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Estamos vivendo momentos de grande incerteza. Não sabemos ao certo o número de pessoas que estão ou já foram infectadas pelo coronavírus. Muitos dos infectados não são testados e por isso não entram nas estatísticas; além disso, um grande número deles, em particular os mais jovens, não apresenta sintomas. O fato de haver muitas pessoas sem diagnóstico explica em parte a rapidez com que o vírus se espalha, uma vez que os cuidados com a higiene pessoal e isolamento não são os mesmos nesses casos. 

Como não sabemos quantas pessoas foram contaminadas, não podemos calcular a taxa de mortalidade do vírus. As estimativas vão desde 1 ou 2 vezes a taxa de mortalidade de uma gripe comum (0,1% dos acometidos) a até 30 ou 40 vezes essa taxa.

Algumas conclusões podemos extrair do número de mortes pelo coronavírus (esses números são mais confiáveis, apesar de algumas omissões e eventuais erros em certidões de óbito). Primeiro, a mortalidade é maior entre pessoas com mais de 65 anos e com problemas de saúde preexistentes (vejam aqui os números da Itália, o país com o maior número de mortos até o momento). Segundo, a mortalidade é muito maior quando o paciente que precisa de atendimento não é internado em Unidades de Tratamento Intensiva (UTI). Por isso, as políticas adotadas por todos os países, com algumas variações, têm por objetivo isolar as pessoas mais suscetíveis e restringir ao máximo a circulação do vírus entre a população para evitar que o sistema de saúde fique sobrecarregado.

Mas as incertezas não param aí. Não sabemos qual será o impacto da doença sobre a economia global. Um choque mundial dessa magnitude não tem precedentes no passado recente. Os governos estão procurando responder com políticas de estímulo também sem precedentes. Desta vez ninguém vai culpar os economistas por errarem as projeções do PIB...

Não sabemos qual será o impacto sobre a economia brasileira. Cada país é diferente. O número de pessoas que vive na informalidade ou que tira do trabalho diário a sua renda é muito maior no Brasil do que na Itália, por exemplo. Além disso, a capacidade do governo brasileiro em auxiliar essas pessoas é limitada. Qual será o impacto dessa queda abrupta da renda na saúde das pessoas mais vulneráveis? A grande maioria dos brasileiros não tem poupança. Se o efeito sobre a renda se prolongar é possível que tenhamos uma situação de completo caos social.

Para complicar ainda mais, as medidas de enfrentamento para a economia e a saúde são, no momento, antagônicas: o isolamento imposto pela epidemia acirra a crise econômica.

Assim como acompanhamos a febre de um paciente para saber se está se recuperando, será importante acompanhar o nível de incerteza da economia daqui para frente. O mercado financeiro já tem um termômetro para isso. Trata-se do VIX, índice de volatilidade calculado pela bolsa de Chicago. Atualmente, o VIX está em 60%, muito acima da média de 19% dos últimos trinta anos, e um pouco abaixo do máximo de 82,7% atingido no dia 16 de março. No Brasil, o IVol-br (o equivalente ao VIX  para o Brasil) está em 69,1%, acima da média de 23,5% dos últimos anos, e abaixo do máximo de 113,5% atingido no dia 18 de março. 

Vamos torcer para que os níveis de incerteza baixem logo, para o bem de todos.

COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE SÃO PAULO

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Tempos incertos

Estamos vivendo momentos de grande incerteza. Não sabemos ao certo o número de pessoas que estão ou já foram infectadas pelo coronavírus. Muitos dos infectados não são testados e por isso não entram nas estatísticas; além disso, um grande número deles, em particular os mais jovens, não apresenta sintomas. O fato de haver muitas pessoas sem diagnóstico explica em parte a rapidez com que o vírus se espalha, uma vez que os cuidados com a higiene pessoal e isolamento não são os mesmos nesses casos. 

Como não sabemos quantas pessoas foram contaminadas, não podemos calcular a taxa de mortalidade do vírus. As estimativas vão desde 1 ou 2 vezes a taxa de mortalidade de uma gripe comum (0,1% dos acometidos) a até 30 ou 40 vezes essa taxa.

Algumas conclusões podemos extrair do número de mortes pelo coronavírus (esses números são mais confiáveis, apesar de algumas omissões e eventuais erros em certidões de óbito). Primeiro, a mortalidade é maior entre pessoas com mais de 65 anos e com problemas de saúde preexistentes (vejam aqui os números da Itália, o país com o maior número de mortos até o momento). Segundo, a mortalidade é muito maior quando o paciente que precisa de atendimento não é internado em Unidades de Tratamento Intensiva (UTI). Por isso, as políticas adotadas por todos os países, com algumas variações, têm por objetivo isolar as pessoas mais suscetíveis e restringir ao máximo a circulação do vírus entre a população para evitar que o sistema de saúde fique sobrecarregado.

Mas as incertezas não param aí. Não sabemos qual será o impacto da doença sobre a economia global. Um choque mundial dessa magnitude não tem precedentes no passado recente. Os governos estão procurando responder com políticas de estímulo também sem precedentes. Desta vez ninguém vai culpar os economistas por errarem as projeções do PIB...

Não sabemos qual será o impacto sobre a economia brasileira. Cada país é diferente. O número de pessoas que vive na informalidade ou que tira do trabalho diário a sua renda é muito maior no Brasil do que na Itália, por exemplo. Além disso, a capacidade do governo brasileiro em auxiliar essas pessoas é limitada. Qual será o impacto dessa queda abrupta da renda na saúde das pessoas mais vulneráveis? A grande maioria dos brasileiros não tem poupança. Se o efeito sobre a renda se prolongar é possível que tenhamos uma situação de completo caos social.

Para complicar ainda mais, as medidas de enfrentamento para a economia e a saúde são, no momento, antagônicas: o isolamento imposto pela epidemia acirra a crise econômica.

Assim como acompanhamos a febre de um paciente para saber se está se recuperando, será importante acompanhar o nível de incerteza da economia daqui para frente. O mercado financeiro já tem um termômetro para isso. Trata-se do VIX, índice de volatilidade calculado pela bolsa de Chicago. Atualmente, o VIX está em 60%, muito acima da média de 19% dos últimos trinta anos, e um pouco abaixo do máximo de 82,7% atingido no dia 16 de março. No Brasil, o IVol-br (o equivalente ao VIX  para o Brasil) está em 69,1%, acima da média de 23,5% dos últimos anos, e abaixo do máximo de 113,5% atingido no dia 18 de março. 

Vamos torcer para que os níveis de incerteza baixem logo, para o bem de todos.

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