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Nesta semana, o dólar passou dos R$ 4,20. Você deve ter visto por aí que se trata do maior valor para o câmbio desde que o Plano Real instituiu nossa atual moeda em meados de 1994. Essa informação está correta. Porém, ela é inútil.

Para fazer comparações de preços ao longo do tempo, é preciso ajustar os valores pela inflação. Isso porque ela faz com os preços subam no tempo, inclusive a taxa de câmbio, que é o preço do dólar em reais. Nesse caso, precisamos não apenas retirar o efeito da inflação do Brasil, mas também da dos Estados Unidos – afinal, o câmbio é o preço de uma moeda em relação à outra.

No gráfico abaixo, calculamos a taxa de câmbio real. Ela nos dá uma medida de como o poder de compra da nossa moeda varia em termos de bens comprados lá fora. Para mais detalhes, veja este material que preparamos sobre a taxa de câmbio.


Algumas considerações: os dados são mensais, pois as taxas de inflação são normalmente calculadas nessa frequência. Para obter a taxa de câmbio real, usamos a cotação do dólar no final de cada mês e expurgamos as inflações para o consumidor nos dois países ao longo do mês. Normalizamos em 100 o valor do primeiro mês para o qual dispomos de dados (janeiro de 1980). Dessa forma, os valores devem ser lidos como relativos àquele mês. Por exemplo, em janeiro de 1981, a taxa real estava em 87,3. Isso significa que, em termos reais, a moeda brasileira apreciou 13% em relação à americana, nesse período de 12 meses entre janeiro de 1981 e janeiro de 1980.

Os dados nos mostram que o pico da série está em setembro de 2002. Esse é um período que antecede a chegada do presidente Lula ao poder, o que fez o dólar disparar. No final do mês passado (outubro de 2019), estávamos bem abaixo desse pico – cerca de 50% do valor máximo, para ser mais preciso.

Mesmo se adicionarmos a depreciação forte que tivemos ao longo do presente mês – no fim de outubro o dólar estava perto de R$ 4,00 e hoje em R$ 4,20 –, não chegaremos nem perto.

O dólar hoje, quando levamos em conta a inflação, está em sua máxima histórica? Definitivamente não.


Podemos entender esse ponto de outra forma, respondendo à seguinte pergunta: quanto seria o câmbio de setembro de 2002, aos preços de hoje?

No final daquele mês, a taxa de câmbio era tal que 1 dólar valia aproximadamente R$ 3,90. No período de pouco mais de 17 anos desde aquela data, a inflação acumulada no Brasil foi de 173,4%. Já nos EUA, a inflação acumulada foi 42,2%.

Para atualizar os valores passados, temos que incluir a inflação.

Nesse caso, R$ 3,90 em setembro de 2002 correspondem a R$ 3,90 × (1 + 173,4%) = R$ 10,66. De maneira similar, 1 dólar naquele mês corresponde a US$ 1 × (1 + 42,2%) = US$ 1,42.

Se dividirmos esses dois valores agora atualizados, teremos a taxa de câmbio em setembro de 2002 aos valores de hoje. E quanto seria? R$ 10,66/ US$ 1,42 = R$ 7,50!

 

Fonte dos Dados:

 

Brasil

Ipeadata (www.ipeadata.gov.br)

Inflação: Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)

Dólar: taxa de câmbio R$/US$ comercial (valor de compra), cotação do fim do período

 

Estados Unidos

FRED, St. Louis Fed (https://fred.stlouisfed.org/series/CPIAUCNS)

Consumer Price Index for All Urban Consumers: All Items in U.S. City Average (not seasonally adjusted)

 



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Por que o dólar não está em sua máxima histórica?

Nesta semana, o dólar passou dos R$ 4,20. Você deve ter visto por aí que se trata do maior valor para o câmbio desde que o Plano Real instituiu nossa atual moeda em meados de 1994. Essa informação está correta. Porém, ela é inútil.


Para fazer comparações de preços ao longo do tempo, é preciso ajustar os valores pela inflação. Isso porque ela faz com os preços subam no tempo, inclusive a taxa de câmbio, que é o preço do dólar em reais. Nesse caso, precisamos não apenas retirar o efeito da inflação do Brasil, mas também da dos Estados Unidos – afinal, o câmbio é o preço de uma moeda em relação à outra.

No gráfico abaixo, calculamos a taxa de câmbio real. Ela nos dá uma medida de como o poder de compra da nossa moeda varia em termos de bens comprados lá fora. Para mais detalhes, veja este material que preparamos sobre a taxa de câmbio.




Algumas considerações: os dados são mensais, pois as taxas de inflação são normalmente calculadas nessa frequência. Para obter a taxa de câmbio real, usamos a cotação do dólar no final de cada mês e expurgamos as inflações para o consumidor nos dois países ao longo do mês. Normalizamos em 100 o valor do primeiro mês para o qual dispomos de dados (janeiro de 1980). Dessa forma, os valores devem ser lidos como relativos àquele mês. Por exemplo, em janeiro de 1981, a taxa real estava em 87,3. Isso significa que, em termos reais, a moeda brasileira apreciou 13% em relação à americana, nesse período de 12 meses entre janeiro de 1981 e janeiro de 1980.

Os dados nos mostram que o pico da série está em setembro de 2002. Esse é um período que antecede a chegada do presidente Lula ao poder, o que fez o dólar disparar. No final do mês passado (outubro de 2019), estávamos bem abaixo desse pico – cerca de 50% do valor máximo, para ser mais preciso.

Mesmo se adicionarmos a depreciação forte que tivemos ao longo do presente mês – no fim de outubro o dólar estava perto de R$ 4,00 e hoje em R$ 4,20 –, não chegaremos nem perto.

O dólar hoje, quando levamos em conta a inflação, está em sua máxima histórica? Definitivamente não.




Podemos entender esse ponto de outra forma, respondendo à seguinte pergunta: quanto seria o câmbio de setembro de 2002, aos preços de hoje?

No final daquele mês, a taxa de câmbio era tal que 1 dólar valia aproximadamente R$ 3,90. No período de pouco mais de 17 anos desde aquela data, a inflação acumulada no Brasil foi de 173,4%. Já nos EUA, a inflação acumulada foi 42,2%.

Para atualizar os valores passados, temos que incluir a inflação.

Nesse caso, R$ 3,90 em setembro de 2002 correspondem a R$ 3,90 × (1 + 173,4%) = R$ 10,66. De maneira similar, 1 dólar naquele mês corresponde a US$ 1 × (1 + 42,2%) = US$ 1,42.

Se dividirmos esses dois valores agora atualizados, teremos a taxa de câmbio em setembro de 2002 aos valores de hoje. E quanto seria? R$ 10,66/ US$ 1,42 = R$ 7,50!

 

Fonte dos Dados:

 

Brasil

Ipeadata (www.ipeadata.gov.br)

Inflação: Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)

Dólar: taxa de câmbio R$/US$ comercial (valor de compra), cotação do fim do período

 

Estados Unidos

FRED, St. Louis Fed (https://fred.stlouisfed.org/series/CPIAUCNS)

Consumer Price Index for All Urban Consumers: All Items in U.S. City Average (not seasonally adjusted)

 





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