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Selic

Normalmente ouvimos falar que o Banco Central controla a taxa básica da economia – no Brasil, a taxa Selic. Aumentando essa taxa ele é capaz de afetar a atividade econômica no país, o custo de tomar empréstimos etc. Na verdade, o Banco Central não controla diretamente a taxa de juros. Ele controla a quantidade de moeda na economia, e utiliza isso para influenciar os juros.

Especificamente, o Banco Central fixa uma meta de juros (no Brasil, definida nas reuniões mensais do Comitê de Política Monetária, ou Copom) e se utiliza de operações de mercado aberto para alcançá-la. Vejamos como.

Por precaução, o Banco Central obriga os bancos comerciais a manter certa fração mínima dos seus depósitos à vista sob a  forma de reservas compulsórias.

Se, num dado dia, um banco não cumpre com a quota mínima de reservas, ele precisará tomar um empréstimo overnight de outros bancos.  Essa operação funciona da seguinte maneira:

Um banco X com falta de reservas vende títulos para outro banco Y com excesso de reservas, obtendo assim moeda para satisfazer a necessidade de manutenção de reservas. Ao mesmo tempo, ambas as partes comprometem-se que, no dia seguinte, Y revenderá o mesmo título para X por um preço previamente acordado entre as partes.

Ou seja, simplificando bastante, overnight é esse empréstimo feito num dia para ser resgatado no dia seguinte.  

Evidentemente, essa operação não sai de graça. Quando Y empresta liquidez para X, ele cobra uma taxa de juros, chamada de taxa overnight. No Brasil, as operações de overnight são realizadas por meio de uma plataforma virtual chamada Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic). A taxa básica de juros – a tão famosa taxa Selic – nada mais é do que uma média das taxas overnight cobradas na plataforma Selic.

As taxas overnight flutuam diariamente, mas não podem se distanciar muito das taxas de rendimento dos títulos do governo. Se, por exemplo, manter títulos rende mais, os bancos preferirão fazer isso em vez de emprestar à taxa overnight, de modo que os bancos com falta de reservas deverão aceitar taxas maiores para atrair emprestadores. Por outro lado, se a taxa overnight for muito superior ao rendimento dos títulos, muitos bancos preferirão fazer esse tipo de empréstimo a manter títulos. Haverá assim muita gente disposta a emprestar no overnight, de modo que os emprestadores conseguirão taxas mais baixas.

Quando o Banco Central realiza uma política monetária expansionista, ele compra títulos do governo em posse dos bancos. Isso pressiona os preços dos títulos para cima, reduzindo a taxa de retorno obtida sobre eles. Por quê? Imagine que o governo promete pagar, daqui a um ano, 150 reais sobre um título que hoje custa 100 reais. Nesse caso, a taxa de juros paga é de 50% ao ano (o detentor do título paga R$100 e recebe R$150, ou seja, tem 50% de retorno). Suponha, agora, que o Banco Central compra títulos, elevando seu preço para 120 reais. A taxa de juros desse título agora se reduz a 25% ao ano, que é a taxa associada ao crescimento de 120 para 150 reais em um ano.

Juntando todas essas peças, agora podemos compreender como o Banco Central afeta a taxa de juros básica da economia, a taxa Selic. Ao comprar títulos numa operação de mercado aberto (aumentando assim a oferta de moeda), o Banco Central eleva o preço dos títulos e reduz a taxa de juros que eles rendem. A redução da taxa de juros dos títulos, por sua vez, empurra as taxas overnight para baixo e, com elas, a taxa Selic.

Logo, para manter a taxa Selic em um nível desejado, o Banco Central deve continuamente realizar operações de mercado aberto. Quando a taxa Selic encontra-se acima da meta, o Banco Central compra títulos (ampliando a oferta de moeda) para que ela se reduza. Por outro lado, quando essa taxa está abaixo da meta, ele vende títulos (reduzindo a oferta de moeda) para que a Selic aumente.

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