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Foi anunciado acordo que pretende fundir as duas maiores cervejarias mundiais, a SABMiller (inglesa) e a AB Inbev (bela/brasileira), transformando-as em uma única megaempresa. Se o acordo for mesmo fechado, a nova companhia será, de muito longe, a maior do setor, e deixará bem para trás a atual terceira colocada (que se tornará a segunda), a Heineken.

O que isso implica para o consumidor de cerveja?

Antes de mergulharmos de vez no assunto, é preciso destacar: o objetivo aqui não é fornecer uma resposta definitiva para a questão, mas, sim, apontar possíveis desdobramentos sugeridos pela teoria econômica. A resposta, na verdade, não é nada óbvia. Depende de dois efeitos que afetam de maneiras diferentes e opostas o preço da cerveja.

Por exemplo, por que o preço da cerveja pode vir a subir no mundo todo?

O lado ruim da fusão – e a possível resposta para a pergunta – está no aumento da concentração de mercado. Isso tende a contribuir para elevar o preço da cerveja. Se uma grande empresa passa a dominar o mercado mundial, sofre menos concorrência. E, nessa situação, poderá aumentar seu preço sem que a perda de consumidores para marcas rivais seja drástica.

Mas esse aumento de preços dependerá da reação dos consumidores. Em particular, de como eles conseguem ajustar seu consumo frente a uma cerveja mais cara. Se, por exemplo, eles encontrarem substitutos próximos, a empresa não conseguirá subir muito seus preços – caso contrário, perderia muitos consumidores e seus lucros cairiam. Isso aconteceria se os consumidores não se importassem muito com a marca da cerveja: se a nova megaempresa do setor subisse muito os preços, os consumidores facilmente migrariam para cervejas de outras companhias.

Agora, se os consumidores forem mesmo mais fiéis às marcas, a margem de substituição será reduzida. Se for dessa maneira, devemos esperar por preços mais elevados.

O poder de mercado da empresa pode ser limitado não apenas pela reação dos consumidores, mas, ainda, por mudanças no lado da oferta. Especificamente, se a companhia subir muito seu preço, é possível que novos produtores entrem no mercado (por exemplo, cervejarias artesanais) em busca de lucros mais elevados. Esse efeito não é desprezível. A tecnologia de produzir cerveja não é exatamente complicada – está aí há séculos. O mercado pode ser, rapidamente, inundado por novas marcas caso os preços subam muito.

Logo, para evitar essa entrada e perda de mercado, pode até ser que a futura megaempresa não aumente muito seus preços.

Então o preço também pode cair?

Como dito no início do texto, há outro mecanismo associado à fusão que pode, sim, derrubar os preços da cerveja.

Por quê?

Por causa dos chamados ganhos de escala: há uma parte dos custos de uma empresa que são fixos, ou seja, independem de quanto se produz. Na hipótese de a firma produzir mais, esses custos podem ser diluídos. O custo por unidade produzida, portanto, cai. E quando as duas empresas se juntam, sua produção combinada aumenta muito, permitindo que elas explorem esses ganhos de escala.

Além disso, elas podem eliminar alguns gastos redundantes. Exemplo: gastos com publicidade. A Liga de Futebol Americano dos Estados Unidos (NFL) já está antecipando, por sinal, quedas significativas em seus patrocínios pagos por propagandas de cerveja, como resultado da união das duas firmas.

Tudo isso leva a ganhos de eficiência e queda nos custos por unidade produzida. E parte dessa redução de custos pode ser repassada para os consumidores via preços mais baixos.

O resultado final para o bolso do consumidor dependerá desses dois efeitos: do aumento da concentração de mercado e da queda de custos.

Se o primeiro for mais forte, os preços subirão e haverá perdas para o consumidor. Caso contrário, os preços podem cair.

Resumindo: o resultado final para o consumidor de cervejas no futuro será influenciado (1) pela disponibilidade de substitutos próximos; (2) pela facilidade de novos produtores entrarem nesse mercado; e (3) pela economia de custos obtida da expansão na produção.

Agências governamentais em defesa da concorrência ao redor do mundo, certamente, já estão de olho nesses três fatores.

Por que o preço da cerveja pode subir no mundo todo?

Foi anunciado acordo que pretende fundir as duas maiores cervejarias mundiais, a SABMiller (inglesa) e a AB Inbev (bela/brasileira), transformando-as em uma única megaempresa. Se o acordo for mesmo fechado, a nova companhia será, de muito longe, a maior do setor, e deixará bem para trás a atual terceira colocada (que se tornará a segunda), a Heineken. O que isso implica para o consumidor de cerveja? Antes de mergulharmos de vez no assunto, é preciso destacar: o objetivo aqui não é fornecer uma resposta definitiva para a questão, mas, sim, apontar possíveis desdobramentos sugeridos pela teoria econômica. A resposta, na verdade, não é nada óbvia. Depende de dois efeitos que afetam de maneiras diferentes e opostas o preço da cerveja. Por exemplo, por que o preço da cerveja pode vir a subir no mundo todo? O lado ruim da fusão – e a possível resposta para a pergunta – está no aumento da concentração de mercado. Isso tende a contribuir para elevar o preço da cerveja. Se uma grande empresa passa a dominar o mercado mundial, sofre menos concorrência. E, nessa situação, poderá aumentar seu preço sem que a perda de consumidores para marcas rivais seja drástica. Mas esse aumento de preços dependerá da reação dos consumidores. Em particular, de como eles conseguem ajustar seu consumo frente a uma cerveja mais cara. Se, por exemplo, eles encontrarem substitutos próximos, a empresa não conseguirá subir muito seus preços – caso contrário, perderia muitos consumidores e seus lucros cairiam. Isso aconteceria se os consumidores não se importassem muito com a marca da cerveja: se a nova megaempresa do setor subisse muito os preços, os consumidores facilmente migrariam para cervejas de outras companhias. Agora, se os consumidores forem mesmo mais fiéis às marcas, a margem de substituição será reduzida. Se for dessa maneira, devemos esperar por preços mais elevados. O poder de mercado da empresa pode ser limitado não apenas pela reação dos consumidores, mas, ainda, por mudanças no lado da oferta. Especificamente, se a companhia subir muito seu preço, é possível que novos produtores entrem no mercado (por exemplo, cervejarias artesanais) em busca de lucros mais elevados. Esse efeito não é desprezível. A tecnologia de produzir cerveja não é exatamente complicada – está aí há séculos. O mercado pode ser, rapidamente, inundado por novas marcas caso os preços subam muito. Logo, para evitar essa entrada e perda de mercado, pode até ser que a futura megaempresa não aumente muito seus preços. Então o preço também pode cair? Como dito no início do texto, há outro mecanismo associado à fusão que pode, sim, derrubar os preços da cerveja. Por quê? Por causa dos chamados ganhos de escala: há uma parte dos custos de uma empresa que são fixos, ou seja, independem de quanto se produz. Na hipótese de a firma produzir mais, esses custos podem ser diluídos. O custo por unidade produzida, portanto, cai. E quando as duas empresas se juntam, sua produção combinada aumenta muito, permitindo que elas explorem esses ganhos de escala. Além disso, elas podem eliminar alguns gastos redundantes. Exemplo: gastos com publicidade. A Liga de Futebol Americano dos Estados Unidos (NFL) já está antecipando, por sinal, quedas significativas em seus patrocínios pagos por propagandas de cerveja, como resultado da união das duas firmas. Tudo isso leva a ganhos de eficiência e queda nos custos por unidade produzida. E parte dessa redução de custos pode ser repassada para os consumidores via preços mais baixos. O resultado final para o bolso do consumidor dependerá desses dois efeitos: do aumento da concentração de mercado e da queda de custos. Se o primeiro for mais forte, os preços subirão e haverá perdas para o consumidor. Caso contrário, os preços podem cair. Resumindo: o resultado final para o consumidor de cervejas no futuro será influenciado (1) pela disponibilidade de substitutos próximos; (2) pela facilidade de novos produtores entrarem nesse mercado; e (3) pela economia de custos obtida da expansão na produção. Agências governamentais em defesa da concorrência ao redor do mundo, certamente, já estão de olho nesses três fatores.
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