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Como o governo pode controlar a inflação?

O controle da inflação passa por medidas de aperto fiscal e monetário. Ou seja, gastos públicos mais baixos, impostos mais elevados e juros mais altos.

No curto prazo, essas decisões ajudam a conter a demanda por bens e serviços – e uma demanda mais baixa para uma dada oferta no curto prazo faz com que o ritmo de aumento dos preços seja menor. Isso quase sempre tem um impacto recessivo na economia.

Portanto, controlar a inflação tende a envolver sacrifícios no curto prazo, como crescimento mais baixo e desemprego mais alto.

Esse remédio é bem doloroso quando um país se defronta com inflação de curto prazo causada por aumento de custos – por exemplo, se ocorreu aumento no preço da energia. Nesse caso, podemos ter o fenômeno conhecido como estagflação. Trata-se da combinação de inflação alta com recessão.

A energia mais cara, por exemplo, pressiona os custos das firmas, que são, em parte, repassados aos consumidores (inflação mais alta). O custo mais elevado também faz com que as empresas produzam menos (crescimento baixo). Se, nessas condições, o governo quiser lutar contra a inflação utilizando aperto fiscal e monetário, a recessão pode ser aprofundada.

Em casos como esse pode fazer certo sentido conviver com um pouco mais de inflação, temporariamente, para não prejudicar muito o crescimento e trazer desemprego.

E no longo prazo?

Como vimos, inflação alta no longo prazo é resultado de problemas fiscais. E eles fazem com que o país recorra à impressão de moeda para fechar suas contas. Então, para controlar a inflação, o governo precisa reduzir a necessidade de se financiar com emissão de moeda. Para isso, precisa ajustar suas finanças, cortando gastos e/ou aumentando impostos, num processo permanente.

Há tentativas de governos de controlar a inflação “na marra”. É o tal do congelamento de preços de bens e serviços.

Quem é mais novinho, lembra bem: durante o Plano Cruzado, em 1986, diversos bens e serviços tiveram seus preços tabelados pelo governo brasileiro. As empresas não podiam cobrar valores maiores que os pré-estabelecidos em Brasília. Essa estratégia, como foi visto, fracassou. Não funciona por não atacar a causa do problema (a questão fiscal), mas apenas o efeito (a subida contínua dos preços).

É tão ineficiente quanto, na esperança de curar uma gripe, tomar remédio e ficar andando sem camisa na chuva durante o inverno.

Se o governo continua a imprimir moeda e a pressionar a demanda, os preços precisam subir para equilibrar oferta e demanda. Se eles não sobem, as firmas não têm incentivo a produzir. O resultado: escassez. De maneira mais clara, começam a faltar produtos nas prateleiras. Incluindo os essenciais, como leite, ovos e outros alimentos.

No vídeo abaixo, de 1986, o atual ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, comenta o funcionamento do Plano Cruzado. Economista pela Central Única dos Trabalhadores à época, ele destaca a falta de alimentos nas prateleiras dos supermercados (embora explique de outra maneira as consequências desastrosas dessa medida).






 

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