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														Ficha técnica 

Nome do trabalho 
The Role of Sanctions and Spillovers in Forest Conservation (original) 
O papel de sanções e externalidades na conservação Florestal (tradução) 

Autor 
João Pedro Graça Melo Vieira, PUC-Rio
Link para Lattes: http://lattes.cnpq.br/8308695058591713 

Orientador 
Orientador: Ricardo Dahis 
Co-orientador: Juliano Assunção 

Local de publicação do trabalho 
João Pedro Vieira, Ricardo Dahis, Juliano Assunção. 2023. “The Role of Sanctions and Spillovers in Forest Conservation.” SocArXiv. April 20. doi:10.31235/osf.io/vqpkm. 

Link para o original
https://osf.io/preprints/socarxiv/vqpkm/ (versão atual)
https://www.econ.puc-rio.br/uploads/adm/trabalhos/files/04_mai_2023_2112503_2023_Completo.pdf 

Quem é o autor
João Pedro é Research Economist na Stone Co. Tem graduação e mestrado em Economia pela PUC-Rio. Sua pesquisa se concentra na área de Economia Ambiental.
Abaixo, João Pedro explica seus trabalhos e as conclusões.

A que pergunta essa pesquisa responde? 
Principal:
Quais são os impactos diretos e indiretos das sanções ambientais em desmatamento e reflorestamento na Amazônia? 

Secundárias:  
Como o Brasil conseguiu diminuir em 80% as taxas de desmatamento entre 2004 e 2012 via ações de comando e controle se apenas 7% dos fazendeiros que desmatavam foram punidos e apenas 10% das multas ambientais foram pagas? 

Os fazendeiros reagem de forma estratégica para evitar punição, seja deslocando o desmatamento espacialmente para longe dos locais punidos, seja mudando o padrão do desmatamento para não ser detectado pelo monitoramento por satélites? 

Qual a relevância deste tema? Por que é importante que as pessoas saibam mais sobre ele? 
O desmatamento na Amazônia gera uma série de consequências negativas. Em nível global, contribui para mudanças climáticas, representando 20% das emissões anuais de gases de efeito estufa. Em nível regional, reduz a precipitação, prejudicando a produção agropecuária no Cerrado, no Sul e Sudeste do Brasil e até mesmo em outros países da América do Sul, a depender de quanto for desmatado. Em nível local, gera ameaças à biodiversidade e à vida das comunidades locais. 

Apesar de leis e regulações limitando o desmatamento legal na Amazônia existirem há décadas, na prática o desmatamento ilegal continua ocorrendo de forma recorrente e mais de 20% da floresta já foi desmatada.  

Quais as conclusões do estudo?  
Sanções ambientais reduzem desmatamento e promovem reflorestamento tanto em fazendas punidas diretamente quanto em fazendas vizinhas às punidas. Portanto, uma mesma punição parece ser capaz de mudar o comportamento de múltiplos fazendeiros, ajudando a explicar o sucesso no combate ao desmatamento mesmo com uma baixa proporção de fazendeiros punidos diretamente. 

Os impactos das sanções ambientais são maiores em períodos nos quais o governo federal demonstrou estar mais comprometido com o combate ao desmatamento (2004-2012), perdendo força a partir de 2012, com o arrefecimento desses esforços, resultado de reduções no orçamento e nos gastos operacionais na Amazônia. 

Os fazendeiros parecem não reagir estrategicamente para evitar punições, nem deslocando espacialmente sua atividade para longe dos locais punidos, nem mudando seu padrão de desmatamento para áreas abaixo do limite de detecção do monitoramento por satélite. 

Por fim, calculamos que, caso nenhuma sanção ambiental tivesse sido aplicada entre 2005 e 2018, o desmatamento teria sido 48% maior do que o observado no período, sugerindo que 2,268 milhões de hectares de floresta foram salvos e a emissão de 1,6 bilhões de toneladas de CO2 foi evitada, o equivalente a 31% da emissão dos Estados Unidos.  

O que há de novo na sua pesquisa? (Método, conclusão, recorte etc.)
A principal inovação da pesquisa foi combinar dados de satélite capazes de identificar desmatamento e reflorestamento em alta resolução com dados espaciais de sanções ambientais, permitindo uma análise no nível das fazendas. Graças a esse detalhamento conseguimos enxergar reações individuais e entender melhor como e quem muda seu comportamento quando exposto a sanções ambientais.
Por exemplo, conseguimos separar os fazendeiros em grupos de acordo com a distância até um local punido para analisar a possibilidade de deslocamento espacial do desmatamento e também conseguimos identificar a área de cada desmatamento, o que nos permitiu diferenciar o que era e não era detectável pelo monitoramento em tempo real na época. 

Qual foi a metodologia empregada e os dados utilizados?  
Combinamos diversos dados espaciais: de sanções ambientais do Ibama, de mudanças de cobertura florestal (desmatamento e reflorestamento), do projeto MapBiomas, de estoque de carbono do Global Forest Watch e de fazendas do Atlas da Agropecuária Brasileira. 

Utilizamos uma metodologia chamada "diferença-em-diferenças". Essa técnica compara as mudanças antes e depois da punição entre fazendas que receberam penalidades ambientais com aquelas que nunca foram punidas. 

Conte um pouco: quais foram os principais desafios encontrados? Como você os superou e qual a sensação em relação a esses desafios e à conclusão da sua pesquisa?
Encontrei dois principais desafios.
Combinar diversos dados espaciais super detalhados que demandam soluções computacionais cuidadosas para chegar à base final de análise sem estourar a memória RAM do computador. Superei esse desafio testando diferentes soluções em uma amostra aleatória pequena, mas representativa dos dados completos. 

Transformar todas as análises, gráficos, tabelas em um texto acadêmico coeso. Superei o desafio investindo longas horas de escrita e revisão com auxílio de feedbacks dos orientadores, da namorada, de amigos e do ChatGPT. 

Para quais públicos os resultados deste estudo podem ser mais relevantes?
Formuladores de políticas públicas para o combate ao desmatamento na Amazônia podem se beneficiar dessa pesquisa para entender melhor como sanções ambientais auxiliam a conservação ambiental e para justificar os aumentos de recursos e esforços destinados ao combate do desmatamento.  

Quais as palavras-chave do estudo?
Desmatamento, Reflorestamento, Aplicação da lei, Externalidades 

Coloque, por favor, as principais referências do trabalho.
Juliano Assunção, Clarissa Gandour, Romero Rocha. 2022. “DETERring Deforestation in the Amazon: Environmental Monitoring and Law Enforcement”. American Economic Journal: Applied Economics, 15, no. 2: 125–56. 

Robin Burgess, Francisco J. M. Costa, Benjamin A. Olken. 2019. “National Borders and the Conservation of Nature”. SocArXiv. August 9.
Brantly Callaway, Pedro H. C. Sant’Anna. 2021. Difference-in-differences with multiple time periods. Journal of econometrics, 225(2), 200-230 

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Quais os impactos de sanções ambientais no desmatamento na Amazônia? | Percurso Acadêmico

Ficha técnica 

Nome do trabalho 
The Role of Sanctions and Spillovers in Forest Conservation (original) 
O papel de sanções e externalidades na conservação Florestal (tradução) 

Autor 
João Pedro Graça Melo Vieira, PUC-Rio
Link para Lattes: http://lattes.cnpq.br/8308695058591713 

Orientador 
Orientador: Ricardo Dahis 
Co-orientador: Juliano Assunção 

Local de publicação do trabalho 
João Pedro Vieira, Ricardo Dahis, Juliano Assunção. 2023. “The Role of Sanctions and Spillovers in Forest Conservation.” SocArXiv. April 20. doi:10.31235/osf.io/vqpkm. 

Link para o original
https://osf.io/preprints/socarxiv/vqpkm/ (versão atual)
https://www.econ.puc-rio.br/uploads/adm/trabalhos/files/04_mai_2023_2112503_2023_Completo.pdf 

Quem é o autor
João Pedro é Research Economist na Stone Co. Tem graduação e mestrado em Economia pela PUC-Rio. Sua pesquisa se concentra na área de Economia Ambiental.
Abaixo, João Pedro explica seus trabalhos e as conclusões.

A que pergunta essa pesquisa responde? 
Principal:
Quais são os impactos diretos e indiretos das sanções ambientais em desmatamento e reflorestamento na Amazônia? 

Secundárias:  
Como o Brasil conseguiu diminuir em 80% as taxas de desmatamento entre 2004 e 2012 via ações de comando e controle se apenas 7% dos fazendeiros que desmatavam foram punidos e apenas 10% das multas ambientais foram pagas? 

Os fazendeiros reagem de forma estratégica para evitar punição, seja deslocando o desmatamento espacialmente para longe dos locais punidos, seja mudando o padrão do desmatamento para não ser detectado pelo monitoramento por satélites? 

Qual a relevância deste tema? Por que é importante que as pessoas saibam mais sobre ele? 
O desmatamento na Amazônia gera uma série de consequências negativas. Em nível global, contribui para mudanças climáticas, representando 20% das emissões anuais de gases de efeito estufa. Em nível regional, reduz a precipitação, prejudicando a produção agropecuária no Cerrado, no Sul e Sudeste do Brasil e até mesmo em outros países da América do Sul, a depender de quanto for desmatado. Em nível local, gera ameaças à biodiversidade e à vida das comunidades locais. 

Apesar de leis e regulações limitando o desmatamento legal na Amazônia existirem há décadas, na prática o desmatamento ilegal continua ocorrendo de forma recorrente e mais de 20% da floresta já foi desmatada.  

Quais as conclusões do estudo?  
Sanções ambientais reduzem desmatamento e promovem reflorestamento tanto em fazendas punidas diretamente quanto em fazendas vizinhas às punidas. Portanto, uma mesma punição parece ser capaz de mudar o comportamento de múltiplos fazendeiros, ajudando a explicar o sucesso no combate ao desmatamento mesmo com uma baixa proporção de fazendeiros punidos diretamente. 

Os impactos das sanções ambientais são maiores em períodos nos quais o governo federal demonstrou estar mais comprometido com o combate ao desmatamento (2004-2012), perdendo força a partir de 2012, com o arrefecimento desses esforços, resultado de reduções no orçamento e nos gastos operacionais na Amazônia. 

Os fazendeiros parecem não reagir estrategicamente para evitar punições, nem deslocando espacialmente sua atividade para longe dos locais punidos, nem mudando seu padrão de desmatamento para áreas abaixo do limite de detecção do monitoramento por satélite. 

Por fim, calculamos que, caso nenhuma sanção ambiental tivesse sido aplicada entre 2005 e 2018, o desmatamento teria sido 48% maior do que o observado no período, sugerindo que 2,268 milhões de hectares de floresta foram salvos e a emissão de 1,6 bilhões de toneladas de CO2 foi evitada, o equivalente a 31% da emissão dos Estados Unidos.  

O que há de novo na sua pesquisa? (Método, conclusão, recorte etc.)
A principal inovação da pesquisa foi combinar dados de satélite capazes de identificar desmatamento e reflorestamento em alta resolução com dados espaciais de sanções ambientais, permitindo uma análise no nível das fazendas. Graças a esse detalhamento conseguimos enxergar reações individuais e entender melhor como e quem muda seu comportamento quando exposto a sanções ambientais.
Por exemplo, conseguimos separar os fazendeiros em grupos de acordo com a distância até um local punido para analisar a possibilidade de deslocamento espacial do desmatamento e também conseguimos identificar a área de cada desmatamento, o que nos permitiu diferenciar o que era e não era detectável pelo monitoramento em tempo real na época. 

Qual foi a metodologia empregada e os dados utilizados?  
Combinamos diversos dados espaciais: de sanções ambientais do Ibama, de mudanças de cobertura florestal (desmatamento e reflorestamento), do projeto MapBiomas, de estoque de carbono do Global Forest Watch e de fazendas do Atlas da Agropecuária Brasileira. 

Utilizamos uma metodologia chamada "diferença-em-diferenças". Essa técnica compara as mudanças antes e depois da punição entre fazendas que receberam penalidades ambientais com aquelas que nunca foram punidas. 

Conte um pouco: quais foram os principais desafios encontrados? Como você os superou e qual a sensação em relação a esses desafios e à conclusão da sua pesquisa?
Encontrei dois principais desafios.
Combinar diversos dados espaciais super detalhados que demandam soluções computacionais cuidadosas para chegar à base final de análise sem estourar a memória RAM do computador. Superei esse desafio testando diferentes soluções em uma amostra aleatória pequena, mas representativa dos dados completos. 

Transformar todas as análises, gráficos, tabelas em um texto acadêmico coeso. Superei o desafio investindo longas horas de escrita e revisão com auxílio de feedbacks dos orientadores, da namorada, de amigos e do ChatGPT. 

Para quais públicos os resultados deste estudo podem ser mais relevantes?
Formuladores de políticas públicas para o combate ao desmatamento na Amazônia podem se beneficiar dessa pesquisa para entender melhor como sanções ambientais auxiliam a conservação ambiental e para justificar os aumentos de recursos e esforços destinados ao combate do desmatamento.  

Quais as palavras-chave do estudo?
Desmatamento, Reflorestamento, Aplicação da lei, Externalidades 

Coloque, por favor, as principais referências do trabalho.
Juliano Assunção, Clarissa Gandour, Romero Rocha. 2022. “DETERring Deforestation in the Amazon: Environmental Monitoring and Law Enforcement”. American Economic Journal: Applied Economics, 15, no. 2: 125–56. 

Robin Burgess, Francisco J. M. Costa, Benjamin A. Olken. 2019. “National Borders and the Conservation of Nature”. SocArXiv. August 9.
Brantly Callaway, Pedro H. C. Sant’Anna. 2021. Difference-in-differences with multiple time periods. Journal of econometrics, 225(2), 200-230 

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