou menos rico por causa disso. Mas há sim um custo – ao assistir ao filme, você abriu mão de usar o tempo em atividades alternativas. É isso o que chamamos de custo de oportunidade.

Para muitos de nós, assistir ao mesmo filme diversas vezes não vale a pena. Pode ser que você tenha gostado muito dele na primeira vez, e assistiu uma segunda vez para ver se perdeu alguma coisa ou localizar algum easter egg. Mas o ganho é certamente menor do que na primeira vez, e você provavelmente não verá o filme de novo. Como o ganho adicional é cada vez menor, o custo de oportunidade de usar o tempo para outra coisa vai ficando muito elevado. Por que não tentar aquela nova série que todo mundo está comentando?

A maioria de nós muito provavelmente se comporta dessa forma. Caso contrário, por que os estúdios estariam produzindo uma variedade cada vez maior de filmes e séries?

No mundo, entretanto, nem todos têm as mesmas preferências. Algumas pessoas podem simplesmente não querer arriscar o potencial desperdício de seu tempo tentando coisas diferentes. Se a pessoa trocar Casablanca (que já viu 50 vezes) por outra coisa que o streaming está sugerindo, há uma chance muito grande de que sairá decepcionada. Para ela, o custo de oportunidade de experimentar é muito elevado.

O interessante é que, como comentado por Daniel Martins de Barros, esse comportamento pode ser intensificado com o aumento da variedade de produções possibilitado pelas plataformas de streaming. Nesse caso, a chance de escolher algo de que não gosta fica ainda maior, elevando o custo de oportunidade de desviar das escolhas mais familiares.        

E você, de que tipo é: assiste a filmes e séries diferentes, mesmo com o risco de pegar uma “bomba”, ou repete as mesmas produções porque com certeza vai gostar? E com relação a outras atividades: vai sempre aos mesmos restaurantes e parques? Assiste a reprises de partidas de futebol antigas?

COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE S.PAULO 

Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?clique aqui e assine a nossa Newsletter.


Siga a gente no Facebook e Twitter!
Inscreva-se no nosso canal no YouTube!
Curta as nossas fotos no Instagram!


Por que assistir a um filme diversas vezes?

Outro dia me surpreendi ao encontrar um termo de economia – custo de oportunidade – em uma entrevista sobre entretenimento e comportamento. O argumento foi levantando pelo psicanalista Daniel Martins de Barros, em um texto no Estadão, para explicar por que algumas pessoas decidem assistir ao mesmo filme ou à mesma série diversas vezes.

E faz todo o sentido do mundo: se há escolha, há custos e benefícios envolvidos, o que traz à tona o custo de oportunidade. Quando tomamos uma decisão, temos de abrir mão de algo. É fácil entender isso quando há dinheiro em jogo. Como nosso orçamento não é infinito, se decido trocar de carro, provavelmente não poderei fazer uma viagem para o exterior até que as parcelas do financiamento estejam quitadas.

Esse é o custo de oportunidade de adquirir o veículo: as outras coisas de que preciso abrir mão (e que me trariam alguma satisfação). Porém se a pessoa tiver muito dinheiro, esse custo tende a ser pequeno – dá para trocar de carro e fazer viagens ao exterior sem pressionar demais o orçamento.

Há, no entanto, uma restrição a que todos nós (independentemente da renda) estamos submetidos: o tempo. Há 24 horas no dia. Se você escolhe ver TV, sobra menos tempo para fazer outras coisas que poderiam trazer algum benefício. Note que, diretamente, não há dinheiro em jogo – se você escolheu assistir a um filme em vez de um jogo de futebol, você não ficou mais ou menos rico por causa disso. Mas há sim um custo – ao assistir ao filme, você abriu mão de usar o tempo em atividades alternativas. É isso o que chamamos de custo de oportunidade.

Para muitos de nós, assistir ao mesmo filme diversas vezes não vale a pena. Pode ser que você tenha gostado muito dele na primeira vez, e assistiu uma segunda vez para ver se perdeu alguma coisa ou localizar algum easter egg. Mas o ganho é certamente menor do que na primeira vez, e você provavelmente não verá o filme de novo. Como o ganho adicional é cada vez menor, o custo de oportunidade de usar o tempo para outra coisa vai ficando muito elevado. Por que não tentar aquela nova série que todo mundo está comentando?

A maioria de nós muito provavelmente se comporta dessa forma. Caso contrário, por que os estúdios estariam produzindo uma variedade cada vez maior de filmes e séries?

No mundo, entretanto, nem todos têm as mesmas preferências. Algumas pessoas podem simplesmente não querer arriscar o potencial desperdício de seu tempo tentando coisas diferentes. Se a pessoa trocar Casablanca (que já viu 50 vezes) por outra coisa que o streaming está sugerindo, há uma chance muito grande de que sairá decepcionada. Para ela, o custo de oportunidade de experimentar é muito elevado.

O interessante é que, como comentado por Daniel Martins de Barros, esse comportamento pode ser intensificado com o aumento da variedade de produções possibilitado pelas plataformas de streaming. Nesse caso, a chance de escolher algo de que não gosta fica ainda maior, elevando o custo de oportunidade de desviar das escolhas mais familiares.        

E você, de que tipo é: assiste a filmes e séries diferentes, mesmo com o risco de pegar uma “bomba”, ou repete as mesmas produções porque com certeza vai gostar? E com relação a outras atividades: vai sempre aos mesmos restaurantes e parques? Assiste a reprises de partidas de futebol antigas?

COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE S.PAULO 

Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?clique aqui e assine a nossa Newsletter.

Siga a gente no Facebook e Twitter!
Inscreva-se no nosso canal no YouTube!
Curta as nossas fotos no Instagram!

O que você achou desse texto?

*Não é necessário cadastro.

Avaliação de quem leu:

Avalie esse texto Não é necessário cadastro

A plataforma Por Quê?Economês em bom português nasceu em 2015, com o objetivo de explicar conceitos básicos de economia e tornar o noticiário econômico acessível ao público não especializado. Acreditamos que o raciocínio econômico é essencial para a compreensão da realidade que nos cerca.

Iniciativa

Bei editora
Usamos cookies por vários motivos, como manter o site do PQ? confiável ​​e seguro, personalizar conteúdo e anúncios,
fornecer recursos de mídia social e analisar como o site é usado. Para maiores informações veja nossa Política de Privacidade.