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Você provavelmente reparou em algo importante na economia brasileira nos últimos dias: o dólar está subindo muito, acima de R$ 3,90 - veja aqui. E a razão vem do outro lado do oceano, mais precisamente da Turquia, país que está à beira do colapso econômico. Sua moeda (a lira) perdeu mais de 30% de valor frente ao dólar ao longo do ano. E nas últimas semanas esse movimento se acelerou brutalmente.

Isso acaba afetando outros mercados emergentes. Nesse contexto, investidores externos buscam alternativas mais seguras (títulos da dívida pública de países desenvolvidos, por exemplo) e acabam deixando de colocar seu dinheiro em países em desenvolvimento, especialmente naqueles com quadro macroeconômico mais frágil, como o Brasil – lembre-se de que nossa situação fiscal não é nada confortável. Temos então um aumento na procura de moedas como o dólar, pressionando seu preço para cima. Daí a subida no câmbio que observamos nos últimos dias por aqui.

Mas o que aconteceu na Turquia?

A crise turca parece ter sido precipitada pela tensão com os Estados Unidos, que ameaçaram o país com sanções (como tarifas de importação) como resposta à prisão de um cidadão americano na Turquia. Na verdade, esse foi apenas o empurrãozinho que faltava, pois a economia turca já estava bem vulnerável: alta dívida (tanto pública como privada) denominada em moeda estrangeira e uma inflação persistente de dois dígitos. O problema é que, quando a lira perde valor, o valor de dívidas denominadas em moeda estrangeira também sobe, quando cotadas na moeda local. Se uma empresa turca, por exemplo, deve 1 milhão de dólares a um banco estrangeiro, e o preço do dólar aumenta 10%, então o valor em liras da dívida aumenta na mesma proporção da noite para o dia. Isso é problemático, particularmente se a empresa vende seu produto em grande medida para o mercado local, e recebe suas receitas em liras. Quem já viajou para o exterior, fez compras no cartão de crédito e viu o dólar disparar sabe o que é isso: um drama para quem recebe salário em reais. Assim, o fato de o país ter muita dívida em moeda estrangeira torna sua situação especialmente complicada. Uma depreciação da lira fragiliza as finanças das empresas e do governo, o que aumenta a percepção dos investidores de que pode haver quebradeira geral, eles por sua vez tiram ainda mais seu dinheiro do país, pressionando novamente a lira... Além disso, muita gente aposta na depreciação da moeda e sai comprando dólar e euro para ganhar dinheiro – o que também contribui para elevar o preço dessas moedas em relação à lira. O país pode entrar em colapso rapidamente. Para acalmar a situação e estancar a corrida em direção a moedas estrangeiras, o governo precisa subir rápida e fortemente sua taxa de juros. Foi o que ocorreu este ano durante a crise argentina. Mas não há nenhuma indicação de que isso ocorrerá no caso turco. Afinal, o presidente Recep Tayyip Erdogan recentemente afirmou que taxas de juros são pai e mãe de todo mal. Note: Erdogan tem claras tendências autoritárias, e nas últimas eleições conseguiu consolidar ainda mais seu poder. Difícil acreditar que o banco central turco irá contra a vontade do chefe. A situação se acalmou um pouco com a ajuda financeira vinda do Catar. Mas isso não muda muito o quadro econômico frágil da Turquia. Provavelmente, teremos ainda mais turbulência vinda de lá, que trará solavancos para a economia brasileira.

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Como a crise na Turquia fez o dólar subir no Brasil?

Você provavelmente reparou em algo importante na economia brasileira nos últimos dias: o dólar está subindo muito, acima de R$ 3,90 - veja aqui. E a razão vem do outro lado do oceano, mais precisamente da Turquia, país que está à beira do colapso econômico. Sua moeda (a lira) perdeu mais de 30% de valor frente ao dólar ao longo do ano. E nas últimas semanas esse movimento se acelerou brutalmente. Isso acaba afetando outros mercados emergentes. Nesse contexto, investidores externos buscam alternativas mais seguras (títulos da dívida pública de países desenvolvidos, por exemplo) e acabam deixando de colocar seu dinheiro em países em desenvolvimento, especialmente naqueles com quadro macroeconômico mais frágil, como o Brasil – lembre-se de que nossa situação fiscal não é nada confortável. Temos então um aumento na procura de moedas como o dólar, pressionando seu preço para cima. Daí a subida no câmbio que observamos nos últimos dias por aqui. ? Mas o que aconteceu na Turquia? A crise turca parece ter sido precipitada pela tensão com os Estados Unidos, que ameaçaram o país com sanções (como tarifas de importação) como resposta à prisão de um cidadão americano na Turquia. Na verdade, esse foi apenas o empurrãozinho que faltava, pois a economia turca já estava bem vulnerável: alta dívida (tanto pública como privada) denominada em moeda estrangeira e uma inflação persistente de dois dígitos. O problema é que, quando a lira perde valor, o valor de dívidas denominadas em moeda estrangeira também sobe, quando cotadas na moeda local. Se uma empresa turca, por exemplo, deve 1 milhão de dólares a um banco estrangeiro, e o preço do dólar aumenta 10%, então o valor em liras da dívida aumenta na mesma proporção da noite para o dia. Isso é problemático, particularmente se a empresa vende seu produto em grande medida para o mercado local, e recebe suas receitas em liras. Quem já viajou para o exterior, fez compras no cartão de crédito e viu o dólar disparar sabe o que é isso: um drama para quem recebe salário em reais. Assim, o fato de o país ter muita dívida em moeda estrangeira torna sua situação especialmente complicada. Uma depreciação da lira fragiliza as finanças das empresas e do governo, o que aumenta a percepção dos investidores de que pode haver quebradeira geral, eles por sua vez tiram ainda mais seu dinheiro do país, pressionando novamente a lira... Além disso, muita gente aposta na depreciação da moeda e sai comprando dólar e euro para ganhar dinheiro – o que também contribui para elevar o preço dessas moedas em relação à lira. O país pode entrar em colapso rapidamente. Para acalmar a situação e estancar a corrida em direção a moedas estrangeiras, o governo precisa subir rápida e fortemente sua taxa de juros. Foi o que ocorreu este ano durante a crise argentina. Mas não há nenhuma indicação de que isso ocorrerá no caso turco. Afinal, o presidente Recep Tayyip Erdogan recentemente afirmou que taxas de juros são pai e mãe de todo mal. Note: Erdogan tem claras tendências autoritárias, e nas últimas eleições conseguiu consolidar ainda mais seu poder. Difícil acreditar que o banco central turco irá contra a vontade do chefe. A situação se acalmou um pouco com a ajuda financeira vinda do Catar. Mas isso não muda muito o quadro econômico frágil da Turquia. Provavelmente, teremos ainda mais turbulência vinda de lá, que trará solavancos para a economia brasileira. Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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