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														A lista de erros cometidos por investidores novatos na Bolsa
é grande.
Em geral, os maiores culpados são os vieses comportamentais: soluções intuitivas que funcionam para problemas práticos, mas não para decisões financeiras. São verdadeiras pegadinhas de mau gosto. Alertamos, semanas atrás, para sete dessas pegadinhas.

Hoje vamos falar da pegadinha do momento: a falácia dos dividendos como fonte de renda estável. Ela costuma atacar quando os juros estão baixos, e tem sido propagada em muitos sites especializados por analistas desavisados.

A falácia consiste em tratar os dividendos como uma fonte de renda extra completamente desconectada da variação do preço da ação. Na cabeça do investidor desavisado, o dividend yield, isto é, a porcentagem resultante da razão entre o dividendo pago por ação e o preço da ação, é visto como uma taxa de juros que ele colocará no bolso.

Não é bem assim. Quando a empresa paga dividendos, o valor da ação cai na mesma proporção. É verdade que os dividendos entram em um bolso, mas do outro sai o dinheiro que você perdeu com a queda do preço da ação!

Se fosse só um problema de em que bolso o dinheiro está... Mas não é. Como muitos investidores acabam pensando da mesma forma, a demanda por esses ativos aumenta, o que faz com que eles acabem pagando caro por essas ações. Assim, esses investidores perdem dinheiro.

É possível montar um fluxo estável de recebimentos que não envolva dividendos. Basta vender uma fração das suas ações (e tomar cuidado com a corretagem!). E não se preocupe: as suas ações não vão acabar. Com o tempo, as empresas que valorizam costumam te “dar” novas ações por meio de desdobramentos.

Não só os novatos caem nessa pegadinha, mas investidores experientes também. Isso é o que mostram Samuel Hartzmark e David Solomon em uma recente publicação no prestigioso The Journal of Finance (https://onlinelibrary.wiley.com/toc/15406261/2019/74/5). No artigo, premiado como o melhor do ano por esse periódico, os autores cogitam uma origem para essa pegadinha: é intuitivo pensar em rendimentos como sendo os frutos que colhemos de uma árvore, mas não é bem assim no caso dos dividendos. Junto com os frutos, vem um pedaço da árvore também.

Felizmente essa pegadinha tem solução. Sempre que o investidor quiser avaliar a rentabilidade de um investimento em Bolsa, ele deve somar os dividendos recebidos com os ganhos – ou perdas – com a valorização do preço da ação.



COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE SÃO PAULO

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Dividendos como fonte de renda estável

A lista de erros cometidos por investidores novatos na Bolsa é grande.
Em geral, os maiores culpados são os vieses comportamentais: soluções intuitivas que funcionam para problemas práticos, mas não para decisões financeiras. São verdadeiras pegadinhas de mau gosto. Alertamos, semanas atrás, para sete dessas pegadinhas.

Hoje vamos falar da pegadinha do momento: a falácia dos dividendos como fonte de renda estável. Ela costuma atacar quando os juros estão baixos, e tem sido propagada em muitos sites especializados por analistas desavisados.

A falácia consiste em tratar os dividendos como uma fonte de renda extra completamente desconectada da variação do preço da ação. Na cabeça do investidor desavisado, o dividend yield, isto é, a porcentagem resultante da razão entre o dividendo pago por ação e o preço da ação, é visto como uma taxa de juros que ele colocará no bolso.

Não é bem assim. Quando a empresa paga dividendos, o valor da ação cai na mesma proporção. É verdade que os dividendos entram em um bolso, mas do outro sai o dinheiro que você perdeu com a queda do preço da ação!

Se fosse só um problema de em que bolso o dinheiro está... Mas não é. Como muitos investidores acabam pensando da mesma forma, a demanda por esses ativos aumenta, o que faz com que eles acabem pagando caro por essas ações. Assim, esses investidores perdem dinheiro.

É possível montar um fluxo estável de recebimentos que não envolva dividendos. Basta vender uma fração das suas ações (e tomar cuidado com a corretagem!). E não se preocupe: as suas ações não vão acabar. Com o tempo, as empresas que valorizam costumam te “dar” novas ações por meio de desdobramentos.

Não só os novatos caem nessa pegadinha, mas investidores experientes também. Isso é o que mostram Samuel Hartzmark e David Solomon em uma recente publicação no prestigioso The Journal of Finance (https://onlinelibrary.wiley.com/toc/15406261/2019/74/5). No artigo, premiado como o melhor do ano por esse periódico, os autores cogitam uma origem para essa pegadinha: é intuitivo pensar em rendimentos como sendo os frutos que colhemos de uma árvore, mas não é bem assim no caso dos dividendos. Junto com os frutos, vem um pedaço da árvore também.

Felizmente essa pegadinha tem solução. Sempre que o investidor quiser avaliar a rentabilidade de um investimento em Bolsa, ele deve somar os dividendos recebidos com os ganhos – ou perdas – com a valorização do preço da ação.

COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE SÃO PAULO

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