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Após muito tempo de inflação alta, o Banco Central entregou à sociedade uma inflação baixa em 2017. Algo na casa dos 3%. A queda vertiginosa apresentada no gráfico abaixo tem três causas: preços de alimentos com evolução bastante favorável, maior credibilidade do novo Banco Central, e uma recessão daquelas.

inflação em queda

Para quem acompanha a inflação tupiniquim já há algum tempo, o mais curioso do gráfico é como ela vem firme e estável por tanto tempo e cede de modo abrupto a partir do fim de 2016.

Como já notou o leitor, o gráfico tem duas linhas. Trata-se de duas inflações diferentes, ou seja, marcações de variação de preços para cestas de bens diferentes. Os ditos bens comercializáveis – inflação em azul – são aqueles passíveis de serem exportados/importados. Nessa cesta, o destaque fica com alimentos e vestimentas e outros bens manufaturados. A linha vermelha, por sua vez, mostra a inflação (estamos aqui sempre falando de inflação acumulada em 12 meses) dos bens não comercializáveis, basicamente serviços em geral: você não importa/exporta um corte de cabelo ou um conserto de automóvel, e raramente importa uma cirurgia, etc. Por isso esses itens são apelidados de NÃO-comercializáveis.

Pois bem, nosso gráfico mostra que a inflação dos bens comercializáveis vem caindo ainda mais fortemente que a dos não-comercializáveis. O ponto aqui é: esse diferencial é boa notícia em termos de justiça redistributiva. Pessoas oriundas das camadas de renda mais baixas da sociedade gastam muito do seu orçamento com bens comercializáveis, com ênfase para alimentação. E gastam relativamente pouco com serviços (infelizmente, diga-se): vão menos ao médico, ao dentista, frequentam escola pública, não vão a concertos , não contratam advogado, não matriculam seus filhos no cursinho de inglês, etc.

Resulta que uma queda da inflação provindo mais fortemente da inflação dos comercializáveis beneficia o pobre. Além disso, quando a inflação surpreende para baixo (como no episódio recente), há um aumento real do poder aquisitivo de todas pessoas durante um certo período de tempo. Isso ocorre porque as negociações salariais levam em conta o que se espera da inflação para o futuro. Caso a expectativa seja, digamos 6%, os contratos vão incorporar esse valor para os trimestres vindouros. Mas se a inflação real surpreende e fica em 3%, o trabalhador sai com um ganho real de 6-3=3%. Com isso ele consome um pouco mais e ajuda, ainda que devagarzinho, a empurrar a economia para fora da zona recessiva.

Ou seja: a queda recente da inflação, capitaneada pelo BC, dá um impulso ao crescimento e beneficia principalmente os mais pobres.

 

 

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Por que os mais pobres são os grandes beneficiados pela queda da inflação?

Após muito tempo de inflação alta, o Banco Central entregou à sociedade uma inflação baixa em 2017. Algo na casa dos 3%. A queda vertiginosa apresentada no gráfico abaixo tem três causas: preços de alimentos com evolução bastante favorável, maior credibilidade do novo Banco Central, e uma recessão daquelas. inflação em queda Para quem acompanha a inflação tupiniquim já há algum tempo, o mais curioso do gráfico é como ela vem firme e estável por tanto tempo e cede de modo abrupto a partir do fim de 2016. Como já notou o leitor, o gráfico tem duas linhas. Trata-se de duas inflações diferentes, ou seja, marcações de variação de preços para cestas de bens diferentes. Os ditos bens comercializáveis – inflação em azul – são aqueles passíveis de serem exportados/importados. Nessa cesta, o destaque fica com alimentos e vestimentas e outros bens manufaturados. A linha vermelha, por sua vez, mostra a inflação (estamos aqui sempre falando de inflação acumulada em 12 meses) dos bens não comercializáveis, basicamente serviços em geral: você não importa/exporta um corte de cabelo ou um conserto de automóvel, e raramente importa uma cirurgia, etc. Por isso esses itens são apelidados de NÃO-comercializáveis. Pois bem, nosso gráfico mostra que a inflação dos bens comercializáveis vem caindo ainda mais fortemente que a dos não-comercializáveis. O ponto aqui é: esse diferencial é boa notícia em termos de justiça redistributiva. Pessoas oriundas das camadas de renda mais baixas da sociedade gastam muito do seu orçamento com bens comercializáveis, com ênfase para alimentação. E gastam relativamente pouco com serviços (infelizmente, diga-se): vão menos ao médico, ao dentista, frequentam escola pública, não vão a concertos , não contratam advogado, não matriculam seus filhos no cursinho de inglês, etc. Resulta que uma queda da inflação provindo mais fortemente da inflação dos comercializáveis beneficia o pobre. Além disso, quando a inflação surpreende para baixo (como no episódio recente), há um aumento real do poder aquisitivo de todas pessoas durante um certo período de tempo. Isso ocorre porque as negociações salariais levam em conta o que se espera da inflação para o futuro. Caso a expectativa seja, digamos 6%, os contratos vão incorporar esse valor para os trimestres vindouros. Mas se a inflação real surpreende e fica em 3%, o trabalhador sai com um ganho real de 6-3=3%. Com isso ele consome um pouco mais e ajuda, ainda que devagarzinho, a empurrar a economia para fora da zona recessiva. Ou seja: a queda recente da inflação, capitaneada pelo BC, dá um impulso ao crescimento e beneficia principalmente os mais pobres.     Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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