Uma plataforma que vai te ajudar a entender um pouco mais de economia.

o que é deflação
Ninguém gosta de inflação alta – ou não deveria. Enquanto ela sobe, os produtos que você consome ficam mais caros. Aquele seu dinheirinho parado no banco perde poder de compra dia após dia. Bem, se inflação é ruim... Então a deflação, que é quando a variação média dos preços cai, deve ser uma boa, certo? Ora, se os preços da economia caem como um todo, então o dinheiro parado lá no banco está ganhando poder de compra!

Bom, mas não é tão simples assim esse negócio de deflação.

Antes de tudo, você sabe o que é o IPCA?

Vale lembrar que o chamado índice de inflação oficial, o IPCA, é uma média de uma cesta de produtos e serviços definida pelo IBGE; e que cada item tem um peso, dependendo da importância no orçamento das famílias brasileiras.

Ou seja, digamos que a inflação em 12 meses esteja na marca de 3%. Significa que tudo ficou 3% mais caro? Não. Uns itens ficaram isoladamente mais caros do que outros e alguns até ficaram mais baratos e, na média ponderada, tudo ficou 3% mais caro na economia. Assim, para que tenha uma deflação, quedas nos preços dos produtos devem ser significativas a ponto de puxar o IPCA para baixo. E quando o IPCA fica negativa, temos uma deflação.

Deflação mensal é relevante?

Deve-se levar em conta também outro ponto: o IPCA é divulgado mês a mês, e há muita variação entre os períodos. Então, mesmo que o índice em junho tenha sido negativo, não quer dizer que a inflação do ano de 2017 será negativa.

Em geral, quando se discute os efeitos da deflação, economistas consideram um longo período de permanência dos preços médios caindo. O Japão, por exemplo. Foram cinco anos seguidos de queda média no nível de preços, entre 1999 a 2003.

A deflação registrada somente de um mês ao outro, como no caso do Brasil, não é relevante o bastante para causar grandes efeitos, negativos ou positivos, na economia.

Qual a causa da deflação?

Num modelo normal de oferta e demanda para determinado mercado, os preços podem cair tanto por diminuição na demanda, quanto por ampliação na oferta. Os modelos de demanda e oferta agregadas, focados na macroeconomia, são semelhantes aos utilizados para mercados individuais. Portanto, o aumento do nível dos preços da economia também pode acontecer tanto por uma queda na demanda agregada, quanto por uma expansão na oferta.

Esse aumento na oferta – em outras palavras, na produção da economia – pode acontecer, por exemplo, por progressos tecnológicos que levem a aumentos da produtividade e queda nos custos dos produtos. Com a queda nos custos, segue-se uma queda nos preços. Isso parece ruim? A produção e a produtividade estão crescendo, os salários reais acompanham essa tendência e a demanda real também. Nesse caso, os efeitos da deflação não são prejudiciais. Ou, pelo menos, não o bastante para que a deflação seja considerada um problema.

Esses episódios foram frequentes no século 19, por exemplo, embora seja possível achar um ou outro exemplo de deflação pelo lado da oferta no século 20.

A “outra” deflação, mais danosa, é causada por uma queda brusca na demanda agregada.  Nesse caso, temos alguns eventos anteriores que jogam a economia no buraco, como uma condução ruim da política econômica. A causa, portanto, não está associada a fatores positivos como progresso tecnológico e aumento de produtividade, mas a fatores negativos.

Quando a economia já vai mal, os efeitos da deflação via queda na demanda agregada podem piorar ainda mais as coisas.

Quais são os efeitos esperados de uma deflação?

Beleza. Mas se todos os preços caem, há um aumento do poder de compra, e isso deve ser positivo. Certo? Bem, há algumas razões para temer uma deflação. Claro, um mês no ano apresentar deflação não é problema – mas se o cenário persiste, há complicações.

Pense na taxa de juros real da economia (a taxa nominal descontada pela inflação), que é uma variável importantíssima na decisão de consumo das famílias, de produção das empresas e de empréstimos dos bancos.

A inflação negativa estimula uma alta na taxa de juros real, e a uma taxa de juros real maior, poupar dinheiro vale mais a pena; logo, consumir hoje vale menos a pena que amanhã. É a história de que a deflação causa uma queda no consumo porque os indivíduos esperam pra consumir por um preço menor no futuro. Isso pode acabar causando uma armadilha da deflação e uma espiral decrescente, na qual a menor demanda diminui ainda mais o nível de preços, causando deflações progressivamente maiores.

Podemos listar mais problemas vindo da deflação. Uma inflação negativa aumenta o custo real das dívidas hoje, por exemplo. Confuso? É que há certos empréstimos na economia que têm taxas pré-definidas, o que significa que a quantia de juros que vai ser paga não muda. Imagine que você então tem um empréstimo pré-fixado para pagar daqui a um ano e há um aumento da inflação. Daqui a um ano, o dinheiro vai valer menos (a inflação vai corroer parte desse valor). Então o custo da sua dívida daqui a um ano caiu em termos reais, enquanto a taxa de juros aplicada não mudou – você ganhou dinheiro, ou pelo menos está devendo menos.

Agora pense no cenário reverso: uma deflação aumenta o custo da dívida daqui a um ano. As empresas e famílias precisam gastar mais dinheiro de suas operações para pagar juros, o que acaba reduzindo a liquidez e, portanto, o consumo e o investimento.

Além disso, os salários nominais são rígidos no curto prazo (e, por lei, não podem cair). A maioria dos trabalhadores define um salário com seus patrões e esse salário fica fixo por um determinado tempo – reajustes/aumentos ocorrem apenas depois de um tempo. O salário real é igual ao salário nominal dividido pelo nível de preços da economia. Se a inflação aumenta, o salário real cai. Isso não é difícil de imaginar, né? Se você começa o ano ganhando R$ 1.000 e no final do ano a inflação acumulada foi de 10%, então seus R$ 1.000 de salário compram menos no final ano do que eles compravam no começo – seu salário real caiu.

Opa, mas então a deflação é positiva! Ela aumenta meu salário real!

Os problemas aí são dois:

1) Episódios de deflação estão associados a quedas bruscas na produção econômica (alô, Brasil?);

2) Empresas contratam de acordo com o salário real. Se o salário real fica mais caro, vale menos a pena contratar. E com uma taxa de desemprego de 14%, isso é sim problemático.

Quer dizer que salários reais menores são sempre melhores? Não. Mas apenas que a deflação, aumentando o salário real, vai reduzir o incentivo das empresas a contratar.

É por essas razões que há algum consenso entre os economistas sobre ser mais saudável para a economia a ocorrência de inflação, e não de deflação. Mas a taxas pequenas e, ainda mais importante que isso, estáveis.

O que é deflação e quais as consequências?

o que é deflação Ninguém gosta de inflação alta – ou não deveria. Enquanto ela sobe, os produtos que você consome ficam mais caros. Aquele seu dinheirinho parado no banco perde poder de compra dia após dia. Bem, se inflação é ruim... Então a deflação, que é quando a variação média dos preços cai, deve ser uma boa, certo? Ora, se os preços da economia caem como um todo, então o dinheiro parado lá no banco está ganhando poder de compra! Bom, mas não é tão simples assim esse negócio de deflação. Antes de tudo, você sabe o que é o IPCA? Vale lembrar que o chamado índice de inflação oficial, o IPCA, é uma média de uma cesta de produtos e serviços definida pelo IBGE; e que cada item tem um peso, dependendo da importância no orçamento das famílias brasileiras. Ou seja, digamos que a inflação em 12 meses esteja na marca de 3%. Significa que tudo ficou 3% mais caro? Não. Uns itens ficaram isoladamente mais caros do que outros e alguns até ficaram mais baratos e, na média ponderada, tudo ficou 3% mais caro na economia. Assim, para que tenha uma deflação, quedas nos preços dos produtos devem ser significativas a ponto de puxar o IPCA para baixo. E quando o IPCA fica negativa, temos uma deflação. Deflação mensal é relevante? Deve-se levar em conta também outro ponto: o IPCA é divulgado mês a mês, e há muita variação entre os períodos. Então, mesmo que o índice em junho tenha sido negativo, não quer dizer que a inflação do ano de 2017 será negativa. Em geral, quando se discute os efeitos da deflação, economistas consideram um longo período de permanência dos preços médios caindo. O Japão, por exemplo. Foram cinco anos seguidos de queda média no nível de preços, entre 1999 a 2003. A deflação registrada somente de um mês ao outro, como no caso do Brasil, não é relevante o bastante para causar grandes efeitos, negativos ou positivos, na economia. Qual a causa da deflação? Num modelo normal de oferta e demanda para determinado mercado, os preços podem cair tanto por diminuição na demanda, quanto por ampliação na oferta. Os modelos de demanda e oferta agregadas, focados na macroeconomia, são semelhantes aos utilizados para mercados individuais. Portanto, o aumento do nível dos preços da economia também pode acontecer tanto por uma queda na demanda agregada, quanto por uma expansão na oferta. Esse aumento na oferta – em outras palavras, na produção da economia – pode acontecer, por exemplo, por progressos tecnológicos que levem a aumentos da produtividade e queda nos custos dos produtos. Com a queda nos custos, segue-se uma queda nos preços. Isso parece ruim? A produção e a produtividade estão crescendo, os salários reais acompanham essa tendência e a demanda real também. Nesse caso, os efeitos da deflação não são prejudiciais. Ou, pelo menos, não o bastante para que a deflação seja considerada um problema. Esses episódios foram frequentes no século 19, por exemplo, embora seja possível achar um ou outro exemplo de deflação pelo lado da oferta no século 20. A “outra” deflação, mais danosa, é causada por uma queda brusca na demanda agregada.  Nesse caso, temos alguns eventos anteriores que jogam a economia no buraco, como uma condução ruim da política econômica. A causa, portanto, não está associada a fatores positivos como progresso tecnológico e aumento de produtividade, mas a fatores negativos. Quando a economia já vai mal, os efeitos da deflação via queda na demanda agregada podem piorar ainda mais as coisas. Quais são os efeitos esperados de uma deflação? Beleza. Mas se todos os preços caem, há um aumento do poder de compra, e isso deve ser positivo. Certo? Bem, há algumas razões para temer uma deflação. Claro, um mês no ano apresentar deflação não é problema – mas se o cenário persiste, há complicações. Pense na taxa de juros real da economia (a taxa nominal descontada pela inflação), que é uma variável importantíssima na decisão de consumo das famílias, de produção das empresas e de empréstimos dos bancos. A inflação negativa estimula uma alta na taxa de juros real, e a uma taxa de juros real maior, poupar dinheiro vale mais a pena; logo, consumir hoje vale menos a pena que amanhã. É a história de que a deflação causa uma queda no consumo porque os indivíduos esperam pra consumir por um preço menor no futuro. Isso pode acabar causando uma armadilha da deflação e uma espiral decrescente, na qual a menor demanda diminui ainda mais o nível de preços, causando deflações progressivamente maiores. Podemos listar mais problemas vindo da deflação. Uma inflação negativa aumenta o custo real das dívidas hoje, por exemplo. Confuso? É que há certos empréstimos na economia que têm taxas pré-definidas, o que significa que a quantia de juros que vai ser paga não muda. Imagine que você então tem um empréstimo pré-fixado para pagar daqui a um ano e há um aumento da inflação. Daqui a um ano, o dinheiro vai valer menos (a inflação vai corroer parte desse valor). Então o custo da sua dívida daqui a um ano caiu em termos reais, enquanto a taxa de juros aplicada não mudou – você ganhou dinheiro, ou pelo menos está devendo menos. Agora pense no cenário reverso: uma deflação aumenta o custo da dívida daqui a um ano. As empresas e famílias precisam gastar mais dinheiro de suas operações para pagar juros, o que acaba reduzindo a liquidez e, portanto, o consumo e o investimento. Além disso, os salários nominais são rígidos no curto prazo (e, por lei, não podem cair). A maioria dos trabalhadores define um salário com seus patrões e esse salário fica fixo por um determinado tempo – reajustes/aumentos ocorrem apenas depois de um tempo. O salário real é igual ao salário nominal dividido pelo nível de preços da economia. Se a inflação aumenta, o salário real cai. Isso não é difícil de imaginar, né? Se você começa o ano ganhando R$ 1.000 e no final do ano a inflação acumulada foi de 10%, então seus R$ 1.000 de salário compram menos no final ano do que eles compravam no começo – seu salário real caiu. Opa, mas então a deflação é positiva! Ela aumenta meu salário real! Os problemas aí são dois: 1) Episódios de deflação estão associados a quedas bruscas na produção econômica (alô, Brasil?); 2) Empresas contratam de acordo com o salário real. Se o salário real fica mais caro, vale menos a pena contratar. E com uma taxa de desemprego de 14%, isso é sim problemático. Quer dizer que salários reais menores são sempre melhores? Não. Mas apenas que a deflação, aumentando o salário real, vai reduzir o incentivo das empresas a contratar. É por essas razões que há algum consenso entre os economistas sobre ser mais saudável para a economia a ocorrência de inflação, e não de deflação. Mas a taxas pequenas e, ainda mais importante que isso, estáveis.
Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?clique aqui e assine a nossa Newsletter.

Siga a gente no Facebook e Twitter!
Inscreva-se no nosso canal no YouTube!
Curta as nossas fotos no Instagram!

O que você achou desse texto?

*Não é necessário cadastro.

Avaliação de quem leu:

Avalie esse texto Não é necessário cadastro

A plataforma Por Quê?Economês em bom português nasceu em 2015, com o objetivo de explicar conceitos básicos de economia e tornar o noticiário econômico acessível ao público não especializado. Acreditamos que o raciocínio econômico é essencial para a compreensão da realidade que nos cerca.

Iniciativa

Bei editora
Usamos cookies por vários motivos, como manter o site do PQ? confiável ​​e seguro, personalizar conteúdo e anúncios,
fornecer recursos de mídia social e analisar como o site é usado. Para maiores informações veja nossa Política de Privacidade.