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Minha avó dizia: se não tem nada de relevante para falar, fique de boca fechada. Estivesse viva (Deus a tenha, vovozinha), teria passado um pito no Alexandre Tombini, presidente do Banco Central (BC).

Num momento em que a recuperação da credibilidade anti-inflacionária é absolutamente fundamental (lembrem-se: a inflação fechou 2015 em 10,7%!), o presidente do BC escorrega perigosamente na estratégia de comunicação. Falar o que não se deve influencia a formação de expectativas. Torna a tarefa de reduzir a inflação ainda mais difícil.

Há algum tempo, depois de um período de erros entre 2011 e 2014, a autoridade monetária (outro nome pelo qual responde o BC) vinha consolidando sua reputação com ações e falas: endureceu o discurso, indicou a crise fiscal como obstáculo à queda da inflação e teve a coragem de elevar juros em meio a um cenário político complicado. Mas todo esse ganho pode ter ido por água abaixo, com o esquisitíssimo comunicado de Alexandre, o Tombini.

Como se dizia antigamente, rasgar é mais fácil que costurar. Construir reputação é difícil, perde-la é facílimo.

E não é que às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, Tombini emitiu nota oficial tendo por base a mudança de projeção do FMI para o crescimento brasileiro em 2016 (de queda de 1% para queda de 3,5%), contradizendo o tom do BC de até então?

Tombini avisa: “Esse novo fato precisa ser levado em conta na decisão sobre a taxa de juro”.

Que novo fato???

A própria pesquisa do BC com os mercados já mostrava uma expectativa de queda da atividade econômica superior a 3%.

Obviamente, o FMI não revisa suas projeções semanalmente. Isso explica o salto um tanto abrupto de -1% para -3,5%. Mas isso não quer dizer que a nova estimativa tenha surpreendido alguém. Não conheço um ser vivo que esteja chocado – exceto Alexandre, o Tombini.

O problema: é difícil acreditar que o BC, com seu competente corpo técnico, tenha de fato recebido a notícia com surpresa. Sendo assim, por que então anunciar a projeção do FMI como tal?

É aí que a porca torce o rabo.

A verdade é que não sabemos, mas, dada essa reviravolta no teor da comunicação oficial, logo em semana de Copom, como descartar a hipótese de que Alexandre tenha recebido um telefonema da “economista-chefe” do Brasil, sugerindo mudanças no curso de ação?

Não dá pra descartar essa conjectura. E se essa suspeita for verdadeira, há razões adicionais para descrença nas promessas de convergência para 4,5% de inflação ao ano em 2017 (além do mais, essa promessa havia sido feita para 2016 e não será cumprida, ao que tudo indica).

Que fique claro: dada a dinâmica da dívida pública e a magnitude da desaceleração, não é obvio que o BC deva elevar mais o juro, mesmo com inflação ainda alta. Não é isso que se discute aqui. O que pedimos não é mais Selic, é mais coerência e profissionalismo.


  OUÇA TAMBÉM: [audio wav="https://site-porque.s3.amazonaws.com/Por-que-crises-políticas-afetam-a-economia.wav"][/audio]  

Tombini, por que arranhar a credibilidade do BC?

Minha avó dizia: se não tem nada de relevante para falar, fique de boca fechada. Estivesse viva (Deus a tenha, vovozinha), teria passado um pito no Alexandre Tombini, presidente do Banco Central (BC). Num momento em que a recuperação da credibilidade anti-inflacionária é absolutamente fundamental (lembrem-se: a inflação fechou 2015 em 10,7%!), o presidente do BC escorrega perigosamente na estratégia de comunicação. Falar o que não se deve influencia a formação de expectativas. Torna a tarefa de reduzir a inflação ainda mais difícil. Há algum tempo, depois de um período de erros entre 2011 e 2014, a autoridade monetária (outro nome pelo qual responde o BC) vinha consolidando sua reputação com ações e falas: endureceu o discurso, indicou a crise fiscal como obstáculo à queda da inflação e teve a coragem de elevar juros em meio a um cenário político complicado. Mas todo esse ganho pode ter ido por água abaixo, com o esquisitíssimo comunicado de Alexandre, o Tombini. Como se dizia antigamente, rasgar é mais fácil que costurar. Construir reputação é difícil, perde-la é facílimo. E não é que às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, Tombini emitiu nota oficial tendo por base a mudança de projeção do FMI para o crescimento brasileiro em 2016 (de queda de 1% para queda de 3,5%), contradizendo o tom do BC de até então? Tombini avisa: “Esse novo fato precisa ser levado em conta na decisão sobre a taxa de juro”. Que novo fato??? A própria pesquisa do BC com os mercados já mostrava uma expectativa de queda da atividade econômica superior a 3%. Obviamente, o FMI não revisa suas projeções semanalmente. Isso explica o salto um tanto abrupto de -1% para -3,5%. Mas isso não quer dizer que a nova estimativa tenha surpreendido alguém. Não conheço um ser vivo que esteja chocado – exceto Alexandre, o Tombini. O problema: é difícil acreditar que o BC, com seu competente corpo técnico, tenha de fato recebido a notícia com surpresa. Sendo assim, por que então anunciar a projeção do FMI como tal? É aí que a porca torce o rabo. A verdade é que não sabemos, mas, dada essa reviravolta no teor da comunicação oficial, logo em semana de Copom, como descartar a hipótese de que Alexandre tenha recebido um telefonema da “economista-chefe” do Brasil, sugerindo mudanças no curso de ação? Não dá pra descartar essa conjectura. E se essa suspeita for verdadeira, há razões adicionais para descrença nas promessas de convergência para 4,5% de inflação ao ano em 2017 (além do mais, essa promessa havia sido feita para 2016 e não será cumprida, ao que tudo indica). Que fique claro: dada a dinâmica da dívida pública e a magnitude da desaceleração, não é obvio que o BC deva elevar mais o juro, mesmo com inflação ainda alta. Não é isso que se discute aqui. O que pedimos não é mais Selic, é mais coerência e profissionalismo.   OUÇA TAMBÉM: [audio wav="https://site-porque.s3.amazonaws.com/Por-que-crises-políticas-afetam-a-economia.wav"][/audio]  
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