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							A economia azul é uma abordagem sustentável para as atividades econômicas baseadas nos oceanos, mares e zonas costeiras, ou conectadas a eles. Isso engloba setores tradicionais como pesca, turismo costeiro e transporte marítimo, e também desenvolvimento de setores emergentes, tais como a captura de carbono azul, a produção de energia renovável em alto-mar e a biotecnologia. São atividades que criam oportunidades de negócios, desenvolvimento de emprego, renda e inclusão ao mesmo tempo em que garantem a manutenção da biodiversidade marinha, a preservação de  corais, recifes e mangues, e o equilíbrio do ecossistema. Têm, ainda, potencial de mitigar as mudanças climáticas. 

 Os oceanos são de extrema importância para manutenção de vida na Terra, pois provêm diversos serviços ambientais. São responsáveis pela produção 50% do oxigênio, pela regulação do clima – têm  capacidade de absorver cerca de 25% do dióxido de carbono (CO2) na atmosfera – influenciam no ciclo da água, são fonte de alimentos e matérias-primas, servem de habitat para biodiversidade, permitem comércio internacional, turismo e recreação. Preservar e proteger os oceanos é crucial para garantir esses benefícios às gerações presentes e futuras.  

Entre os  principais fatores que afetam o equilíbrio dos ecossistemas marinhos estão a pesca ilegal e a sobrepesca, a poluição por plásticos, resíduos de pesca, resíduos químicos, óleo, esgoto e outros detritos, as mudanças climáticas e a destruição de habitats costeiros. Tudo isso tem impacto negativo no desenvolvimento social e econômico, o que exige a implementação de medidas de conservação e práticas sustentáveis para sua preservação. 

Segundo a Comissão Europeia, a agenda da economia azul pode contribuir para a mitigação das mudanças climáticas através do desenvolvimento de energia renovável offshore, descarbonização do transporte marítimo e da criação de portos e infraestruturas costeiras mais verdes ou ambientalmente corretas. Além disso, busca tornar a economia azul mais circular. Isso é feito ao renovar os padrões de pesca, implementar a reciclagem de navios e aprimorar o desmantelamento de plataformas offshore. O Banco Mundial estima que o setor tem potencial de adicionar cerca de US$ 1,5 trilhão anualmente à economia, o que equivale ao posto de 7ª economia do mundo. Estimativas mostram que esse valor deve dobrar até 2030, alcançando cerca de US$ 3 trilhões. Nessa lógica de valoração, estima-se que os ativos marinhos (capital natural) têm um valor aproximado de, pelo menos, US$ 24 trilhões. 

Se isso é tão importante, o que nos impede de alcançar todos os benefícios da economia azul? Esta questão complexa tem sido discutida e analisada há algum tempo a partir de várias perspectivas diferentes. As perspectivas incluem, por exemplo, as estruturas de incentivos que levam à superexploração dos recursos, as discrepâncias nos objetivos de empresas, nações e comunidades locais com menor capacidade para influenciar políticas públicas, ou pressões antropogênicas em escala global que estão degradando o funcionamento dos ecossistemas marinhos. Como em todos os problemas complexos, esses fatores e muitos outros podem ocorrer simultaneamente, e reforçarem uma lógica de devastação. 

Um estudo publicado na Nature em 2021 mostra que há discrepâncias na capacidade da economia azul em diferentes regiões do mundo; essas discrepâncias, porém, não se relacionam com a  disponibilidade local de recursos naturais. Pelo contrário, não existem diferenças substanciais entre países em desenvolvimento e desenvolvidos no que diz respeito aos recursos naturais disponíveis. As disparidades se relacionam aos fatores que podem garantir que esses recursos sejam desenvolvidos de forma justa e sustentável, como baixos níveis de corrupção, estabilidade nacional e existência de infraestrutura. O estudo indica que os desafios podem ser enfrentados por meio de investimentos e iniciativas direcionadas. Aumentar a quantidade de peixes ou de vento seria extremamente difícil, mas parece ser viável combater a corrupção, melhorar a infraestrutura e envolver comunidades locais ou grupos historicamente marginalizados na formulação de decisões relacionadas ao desenvolvimento da economia azul.  

Uma abordagem mais sistêmica, fundamentada em uma compreensão mais aprofundada das prioridades definidas nacionalmente, do contexto social e da base de recursos, pode orientar um crescimento azul sustentável e inclusivo. Isso implica adotar estratégias específicas para as necessidades e realidades de cada país, levando em consideração as prioridades estabelecidas localmente, as condições sociais e culturais e os recursos disponíveis. O manejo integrado da zona costeira pode aprimorar a proteção dos recursos dessa região, ao mesmo tempo que aumenta a eficiência de seu uso. A expansão da economia azul requer a valoração dos recursos marinhos locais, pois isso será fundamental para tomada de decisão informada.  

Investir em governança dos oceanos pode gerar oportunidades de investimento e o crescimento da economia azul. O uso de ciência, dos dados e da tecnologia é crucial para embasar as mudanças na governança e orientar as decisões. Aprimorar a infraestrutura e o acesso aos mercados pode gerar resultados mais sustentáveis, especialmente para pessoas em situação de vulnerabilidade. Com uma governança eficaz e estímulos que alinhem o capital natural ao investimento financeiro, é possível garantir retornos e contribuir significativamente para o desenvolvimento da economia azul. 

COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE S. PAULO

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Por que precisamos de uma economia azul?

A economia azul é uma abordagem sustentável para as atividades econômicas baseadas nos oceanos, mares e zonas costeiras, ou conectadas a eles. Isso engloba setores tradicionais como pesca, turismo costeiro e transporte marítimo, e também desenvolvimento de setores emergentes, tais como a captura de carbono azul, a produção de energia renovável em alto-mar e a biotecnologia. São atividades que criam oportunidades de negócios, desenvolvimento de emprego, renda e inclusão ao mesmo tempo em que garantem a manutenção da biodiversidade marinha, a preservação de  corais, recifes e mangues, e o equilíbrio do ecossistema. Têm, ainda, potencial de mitigar as mudanças climáticas. 

 Os oceanos são de extrema importância para manutenção de vida na Terra, pois provêm diversos serviços ambientais. São responsáveis pela produção 50% do oxigênio, pela regulação do clima – têm  capacidade de absorver cerca de 25% do dióxido de carbono (CO2) na atmosfera – influenciam no ciclo da água, são fonte de alimentos e matérias-primas, servem de habitat para biodiversidade, permitem comércio internacional, turismo e recreação. Preservar e proteger os oceanos é crucial para garantir esses benefícios às gerações presentes e futuras.  

Entre os  principais fatores que afetam o equilíbrio dos ecossistemas marinhos estão a pesca ilegal e a sobrepesca, a poluição por plásticos, resíduos de pesca, resíduos químicos, óleo, esgoto e outros detritos, as mudanças climáticas e a destruição de habitats costeiros. Tudo isso tem impacto negativo no desenvolvimento social e econômico, o que exige a implementação de medidas de conservação e práticas sustentáveis para sua preservação. 

Segundo a Comissão Europeia, a agenda da economia azul pode contribuir para a mitigação das mudanças climáticas através do desenvolvimento de energia renovável offshore, descarbonização do transporte marítimo e da criação de portos e infraestruturas costeiras mais verdes ou ambientalmente corretas. Além disso, busca tornar a economia azul mais circular. Isso é feito ao renovar os padrões de pesca, implementar a reciclagem de navios e aprimorar o desmantelamento de plataformas offshore. O Banco Mundial estima que o setor tem potencial de adicionar cerca de US$ 1,5 trilhão anualmente à economia, o que equivale ao posto de 7ª economia do mundo. Estimativas mostram que esse valor deve dobrar até 2030, alcançando cerca de US$ 3 trilhões. Nessa lógica de valoração, estima-se que os ativos marinhos (capital natural) têm um valor aproximado de, pelo menos, US$ 24 trilhões. 

Se isso é tão importante, o que nos impede de alcançar todos os benefícios da economia azul? Esta questão complexa tem sido discutida e analisada há algum tempo a partir de várias perspectivas diferentes. As perspectivas incluem, por exemplo, as estruturas de incentivos que levam à superexploração dos recursos, as discrepâncias nos objetivos de empresas, nações e comunidades locais com menor capacidade para influenciar políticas públicas, ou pressões antropogênicas em escala global que estão degradando o funcionamento dos ecossistemas marinhos. Como em todos os problemas complexos, esses fatores e muitos outros podem ocorrer simultaneamente, e reforçarem uma lógica de devastação. 

Um estudo publicado na Nature em 2021 mostra que há discrepâncias na capacidade da economia azul em diferentes regiões do mundo; essas discrepâncias, porém, não se relacionam com a  disponibilidade local de recursos naturais. Pelo contrário, não existem diferenças substanciais entre países em desenvolvimento e desenvolvidos no que diz respeito aos recursos naturais disponíveis. As disparidades se relacionam aos fatores que podem garantir que esses recursos sejam desenvolvidos de forma justa e sustentável, como baixos níveis de corrupção, estabilidade nacional e existência de infraestrutura. O estudo indica que os desafios podem ser enfrentados por meio de investimentos e iniciativas direcionadas. Aumentar a quantidade de peixes ou de vento seria extremamente difícil, mas parece ser viável combater a corrupção, melhorar a infraestrutura e envolver comunidades locais ou grupos historicamente marginalizados na formulação de decisões relacionadas ao desenvolvimento da economia azul.  

Uma abordagem mais sistêmica, fundamentada em uma compreensão mais aprofundada das prioridades definidas nacionalmente, do contexto social e da base de recursos, pode orientar um crescimento azul sustentável e inclusivo. Isso implica adotar estratégias específicas para as necessidades e realidades de cada país, levando em consideração as prioridades estabelecidas localmente, as condições sociais e culturais e os recursos disponíveis. O manejo integrado da zona costeira pode aprimorar a proteção dos recursos dessa região, ao mesmo tempo que aumenta a eficiência de seu uso. A expansão da economia azul requer a valoração dos recursos marinhos locais, pois isso será fundamental para tomada de decisão informada.  

Investir em governança dos oceanos pode gerar oportunidades de investimento e o crescimento da economia azul. O uso de ciência, dos dados e da tecnologia é crucial para embasar as mudanças na governança e orientar as decisões. Aprimorar a infraestrutura e o acesso aos mercados pode gerar resultados mais sustentáveis, especialmente para pessoas em situação de vulnerabilidade. Com uma governança eficaz e estímulos que alinhem o capital natural ao investimento financeiro, é possível garantir retornos e contribuir significativamente para o desenvolvimento da economia azul. 

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