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A produtividade total dos fatores (PTF) busca medir a eficiência com a qual uma certa economia usa seus diversos fatores produtivos: capital, trabalho, nível do capital humano e terra. Pense da seguinte forma: dois países diferentes com o mesmo nível dessas quatro variáveis podem terminar com níveis de renda distintos a depender de como esses fatores são alocados entre os diversos setores da economia.

Um exemplo extremo: se, no país A, o governo canaliza metade desses recursos para produção de buracos (seguida do devido tapamento); enquanto, no país B, esses circulam livremente em busca do uso mais eficiente (por meio de mecanismos de mercado), o país B tende a ser muito mais desenvolvido.

Este gráfico ilustra a evolução da taxa de crescimento da produtividade no Brasil desde 1960. Ele é em si uma aula de história importante.

PTF-brasil-grafico

1 – Como se vê, logo após o plano conhecido como PAEG (Programa de Ação Econômica do Governo), no início dos anos 60, a produtividade cresce bastante. Esse plano priorizou reformas institucionais e racionalização dos sistemas tributários. Um equivalente primitivo do que hoje chamamos de reformas estruturais/microeconômicas.

2 – A década de 1970 é marcada pelo desastre da produtividade. O Brasil crescia bastante, mas devido a uma alta maciça de investimento em capital físico (olhar para o capital humano, ampliando a rede pública de educação e melhorar a qualidade? Nem pensar, é sentar a pua!). É a época das grandes obras, de supostos milagres, do comando e controle, do pau na máquina. Mas tudo muito ineficientemente.

3 – E os desequilíbrios associados aos excessos dos anos 70 geram a década perdida dos 1980: inflação alta, crise, calote, crescimento pífio. E produtividade negativa o período todo!

4 – A coisa começa a melhorar nos anos 90, bem antes do Plano Real. A tão criticada abertura e o início do processo de privatizações parecem ser a força por trás da arrancada da PTF. A estabilização inflacionária, curiosamente, não aparece como claro impulso à PTF. Possíveis explicações: câmbio fixo distorcendo alocação ótima, política fiscal ruim no FHC I e crise após crise no cenário internacional.

5 – No segundo mandato de FHC a PTF volta a subir (políticas fiscal, monetária e cambial melhores, talvez?) e recebe empuxo adicional do Lula I, com a volta à agenda estrutural e às microrreformas. A Previdência Social recebeu algum ajuste, melhorou a fluidez do mercado de crédito, a questão da estabilidade foi levada em conta, etc.

6 – O ocaso, as trevas. Em 2009, ou talvez um pouco antes, mal havíamos chegado ao 1% positivo e o rumo das coisas começou a mudar. O governo altera a Lei do Petróleo, que funcionava bem; intensifica o uso político das grandes estatais; coloca o BNDES em modo de “soca o pilão”; intervém bem mais nos preços relativos (incluindo a taxa de câmbio); pratica congelamento branco; torna-se gradativamente mais leniente no combate à inflação; e, finalmente, formaliza tudo isso sob a égide da famigerada "Nova Matriz". O resultado é o esperado: a PTF vai ladeira abaixo.

A história recente do Brasil em um só gráfico

A produtividade total dos fatores (PTF) busca medir a eficiência com a qual uma certa economia usa seus diversos fatores produtivos: capital, trabalho, nível do capital humano e terra. Pense da seguinte forma: dois países diferentes com o mesmo nível dessas quatro variáveis podem terminar com níveis de renda distintos a depender de como esses fatores são alocados entre os diversos setores da economia. Um exemplo extremo: se, no país A, o governo canaliza metade desses recursos para produção de buracos (seguida do devido tapamento); enquanto, no país B, esses circulam livremente em busca do uso mais eficiente (por meio de mecanismos de mercado), o país B tende a ser muito mais desenvolvido. Este gráfico ilustra a evolução da taxa de crescimento da produtividade no Brasil desde 1960. Ele é em si uma aula de história importante. PTF-brasil-grafico 1 – Como se vê, logo após o plano conhecido como PAEG (Programa de Ação Econômica do Governo), no início dos anos 60, a produtividade cresce bastante. Esse plano priorizou reformas institucionais e racionalização dos sistemas tributários. Um equivalente primitivo do que hoje chamamos de reformas estruturais/microeconômicas. 2 – A década de 1970 é marcada pelo desastre da produtividade. O Brasil crescia bastante, mas devido a uma alta maciça de investimento em capital físico (olhar para o capital humano, ampliando a rede pública de educação e melhorar a qualidade? Nem pensar, é sentar a pua!). É a época das grandes obras, de supostos milagres, do comando e controle, do pau na máquina. Mas tudo muito ineficientemente. 3 – E os desequilíbrios associados aos excessos dos anos 70 geram a década perdida dos 1980: inflação alta, crise, calote, crescimento pífio. E produtividade negativa o período todo! 4 – A coisa começa a melhorar nos anos 90, bem antes do Plano Real. A tão criticada abertura e o início do processo de privatizações parecem ser a força por trás da arrancada da PTF. A estabilização inflacionária, curiosamente, não aparece como claro impulso à PTF. Possíveis explicações: câmbio fixo distorcendo alocação ótima, política fiscal ruim no FHC I e crise após crise no cenário internacional. 5 – No segundo mandato de FHC a PTF volta a subir (políticas fiscal, monetária e cambial melhores, talvez?) e recebe empuxo adicional do Lula I, com a volta à agenda estrutural e às microrreformas. A Previdência Social recebeu algum ajuste, melhorou a fluidez do mercado de crédito, a questão da estabilidade foi levada em conta, etc. 6 – O ocaso, as trevas. Em 2009, ou talvez um pouco antes, mal havíamos chegado ao 1% positivo e o rumo das coisas começou a mudar. O governo altera a Lei do Petróleo, que funcionava bem; intensifica o uso político das grandes estatais; coloca o BNDES em modo de “soca o pilão”; intervém bem mais nos preços relativos (incluindo a taxa de câmbio); pratica congelamento branco; torna-se gradativamente mais leniente no combate à inflação; e, finalmente, formaliza tudo isso sob a égide da famigerada "Nova Matriz". O resultado é o esperado: a PTF vai ladeira abaixo.
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