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Na quarta-feira da semana passada tivemos o IPO da XP . A ação da empresa, que foi avaliada em 27 dólares no IPO, terminou o primeiro dia sendo negociada a 34,46 dólares. A valorização continuou nos dias seguintes, e a ação terminou a semana valendo 37,71 dólares, num ganho de 40% em relação ao preço do IPO.

No texto da semana passada, este colunista listou dois fatores que, em conjunto, poderiam resultar na valorização excessiva de uma ação: investidores otimistas e restrição à venda a descoberto.

O IPO da Palm, que aconteceu no dia 2 em março de 2000, talvez tenha sido o caso mais evidente de mispricing que se tenha notícia.

Tudo começou com uma empresa chamada 3Com que vendia produtos e serviços de infraestrutura para redes de computadores. Aproveitando o embalo dos anos 90, a 3Com cresceu muito e conseguiu acumular bastante dinheiro. Percebendo que o boom dos investimentos em infraestrutura estava perto do fim, a 3Com decidiu investir em um novo produto que, alguns anos e muitas versões depois, revolucionaria nossas vidas: o Palm Pilot, uma agenda eletrônica com tela de cristal líquido que possuía diversos aplicativos e que se conectava à internet — o precursor dos smartphones de hoje!

O sucesso de vendas do Palm Pilot foi tanto que os executivos decidiram criar uma nova empresa, separada da 3Com, chamada Palm (o termo em inglês para esse processo é equity carve-out). Como resultado do carve-out, os acionistas da 3Com também seriam acionistas da nova empresa; cada ação da 3Com teria direito a uma ação e meia da Palm. Além disso, por questões técnicas, a distribuição das ações seria faseada. Em um primeiro momento, apenas 5% das ações da Palm seria distribuída aos acionistas da 3Com; os 95% restantes das ações continuaria “embutido” na ação da 3Com e seria distribuído posteriormente.

A demanda pelas ações da Palm no dia do IPO foi enorme. A ação iniciou o dia valendo 38 dólares, chegou a atingir 140 dólares logo depois, recuou um pouco ao longo do pregão e terminou o dia valendo 95 dólares. No entanto, o preço da ação da 3Com, que deveria ser de  pelo menos 143 dólares, considerando que cada ação dava direito a uma ação e meia da Palm, terminou o dia a 82 dólares!

Além de gigantesco — em alguns momentos chegou a superar os 22 bilhões de dólares! — o mispricing durou vários meses. Logo após esse episódio, os acadêmicos procuraram registrar as suas causas. Em artigo publicado em 2003 no Journal of Political Economy , Owen Lamont e Richard Thaler concluíram que a única explicação possível para esse fenômeno era uma combinação entre  investidores otimistas e a  impossibilidade dos arbitradores de corrigirem o preço devido a restrições na venda a descoberto das ações da Palm.

A versão working paper (2001) do artigo pode ser baixada aqui.



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Quando o otimismo foge do controle

Na quarta-feira da semana passada tivemos o IPO da XP . A ação da empresa, que foi avaliada em 27 dólares no IPO, terminou o primeiro dia sendo negociada a 34,46 dólares. A valorização continuou nos dias seguintes, e a ação terminou a semana valendo 37,71 dólares, num ganho de 40% em relação ao preço do IPO.


No texto da semana passada, este colunista listou dois fatores que, em conjunto, poderiam resultar na valorização excessiva de uma ação: investidores otimistas e restrição à venda a descoberto.

O IPO da Palm, que aconteceu no dia 2 em março de 2000, talvez tenha sido o caso mais evidente de mispricing que se tenha notícia.

Tudo começou com uma empresa chamada 3Com que vendia produtos e serviços de infraestrutura para redes de computadores. Aproveitando o embalo dos anos 90, a 3Com cresceu muito e conseguiu acumular bastante dinheiro. Percebendo que o boom dos investimentos em infraestrutura estava perto do fim, a 3Com decidiu investir em um novo produto que, alguns anos e muitas versões depois, revolucionaria nossas vidas: o Palm Pilot, uma agenda eletrônica com tela de cristal líquido que possuía diversos aplicativos e que se conectava à internet — o precursor dos smartphones de hoje!

O sucesso de vendas do Palm Pilot foi tanto que os executivos decidiram criar uma nova empresa, separada da 3Com, chamada Palm (o termo em inglês para esse processo é equity carve-out). Como resultado do carve-out, os acionistas da 3Com também seriam acionistas da nova empresa; cada ação da 3Com teria direito a uma ação e meia da Palm. Além disso, por questões técnicas, a distribuição das ações seria faseada. Em um primeiro momento, apenas 5% das ações da Palm seria distribuída aos acionistas da 3Com; os 95% restantes das ações continuaria “embutido” na ação da 3Com e seria distribuído posteriormente.

A demanda pelas ações da Palm no dia do IPO foi enorme. A ação iniciou o dia valendo 38 dólares, chegou a atingir 140 dólares logo depois, recuou um pouco ao longo do pregão e terminou o dia valendo 95 dólares. No entanto, o preço da ação da 3Com, que deveria ser de  pelo menos 143 dólares, considerando que cada ação dava direito a uma ação e meia da Palm, terminou o dia a 82 dólares!

Além de gigantesco — em alguns momentos chegou a superar os 22 bilhões de dólares! — o mispricing durou vários meses. Logo após esse episódio, os acadêmicos procuraram registrar as suas causas. Em artigo publicado em 2003 no Journal of Political Economy , Owen Lamont e Richard Thaler concluíram que a única explicação possível para esse fenômeno era uma combinação entre  investidores otimistas e a  impossibilidade dos arbitradores de corrigirem o preço devido a restrições na venda a descoberto das ações da Palm.

A versão working paper (2001) do artigo pode ser baixada aqui.



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