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Alguns animais são muito mais simpáticos como representações do que no mundo real.

Quem já viu um sapo-boi, por exemplo, sabe que ele é feio de dar dó. O papo, inchado, é do tamanho de uma bola de futebol de salão; a pele, cheia de verrugas e de uma cor marrom-esverdeada.  Outros sapos são mais atraentes, como pode ser conferido aqui. O Epipedobates tricolor é uma beleza. Com menos de 2,5 centímetros de comprimento, parece um brinquedo colorido. Mas a simpatia é apenas aparente: ele produz uma toxina 200 vezes mais forte que a morfina, que pode matar um ser humano.

Entre esses mais apresentáveis está o sapo da Fiesp.

Ele é verde, tem vários metros de altura, olhos amarelos esbugalhados e um sorriso meio cínico. É o símbolo de uma nova campanha em protesto aos altos juros cobrados pelos bancos no Brasil.

Mas podemos levar esse sapo para casa?

Não sei de nenhuma evidência de que o sapo da Fiesp seja venenoso. Por desconfiar que seu valor nutritivo seja nulo, pois parece cheio de ar, não o recomendo para uma dieta paleo.

Mas o que pode estar por trás daquele sorriso meio contido? Será que o sapo da Fiesp tem interesses ocultos?

Segundo a campanha da Fiesp, os juros cobrados pelos bancos brasileiros seriam altos demais.

 



 

Há várias tentativas de explicar os altos juros no Brasil; pode-se responsabilizar desde a dificuldade que credores têm de recuperar os recursos emprestados e o custo em que os bancos incorrem com as altas reservas compulsórias no Banco Central até a falta de competição no mercado bancário, que seria dominado por poucos bancos.

Mas para fazer sentido, qualquer explicação tem de lidar com o fato de que, quando o governo anterior tentou impor juros baixos nos bancos estatais (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal), o resultado foi a expansão de suas carteiras e perdas econômicas.

Teria a Fiesp alguma proposta de solução para o problema dos juros altos? As notícias na imprensa não esclarecem muito. Se houver alguma proposta, foi omitida pelos grandes jornais e pela mídia alternativa.

Tal omissão me faz desconfiar de que esse sapo deve ser cutucado com vara bem longa. Nos tempos do governo Dilma Rousseff, muitos empresários da Fiesp se refestelavam com juros baixos em empréstimos do BNDES, subsidiados pelo trabalhador que contribui ao Fundo de Amparo ao Trabalhador e pelo contribuinte.

Com a mudança de governo, a farra acabou e o governo atual aprovou legislação que limita a capacidade do BNDES tirar do cidadão médio para dar para grandes industriais e bilionários., como os irmãos Batista.

Sim, juros mais baixos seriam bem-vindos. Há uma proposta de lei no Congresso para instituir o Cadastro Positivo, que teria o efeito de baratear os juros para credores com bom histórico. Falta ser aprovada. Com a inflação baixa e estável, espera-se que o Banco Central reduza os depósitos compulsórios dos bancos, o que deve contribuir para reduzir os juros, sem mágica de BNDES ou uso de recursos do contribuinte.

Não vai ser levando para casa o simpático sapo inflável da Fiesp que vamos ter juros baixos.

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Publicado originalmente na nossa Coluna na Folha de S.Paulo

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Por que o sapo da Fiesp é difícil de engolir?

fiespstrip_128265_3_full-868x644 Alguns animais são muito mais simpáticos como representações do que no mundo real. Quem já viu um sapo-boi, por exemplo, sabe que ele é feio de dar dó. O papo, inchado, é do tamanho de uma bola de futebol de salão; a pele, cheia de verrugas e de uma cor marrom-esverdeada.  Outros sapos são mais atraentes, como pode ser conferido aqui. O Epipedobates tricolor é uma beleza. Com menos de 2,5 centímetros de comprimento, parece um brinquedo colorido. Mas a simpatia é apenas aparente: ele produz uma toxina 200 vezes mais forte que a morfina, que pode matar um ser humano. Entre esses mais apresentáveis está o sapo da Fiesp. Ele é verde, tem vários metros de altura, olhos amarelos esbugalhados e um sorriso meio cínico. É o símbolo de uma nova campanha em protesto aos altos juros cobrados pelos bancos no Brasil. Mas podemos levar esse sapo para casa? Não sei de nenhuma evidência de que o sapo da Fiesp seja venenoso. Por desconfiar que seu valor nutritivo seja nulo, pois parece cheio de ar, não o recomendo para uma dieta paleo. Mas o que pode estar por trás daquele sorriso meio contido? Será que o sapo da Fiesp tem interesses ocultos? Segundo a campanha da Fiesp, os juros cobrados pelos bancos brasileiros seriam altos demais.     Há várias tentativas de explicar os altos juros no Brasil; pode-se responsabilizar desde a dificuldade que credores têm de recuperar os recursos emprestados e o custo em que os bancos incorrem com as altas reservas compulsórias no Banco Central até a falta de competição no mercado bancário, que seria dominado por poucos bancos. Mas para fazer sentido, qualquer explicação tem de lidar com o fato de que, quando o governo anterior tentou impor juros baixos nos bancos estatais (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal), o resultado foi a expansão de suas carteiras e perdas econômicas. Teria a Fiesp alguma proposta de solução para o problema dos juros altos? As notícias na imprensa não esclarecem muito. Se houver alguma proposta, foi omitida pelos grandes jornais e pela mídia alternativa. Tal omissão me faz desconfiar de que esse sapo deve ser cutucado com vara bem longa. Nos tempos do governo Dilma Rousseff, muitos empresários da Fiesp se refestelavam com juros baixos em empréstimos do BNDES, subsidiados pelo trabalhador que contribui ao Fundo de Amparo ao Trabalhador e pelo contribuinte. Com a mudança de governo, a farra acabou e o governo atual aprovou legislação que limita a capacidade do BNDES tirar do cidadão médio para dar para grandes industriais e bilionários., como os irmãos Batista. Sim, juros mais baixos seriam bem-vindos. Há uma proposta de lei no Congresso para instituir o Cadastro Positivo, que teria o efeito de baratear os juros para credores com bom histórico. Falta ser aprovada. Com a inflação baixa e estável, espera-se que o Banco Central reduza os depósitos compulsórios dos bancos, o que deve contribuir para reduzir os juros, sem mágica de BNDES ou uso de recursos do contribuinte. Não vai ser levando para casa o simpático sapo inflável da Fiesp que vamos ter juros baixos. * Publicado originalmente na nossa Coluna na Folha de S.Paulo * Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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