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As finanças públicas brasileiras estão em situação complicada. Já há alguns anos os gastos crescem mais do que a arrecadação, impulsionando a dívida pública. O quadro não parece muito sustentável. Na tentativa de estabilizar a dívida, o governo aprovou em 2016 uma emenda constitucional instituindo o teto dos gastos públicos.

Basicamente, a emenda estabelece que os gastos federais de determinado ano não podem crescer mais do que a inflação do ano anterior. Algumas despesas estão fora do teto, como transferências constitucionais a estados e municípios, gastos com eleições, Fundeb etc. Há ainda pisos para as despesas em saúde e educação. A regra durará por 10 anos, podendo ser estendida depois disso.

Este ano é o primeiro do teto. Uma questão relevante é: como está indo esse processo?

O portal da Secretaria do Tesouro Nacional tem uma página que permite acompanhar a evolução das despesas. O teto para 2017 é de cerca de 1,3 trilhões de reais, 7,2% mais alto do que o de 2016. A imagem abaixo foi retirada da página do Tesouro, e fornece uma visão geral do teto dos gastos.

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Até o mês de junho, as despesas haviam aumentado 7% em relação ao mesmo período do ano passado (veja imagem a seguir). Ou seja, o crescimento até o momento está em linha com a evolução total do teto. Se continuar nessa toada até o fim do ano, o teto será cumprido.

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Mas há sinais de preocupação, principalmente para os próximos anos. Os gastos com Previdência crescem aceleradamente. No acumulado de janeiro a junho de 2017, os benefícios previdenciários já avançaram em 11,8% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a página do Tesouro (imagem abaixo). Bem acima do crescimento total dos gastos observado e do projetado pelo teto.

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Isso significa que outros gastos têm que crescer abaixo do máximo de 7,2% prescritos pelo teto, de modo a compensar a evolução dos benefícios previdenciários e garantir o cumprimento da regra. Além disso, a Previdência já responde por mais de 40% dos gastos abrangidos pelo teto;  com o observado até aqui, esse percentual está crescendo ainda mais durante o ano.

E deve continuar crescendo ao longo dos próximos anos, com o envelhecimento da população. Portanto, se não houver mudanças na Previdência, os outros gastos terão que ser cada vez mais encolhidos para garantir o cumprimento do teto.

Em outras palavras, o teto dos gastos não funcionará caso não seja feita uma reforma radical na Previdência, de modo a limitar o crescimento dessa despesa.

Ressalte-se, ainda, que 2017 é um ano mais frouxo no que se refere à restrição sobre os gastos. Isso ocorre porque a inflação está caindo. Entre 2016 e 2017 os gastos poderão crescer 7,2%, mas a inflação de 2017 deve fechar abaixo 4%. O resultado é que o poder de compra dos gastos poderá aumentar, ou seja, a quantidade de coisas que o governo pode comprar com seu orçamento crescerá nesse ano, em comparação ao anterior.

Para entender isso, pense que você teve um aumento de salário de 10%, mas a inflação foi de 5%, ou seja, o custo de vida subiu menos do que seu salário. Isso significa que a quantidade de coisas que você consegue comprar aumentou. Cresceu, assim, o poder de compra do seu salário, isto é, o salário real.

É a mesma coisa no caso do governo. Gastos aumentarão mais do que a inflação em 2017, permitindo uma expansão real nos gastos totais.

Esse cenário não deve se repetir nos próximos anos, com a inflação se estabilizando. Ou seja, o gasto deve crescer mais ou menos no mesmo ritmo que a inflação, significando que o poder de compra dos gastos do governo deverá permanecer relativamente constante.

Será uma situação bem mais apertada. E, assim, o crescimento contínuo dos gastos da Previdência deverá pressionar ainda mais os outros gastos. Dessa forma, ou reforma-se a Previdência, ou o teto dos gastos se tornará uma ilusão. E a solvência de nossa dívida pública, que já anda bem capenga, irá para o vinagre também.

 

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Como está o teto dos gastos hoje?

45706676 - headshot nervous stressed young woman with glasses girl biting fingernails looking anxiously craving something isolated on gray wall background. human emotion face expression feeling As finanças públicas brasileiras estão em situação complicada. Já há alguns anos os gastos crescem mais do que a arrecadação, impulsionando a dívida pública. O quadro não parece muito sustentável. Na tentativa de estabilizar a dívida, o governo aprovou em 2016 uma emenda constitucional instituindo o teto dos gastos públicos. Basicamente, a emenda estabelece que os gastos federais de determinado ano não podem crescer mais do que a inflação do ano anterior. Algumas despesas estão fora do teto, como transferências constitucionais a estados e municípios, gastos com eleições, Fundeb etc. Há ainda pisos para as despesas em saúde e educação. A regra durará por 10 anos, podendo ser estendida depois disso. Este ano é o primeiro do teto. Uma questão relevante é: como está indo esse processo? O portal da Secretaria do Tesouro Nacional tem uma página que permite acompanhar a evolução das despesas. O teto para 2017 é de cerca de 1,3 trilhões de reais, 7,2% mais alto do que o de 2016. A imagem abaixo foi retirada da página do Tesouro, e fornece uma visão geral do teto dos gastos. f11 Até o mês de junho, as despesas haviam aumentado 7% em relação ao mesmo período do ano passado (veja imagem a seguir). Ou seja, o crescimento até o momento está em linha com a evolução total do teto. Se continuar nessa toada até o fim do ano, o teto será cumprido. f2 Mas há sinais de preocupação, principalmente para os próximos anos. Os gastos com Previdência crescem aceleradamente. No acumulado de janeiro a junho de 2017, os benefícios previdenciários já avançaram em 11,8% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a página do Tesouro (imagem abaixo). Bem acima do crescimento total dos gastos observado e do projetado pelo teto. f3 Isso significa que outros gastos têm que crescer abaixo do máximo de 7,2% prescritos pelo teto, de modo a compensar a evolução dos benefícios previdenciários e garantir o cumprimento da regra. Além disso, a Previdência já responde por mais de 40% dos gastos abrangidos pelo teto;  com o observado até aqui, esse percentual está crescendo ainda mais durante o ano. E deve continuar crescendo ao longo dos próximos anos, com o envelhecimento da população. Portanto, se não houver mudanças na Previdência, os outros gastos terão que ser cada vez mais encolhidos para garantir o cumprimento do teto. Em outras palavras, o teto dos gastos não funcionará caso não seja feita uma reforma radical na Previdência, de modo a limitar o crescimento dessa despesa. Ressalte-se, ainda, que 2017 é um ano mais frouxo no que se refere à restrição sobre os gastos. Isso ocorre porque a inflação está caindo. Entre 2016 e 2017 os gastos poderão crescer 7,2%, mas a inflação de 2017 deve fechar abaixo 4%. O resultado é que o poder de compra dos gastos poderá aumentar, ou seja, a quantidade de coisas que o governo pode comprar com seu orçamento crescerá nesse ano, em comparação ao anterior. Para entender isso, pense que você teve um aumento de salário de 10%, mas a inflação foi de 5%, ou seja, o custo de vida subiu menos do que seu salário. Isso significa que a quantidade de coisas que você consegue comprar aumentou. Cresceu, assim, o poder de compra do seu salário, isto é, o salário real. É a mesma coisa no caso do governo. Gastos aumentarão mais do que a inflação em 2017, permitindo uma expansão real nos gastos totais. Esse cenário não deve se repetir nos próximos anos, com a inflação se estabilizando. Ou seja, o gasto deve crescer mais ou menos no mesmo ritmo que a inflação, significando que o poder de compra dos gastos do governo deverá permanecer relativamente constante. Será uma situação bem mais apertada. E, assim, o crescimento contínuo dos gastos da Previdência deverá pressionar ainda mais os outros gastos. Dessa forma, ou reforma-se a Previdência, ou o teto dos gastos se tornará uma ilusão. E a solvência de nossa dívida pública, que já anda bem capenga, irá para o vinagre também.   Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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