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No dia 11 de novembro passam a valer as mudanças estabelecidas pela Reforma Trabalhista. Como se sabe, ela foi aprovada sob protestos de setores em defesa dos trabalhadores, como sindicatos e associações de classe. O discurso predominante pedia "nenhum direito a menos", sobretudo aos mais pobres. Esses seriam os principais atingidos pela flexibilização das leis trabalhistas – ou, como alguns preferem falar, pelo "fim da CLT".

Mas o que dizem os dados? Os fatos corroboram essa tese?

Para saber quem será afetado, a Opus Consultoria fez um exercício relativamente simples: colocou numa planilha os dados de renda dos cidadãos brasileiros, apurados pelo IBGE na última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Depois, organizou esses números em ordem crescente, do brasileiro mais pobre ao mais rico. Em seguida, dividiu esses dados entre cinco quintis, ou seja, em 5 partes iguais que representam 20% da população cada uma. Dessa forma, o primeiro quintil (Q1) representa os 20% mais pobres do brasil; e o último quintil (Q5) são os 20% mais ricos.

Dá uma olhada no gráfico abaixo, com as taxas de desemprego e informalidade de cada quintil:

reforma trabalhista 11 de novembro 

Digamos agora que a CLT tivesse sido rasgada. E que os trabalhadores com carteira assinada do Brasil, portanto, não tivessem mais nenhum amparo legal a partir de 11 de novembro. Qual a fatia da sociedade mais atingida?

"Os 20% mais pobres, é claro!"

Nada disso. Os 20% mais RICOS do Brasil. Os trabalhadores mais pobres são, proporcionalmente, justamente os menos expostos às mudanças na CLT. Por quê? Porque a informalidade prevalece na base da pirâmide social brasileira: entre os 20% mais pobres, 60% dos trabalhadores nem sequer tinham carteira assinada em 2015; logo, não muda nada para eles.

A surpresa fica completa quando olhamos para o topo da pirâmide, para os 20% mais ricos do Brasil: apenas 16% são informais. Ou seja, a probabilidade de ser atingido pelas alterações na CLT é maior entre os trabalhadores mais ricos, predominantemente com registro em carteira.

É aquela história: entre a narrativa e a realidade há, por muitas vezes, um abismo tremendo.


Leia também:

O que é terceirização?

A Justiça do Trabalho é sempre justa?

Qual a chance de um robô roubar o seu emprego?

Leis mais flexíveis aumentam o desemprego?

Investir em educação aumenta a renda?

Vale a pena aderir ao PDV do governo?

O fim do imposto sindical

 

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Quem será afetado pelas mudanças na CLT?

No dia 11 de novembro passam a valer as mudanças estabelecidas pela Reforma Trabalhista. Como se sabe, ela foi aprovada sob protestos de setores em defesa dos trabalhadores, como sindicatos e associações de classe. O discurso predominante pedia "nenhum direito a menos", sobretudo aos mais pobres. Esses seriam os principais atingidos pela flexibilização das leis trabalhistas – ou, como alguns preferem falar, pelo "fim da CLT". Mas o que dizem os dados? Os fatos corroboram essa tese? Para saber quem será afetado, a Opus Consultoria fez um exercício relativamente simples: colocou numa planilha os dados de renda dos cidadãos brasileiros, apurados pelo IBGE na última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Depois, organizou esses números em ordem crescente, do brasileiro mais pobre ao mais rico. Em seguida, dividiu esses dados entre cinco quintis, ou seja, em 5 partes iguais que representam 20% da população cada uma. Dessa forma, o primeiro quintil (Q1) representa os 20% mais pobres do brasil; e o último quintil (Q5) são os 20% mais ricos. Dá uma olhada no gráfico abaixo, com as taxas de desemprego e informalidade de cada quintil: reforma trabalhista 11 de novembro Digamos agora que a CLT tivesse sido rasgada. E que os trabalhadores com carteira assinada do Brasil, portanto, não tivessem mais nenhum amparo legal a partir de 11 de novembro. Qual a fatia da sociedade mais atingida? "Os 20% mais pobres, é claro!" Nada disso. Os 20% mais RICOS do Brasil. Os trabalhadores mais pobres são, proporcionalmente, justamente os menos expostos às mudanças na CLT. Por quê? Porque a informalidade prevalece na base da pirâmide social brasileira: entre os 20% mais pobres, 60% dos trabalhadores nem sequer tinham carteira assinada em 2015; logo, não muda nada para eles. A surpresa fica completa quando olhamos para o topo da pirâmide, para os 20% mais ricos do Brasil: apenas 16% são informais. Ou seja, a probabilidade de ser atingido pelas alterações na CLT é maior entre os trabalhadores mais ricos, predominantemente com registro em carteira. É aquela história: entre a narrativa e a realidade há, por muitas vezes, um abismo tremendo. Leia também: O que é terceirização? A Justiça do Trabalho é sempre justa? Qual a chance de um robô roubar o seu emprego? Leis mais flexíveis aumentam o desemprego? Investir em educação aumenta a renda? Vale a pena aderir ao PDV do governo? O fim do imposto sindical   Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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