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Uma regrinha simples para entender se uma política pública faz sentido consiste em comparar benefícios e custos prováveis. Por exemplo, digamos que a prefeitura de uma cidade cogite desapropriar uma área para fazer um parque. Nesse caso, precisamos nos perguntar:

– Quem são os maiores beneficiados com a nova opção de lazer?

– Não há alternativa que torne desnecessária a desapropriação dessa área?

– O novo parque vai, de fato, ser positivo para a vida de muitos, a ponto de justificar a desapropriação de poucos?

E do lado dos custos:

– Quanto será gasto para indenizar os proprietários do terreno e construir o parque novo?

– Existe uso mais prioritário para essa verba, alguma necessidade mais urgente para ser atendida?

– Não seria melhor usar essa grana, por exemplo, para fazer um novo hospital para a comunidade ou, então, baixar alguns impostos?

Claro, não há como ter todas essas respostas de antemão, sem que exista o parque para avaliarmos seus resultados na prática. Mas uma estimativa do que pode acontecer é importante. Permite guiar a escolha do que fazer com o dinheiro público, arrecadado com o pagamento de impostos de cada cidadão.

É crucial que a população esteja bem informada sobre todos esses aspectos. Só assim a sociedade pode pressionar o governo a tomar a decisão correta com os dados disponíveis – a escolha de construir ou não o parque, por exemplo, deve ser tomada com base nos benefícios e custos esperados pela medida.

Beleza, mas o que isso tudo tem a ver com o bloqueio do WhatsApp?

Podemos pensar na decisão judicial de bloquear o aplicativo com base nessa mesma ideia de custo-benefício

Qual o benefício da decisão?

O juiz coloca pressão na empresa para entregar dados que potencialmente auxiliarão em uma investigação. Pode-se pegar e condenar os culpados com maior probabilidade. A suspensão funciona como um recado da Justiça: “Sua decisão terá custos consideráveis!”. Esse sinal tende chegar não só para o donos do Whats, mas também para os dirigentes de outras empresas que, no futuro, queiram se negar a entregar dados à Justiça. Se é assim, existe incentivo para que todas as companhias cooperem mais firmemente com o judiciário.

E o custo de bloquear o aplicativo?

Há cerca de 100 milhões de usuários do WhatsApp no Brasil. É um meio de comunicação rápido, eficiente e barato. O serviço permite não apenas a troca de mensagens pessoais, mas também fazer negócios. Muita gente precisa do WhatsApp para trabalhar. O bloqueio, mesmo que por pouco tempo, causa um estrago enorme.

Fica difícil defender a decisão da Justiça em relação ao WhatsApp quando olhamos sob esse aspecto de custo-benefício. Para condenar alguns traficantes a mais, a Justiça escolhe punir não apenas uma empresa. Na prática, a suspensão do uso do aplicativo penaliza metade da população brasileira. Ainda que o custo fosse pequeno por pessoa, o que certamente não é, o número de pessoas atingidas pela decisão é elevadíssimo. O custo agregado é gigantesco.

Obviamente, uma pessoa ou empresa que não cumpra uma decisão judicial deve sofrer sansões. Se não é assim, a Justiça deixa de ser respeitada – o que, provavelmente, é bem mais custoso do que 3 dias sem WhatsApp. Ou seja, deve, sim, haver punições quando a Justiça achar necessário – multas, prisões, etc. Mas não parece razoável que a população toda pague esse pato.


WhatsApp fora do ar: Por que punir 100 milhões?

Uma regrinha simples para entender se uma política pública faz sentido consiste em comparar benefícios e custos prováveis. Por exemplo, digamos que a prefeitura de uma cidade cogite desapropriar uma área para fazer um parque. Nesse caso, precisamos nos perguntar: – Quem são os maiores beneficiados com a nova opção de lazer? – Não há alternativa que torne desnecessária a desapropriação dessa área? – O novo parque vai, de fato, ser positivo para a vida de muitos, a ponto de justificar a desapropriação de poucos? E do lado dos custos: – Quanto será gasto para indenizar os proprietários do terreno e construir o parque novo? – Existe uso mais prioritário para essa verba, alguma necessidade mais urgente para ser atendida? – Não seria melhor usar essa grana, por exemplo, para fazer um novo hospital para a comunidade ou, então, baixar alguns impostos? Claro, não há como ter todas essas respostas de antemão, sem que exista o parque para avaliarmos seus resultados na prática. Mas uma estimativa do que pode acontecer é importante. Permite guiar a escolha do que fazer com o dinheiro público, arrecadado com o pagamento de impostos de cada cidadão. É crucial que a população esteja bem informada sobre todos esses aspectos. Só assim a sociedade pode pressionar o governo a tomar a decisão correta com os dados disponíveis – a escolha de construir ou não o parque, por exemplo, deve ser tomada com base nos benefícios e custos esperados pela medida. Beleza, mas o que isso tudo tem a ver com o bloqueio do WhatsApp? Podemos pensar na decisão judicial de bloquear o aplicativo com base nessa mesma ideia de custo-benefício Qual o benefício da decisão? O juiz coloca pressão na empresa para entregar dados que potencialmente auxiliarão em uma investigação. Pode-se pegar e condenar os culpados com maior probabilidade. A suspensão funciona como um recado da Justiça: “Sua decisão terá custos consideráveis!”. Esse sinal tende chegar não só para o donos do Whats, mas também para os dirigentes de outras empresas que, no futuro, queiram se negar a entregar dados à Justiça. Se é assim, existe incentivo para que todas as companhias cooperem mais firmemente com o judiciário. E o custo de bloquear o aplicativo? Há cerca de 100 milhões de usuários do WhatsApp no Brasil. É um meio de comunicação rápido, eficiente e barato. O serviço permite não apenas a troca de mensagens pessoais, mas também fazer negócios. Muita gente precisa do WhatsApp para trabalhar. O bloqueio, mesmo que por pouco tempo, causa um estrago enorme. Fica difícil defender a decisão da Justiça em relação ao WhatsApp quando olhamos sob esse aspecto de custo-benefício. Para condenar alguns traficantes a mais, a Justiça escolhe punir não apenas uma empresa. Na prática, a suspensão do uso do aplicativo penaliza metade da população brasileira. Ainda que o custo fosse pequeno por pessoa, o que certamente não é, o número de pessoas atingidas pela decisão é elevadíssimo. O custo agregado é gigantesco. Obviamente, uma pessoa ou empresa que não cumpra uma decisão judicial deve sofrer sansões. Se não é assim, a Justiça deixa de ser respeitada – o que, provavelmente, é bem mais custoso do que 3 dias sem WhatsApp. Ou seja, deve, sim, haver punições quando a Justiça achar necessário – multas, prisões, etc. Mas não parece razoável que a população toda pague esse pato.
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