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Quando encontro com amigos num botequim, nossa conversa, mais cedo ou mais tarde, chega ao futebol. Se as cervejas estiverem geladas e a companhia for boa, o papo é animado e cada um de nós tem seus cinco minutos de técnico da seleção – ainda que nenhum de nós tenha sequer treinado um time de futebol mirim ou jogado no Desafio ao Galo. Ao fim do encontro, cada um vai para sua casa e na segunda-feira somos novamente economistas, arquitetos, jornalistas, malandros e médicos, cada qual senhor de sua especialidade.

Agora, quando visto meu chapéu de economista, é meu dever zelar por minha reputação. Assim como o dr. Padilha não vai sair distribuindo diagnósticos sem olhar o paciente, tenho a obrigação de olhar para os números, refletir sobre a teoria e, principalmente, não falar sobre aquilo que não sei.

Sabe como é, em boca fechada não entra mosquito.

Na semana passada, o novo secretário estadual de Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, em entrevista ao Estadão, ofereceu a hipótese de que o aumento dos casos de estupro em São Paulo, onde mais de 3 mil crimes do tipo foram registrados até abril deste ano, pode ser explicado pelo aumento do desemprego em tempos de crise econômica.

Em suas palavras: “Muita gente cai em depressão porque perdeu emprego e começa a beber. E aí termina perdendo a cabeça e praticando esse tipo de delito. Não estou falando que é a principal causa, mas uma das causas com certeza é essa aí.”

Fiquei intrigado... Um secretário de Segurança Pública deve saber do que fala, né?

Então resolvi perguntar a um grande amigo (o Google, você conhece!) se há alguma evidência de conexão entre crime de abuso sexual e desemprego. Não achei nada. Talvez exista algum estudo que mostre isso, mas que esteja fora da internet... Ou, quem sabe, algum manuscrito esteja circulado de mão a mão entre especialistas de segurança pública! Ou... Será que o secretário aí achava que estava tomando uma cerveja com pastel com os leitores do Estadão?

Pondo fim nas ironias: mencionar a taxa de desemprego como explicação para tantos estupros é como culpar o gramado depois de perder o jogo. Pior, é como culpar o gramado antes de perder o jogo.

Do Dunga, quero ouvir como a seleção vai vencer o jogo. De um secretário de Segurança Pública, quero ouvir quais medidas vai tomar – ou que, pelo menos, ele diga que vai pensar num plano.

Por que estupro não é conversa de botequim?

Quando encontro com amigos num botequim, nossa conversa, mais cedo ou mais tarde, chega ao futebol. Se as cervejas estiverem geladas e a companhia for boa, o papo é animado e cada um de nós tem seus cinco minutos de técnico da seleção – ainda que nenhum de nós tenha sequer treinado um time de futebol mirim ou jogado no Desafio ao Galo. Ao fim do encontro, cada um vai para sua casa e na segunda-feira somos novamente economistas, arquitetos, jornalistas, malandros e médicos, cada qual senhor de sua especialidade. Agora, quando visto meu chapéu de economista, é meu dever zelar por minha reputação. Assim como o dr. Padilha não vai sair distribuindo diagnósticos sem olhar o paciente, tenho a obrigação de olhar para os números, refletir sobre a teoria e, principalmente, não falar sobre aquilo que não sei. Sabe como é, em boca fechada não entra mosquito. Na semana passada, o novo secretário estadual de Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, em entrevista ao Estadão, ofereceu a hipótese de que o aumento dos casos de estupro em São Paulo, onde mais de 3 mil crimes do tipo foram registrados até abril deste ano, pode ser explicado pelo aumento do desemprego em tempos de crise econômica. Em suas palavras: “Muita gente cai em depressão porque perdeu emprego e começa a beber. E aí termina perdendo a cabeça e praticando esse tipo de delito. Não estou falando que é a principal causa, mas uma das causas com certeza é essa aí.” Fiquei intrigado... Um secretário de Segurança Pública deve saber do que fala, né? Então resolvi perguntar a um grande amigo (o Google, você conhece!) se há alguma evidência de conexão entre crime de abuso sexual e desemprego. Não achei nada. Talvez exista algum estudo que mostre isso, mas que esteja fora da internet... Ou, quem sabe, algum manuscrito esteja circulado de mão a mão entre especialistas de segurança pública! Ou... Será que o secretário aí achava que estava tomando uma cerveja com pastel com os leitores do Estadão? Pondo fim nas ironias: mencionar a taxa de desemprego como explicação para tantos estupros é como culpar o gramado depois de perder o jogo. Pior, é como culpar o gramado antes de perder o jogo. Do Dunga, quero ouvir como a seleção vai vencer o jogo. De um secretário de Segurança Pública, quero ouvir quais medidas vai tomar – ou que, pelo menos, ele diga que vai pensar num plano.
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