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 Por que a CVM proibiu fundos de investir em bitcoins?

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), agência encarregada de regular os fundos de investimento no Brasil, proibiu o investimento direto de fundos em bitcoins e outras criptomoedas. A decisão temporária pode ser revista até o fim de março, mas indica a cautela com que nosso regulador encara os riscos desses ativos.

Como todos já devemos ter ouvido, as criptomoedas seriam uma bolha. Não teriam valor intrínseco nem o selo de garantia de um Estado. Também não podem ser usadas para pagar nossos impostos. Portanto, somente teriam valor à medida que possamos vendê-las para o próximo entusiasta de criptomoedas em troca de algo valioso (exemplo: dinheiro de verdade).

Mas faz sentido julgar criptomoedas como bolhas?

A teoria econômica permite dizer que sim, é uma bolha.

Bolhas são ativos cujo valor provém apenas da perspectiva de valorização. Geralmente seus preços são sustentados pela entrada contínua de novos compradores no mercado, esperando que a valorização passada prenuncie a valorização futura. No momento em que os novos compradores desaparecerem, o preço da bolha despenca.

Na média, investir na bolha não deve ser melhor do que investir em qualquer outro ativo. Se o retorno realizado é mais alto na bolha, é porque há um prêmio de risco. Alguns investidores vão sair ricos, aqueles que venderam tudo por dinheiro de verdade antes de a bolha estourar. Outros vão perder todo seu investimento.

Mas por que o regulador deve se preocupar com bolhas?

O mandato do regulador é garantir a estabilidade do sistema financeiro. Um dos fundamentos dessa estabilidade é a confiança. Muitos investidores ingênuos que investem em fundos não entendem o risco das criptomoedas.

Quando o risco se materializar, vão perder boa parte de seu investimento. Outros investidores que não ouviram o canto da sereia vão ver fundos de investimento falindo e pensar duas vezes antes de poupar usando esses veículos. Em vez de investir em um fundo de investimento, vão comprar dólares, gado ou imóveis.

Com a indústria dos fundos de investimento encolhendo, projetos de investimento viáveis deixariam de ser executados por falta de capacidade do setor financeiro de intermediar recursos de poupadores.

Quem gosta de brincar com fogo ainda pode comprar criptomoedas e tulipas com seus recursos, sem recorrer a um fundo de investimento. Quem sabe aquele bulbo de tulipa roxa não vai valer milhões amanhã?

 

Texto publicado originalmente na Coluna do Por Quê? na Folha de S.Paulo

 

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Por que a CVM proibiu fundos de investir em bitcoins?

 Por que a CVM proibiu fundos de investir em bitcoins? A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), agência encarregada de regular os fundos de investimento no Brasil, proibiu o investimento direto de fundos em bitcoins e outras criptomoedas. A decisão temporária pode ser revista até o fim de março, mas indica a cautela com que nosso regulador encara os riscos desses ativos. Como todos já devemos ter ouvido, as criptomoedas seriam uma bolha. Não teriam valor intrínseco nem o selo de garantia de um Estado. Também não podem ser usadas para pagar nossos impostos. Portanto, somente teriam valor à medida que possamos vendê-las para o próximo entusiasta de criptomoedas em troca de algo valioso (exemplo: dinheiro de verdade). Mas faz sentido julgar criptomoedas como bolhas? A teoria econômica permite dizer que sim, é uma bolha. Bolhas são ativos cujo valor provém apenas da perspectiva de valorização. Geralmente seus preços são sustentados pela entrada contínua de novos compradores no mercado, esperando que a valorização passada prenuncie a valorização futura. No momento em que os novos compradores desaparecerem, o preço da bolha despenca. Na média, investir na bolha não deve ser melhor do que investir em qualquer outro ativo. Se o retorno realizado é mais alto na bolha, é porque há um prêmio de risco. Alguns investidores vão sair ricos, aqueles que venderam tudo por dinheiro de verdade antes de a bolha estourar. Outros vão perder todo seu investimento. Mas por que o regulador deve se preocupar com bolhas? O mandato do regulador é garantir a estabilidade do sistema financeiro. Um dos fundamentos dessa estabilidade é a confiança. Muitos investidores ingênuos que investem em fundos não entendem o risco das criptomoedas. Quando o risco se materializar, vão perder boa parte de seu investimento. Outros investidores que não ouviram o canto da sereia vão ver fundos de investimento falindo e pensar duas vezes antes de poupar usando esses veículos. Em vez de investir em um fundo de investimento, vão comprar dólares, gado ou imóveis. Com a indústria dos fundos de investimento encolhendo, projetos de investimento viáveis deixariam de ser executados por falta de capacidade do setor financeiro de intermediar recursos de poupadores. Quem gosta de brincar com fogo ainda pode comprar criptomoedas e tulipas com seus recursos, sem recorrer a um fundo de investimento. Quem sabe aquele bulbo de tulipa roxa não vai valer milhões amanhã?   Texto publicado originalmente na Coluna do Por Quê? na Folha de S.Paulo   Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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